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PANDEMIA

Brasileiros vacinados em Portugal relatam alívio e 'inveja' de colegas na terra natal

Na linha de frente do combate ao coronavírus, médicos, enfermeiros e funcionários administrativos revelam ter causado inclusive certa “inveja” nos colegas da Saúde no Brasil

Terça - 29/12/2020 às 12:21



Foto: Reprodução Brasileiros que trabalha na área da saúde em Portugal
Brasileiros que trabalha na área da saúde em Portugal

Os brasileiros que trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS) de Portugal e já receberem a vacina contra a Covid-19 contam que a sensação é um mix de alívio, esperança e reconhecimento de privilégio. Na linha de frente do combate ao coronavírus, médicos, enfermeiros e funcionários administrativos revelam ter causado inclusive certa “inveja” nos colegas da Saúde no Brasil, que ainda não sabem quando receberão suas doses.

Ao trocar o Méier por Portugal há três anos, a enfermeira carioca Luana Thomé buscava segurança e melhor educação para a família. Diz ter encontrado também saúde ao receber a primeira dose do lote de 10 mil unidades da vacina da Pfizer-BioNTech, destinado nesta fase aos profissionais da saúde. Até a próxima quinta-feira, os profissionais da saúde — entre eles 791 médicos e 245 enfermeiros brasileiros trabalhando em Portugal — deverão receber a dose inicial. A segunda dose, também gratuita, será aplicada em 21 dias.

Fiquei aliviada por ser uma das primeiras a receber o imunizante — disse Thomé - Deu uma inveja boa (nos colegas do Brasil), que gostariam do mesmo suporte. Fomos pioneiros e eles nem sabem se vão receber a vacina, (em alguns casos) o salário —completou ela.

No Brasil, até o momento, nenhuma farmacêutica pediu registro emergencial ou temporário à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Na noite desta segunda-feira, a Anvisa divulgou que concedeu a certificação de Boas Práticas de Fabricação à vacina desenvolvida pela farmacêutica Pfizer/Biontech, a mesma usada em Portugal. Esse é um dos pré-requisitos para análise do registro.

Thomé trabalha na emergência pediátrica do Hospital São João, no Porto. A unidade recebeu em março o primeiro paciente registrado como infectado em Portugal. Foi simbolicamente escolhida para a dose inaugural, aplicada no diretor de infectologia António Sarmento. Apesar dos desenhos feitos na touca da enfermeira e nas paredes da ala, a rotina tem um tom mais pesado.

É estressante, porque entra muita família. São familiares e crianças com Covid-19, mas que chegam assintomáticos e o diagnóstico é na hora. As pessoas ficam mais tensas se é descoberto um caso positivo. Aumenta o drama, mas estamos preparados —  diz a enfermeira.

Licenciada sem remuneração até 2021 de uma instituição de saúde pública no Rio, Thomé foi contratada pelo São João, assim como o marido, Benaia, que é auxiliar de radiologia. Não pensam em voltar ao Brasil:

Viemos na hora certa. Voltar? Nem pensar.

Fonte: 100 Notícias

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