De acordo com a agência de notícias AFP, a mãe de Daniel, Maria Christina Espinosa, é viúva e vive com dois filhos no minimercado onde ela trabalha desde que a casa da família, em uma favela de Mandaue, na província filipina de Cebu, foi consumida pelo fogo.
Espinosa ganha cerca de 80 pesos filipinos (R$ 5,60) por dia trabalhando como atendente na loja e é empregada doméstica na casa dos donos do estabelecimento. Ela também vende cigarros e doces nas ruas para complementar a renda.
Todas as noites, segundo ela, Daniel usava a luz da lanchonete para fazer os deveres de casa. Ele cursa o terceiro ano do ensino fundamental.
No final de junho, um destes momentos foi registrado pela estudante Joyce Torrefranca, de 20 anos, que afirmou ter sido "inspirada" pela criança.
O post original foi compartilhado por mais de sete mil perfis do Facebook, que exaltavam, em diversas línguas, a importância dos esforços do garoto. Torrefranca disse à rede de TV local ABS-CBN que "como estudante, aquilo me tocou profundamente".
As fotos também chamaram a atenção do portal de notícias filipino Rappler, que iniciou uma campanha para recolher doações ao garoto – e a outras crianças na mesma situação que ele – após encontrá-lo no mesmo local da foto dois dias depois.
Em entrevista ao site, em vídeo, Daniel disse ter um terço preso a seu único lápis, para que ele não seja roubado. Ele também mostrou o local onde dorme com a mãe e o irmão Gabriel, de sete anos, rodeados por bancos de madeira.
Símbolo
Desde então, a família tem recebido inúmeras doações, que vão desde material e uniformes escolares até luminárias de LED para que o garoto possa estudar à noite, diz Espinosa. Ele também ganhou uma bolsa de estudos que garantirá sua educação até a faculdade.
"Estamos muito felizes. Nem sei o que fazer com todas essas bênçãos. Agora, Daniel não terá que sofrer para terminar seus estudos", disse à AFP.
Espinosa afirmou ainda que o menino é, de fato, estudioso e determinado, e que insistia em ir para a escola mesmo quando não tinha dinheiro para almoçar.
De acordo com uma assistente social de Mandaue, Daniel tornou-se um símbolo de todos os garotos da cidade que não conseguem estudar porque não têm eletricidade.
No entanto, a fama também teve consequências desagradáveis. Ao site, a mãe do garoto contou que a família chegou a ser levada por uma rede de TV a um passeio pela cidade e impedida de voltar para casa quando queria, apenas para que uma concorrente não pudesse entrevistá-los.
Familiares distantes também começaram a ligar para pedir dinheiro após ver o garoto na TV, segundo Maria Christina Espinosa. "Não se trata de ganhar dinheiro com meu filho, mas de dar a ele o que precisa para alcançar seu sonho", disse ao portal Rappler.
Daniel diz que gostaria de ser médico ou policial, porque "gosta de encontrar coisas perdidas e de localizar seus amigos quando eles se escondem".
Comovida com a repercussão de seu post na vida da família, Joyce agradeceu no Facebook. "Eu não achei que uma simples foto pudesse fazer tanta diferença. Obrigada por compartilhar a foto. Com isso, conseguimos ajudar Daniel a alcançar seus sonhos."
Apesar do rápido crescimento econômico nos últimos anos – o PIB do país cresceu 6,1% em 2014, segundo o Banco Mundial – um quarto da população das Filipinas continua abaixo da linha de pobreza.
Fonte: agencias