Foto: TVclube

 Com o tema emprego, o Globo Repórter de ontem (23) relatou histórias de brasileiros que trabalham duro para terem o pão de cada dia. Entre as oito histórias na noite de ontem está a da professora de costura Darlene Nobre, que só conseguiu esta profissão seguindo os passos da mãe piauiense Francisca Nobre.


Confira a matéria:

A costureira Francisca Nobre (foto) é do tempo em que toda menina tinha que saber costurar. Ela aprendeu com a mãe, no Piauí. De prenda doméstica, a costura virou profissão. Quando se mudou para São Paulo, passou a ser costureira diarista. Cada dia na casa de uma família diferente. Hoje, com 75 anos, Dona Francisca ainda tem clientes. "Nunca senti falta de salário fixo. Porque achei melhor todo dia ter dinheiro", resume Dona Francisca.

Ela não faz mais uma roupa inteira como fazia antigamente, mas jura que serviço nunca faltou. "Até roupa de cachorro eu já fiz. Almofada para cachorro", brinca.

A professora de costura Darlene Nobre, a filha mais velha, tentou um caminho diferente. "Eu tinha pavor de costura, inclusive de tanto de ver ela até de madrugada costurando".

A filha da Dona Francisca trabalhou em banco, em loja, em uma locadora de vídeo... Agora, aos 53 anos, advinha o que ela faz? Darlene acabou seguindo os passos da mãe e agora é ela quem vai até a casa das clientes. A diferença é que ela não ganha mais por dia, ganha por aula. Ela descobriu que hoje quem sabe costurar tem novas chances no mercado de trabalho. Darlene é professora de costura.

Darlene percebeu que costurar está na moda. O anúncio das aulas de costura na internet chamou a atenção da aluna Kátia Vasconcelos. Ela largou o emprego em uma grande empresa e decidiu dar uma virada na vida. Em breve, vai ser mais uma brasileira a trabalhar por conta própria. Pelo jeito, não vai demorar muito.

Mas a vida de Darlene não tem tanto glamour. Além de dar aulas particulares de corte e costura, ela também faz e borda roupas que vende pela internet. Haja jogo de cintura para pagar o curso de modelista na faculdade particular.

"Ganho por mês em torno de R$ 1 mil. Mensalidade da faculdade é R$ 1,2 mil. Aí tem transporte e material. A conta nunca fecha. Estou sempre no vermelho", ri Darlene.

Darlene é a mais velha da turma. Talvez seja a mais corajosa. "Eu sonho em ter meu atelier. Para prestar serviço para indústrias. Mas eu também quero dar oportunidade para muita gente".

Mesmo na faculdade, Darlene não tem dúvidas: a sua melhor professora foi Dona Francisca. A mãe lhe ensinou muito sobre costura. "Ela não faz de qualquer jeito. Ela não tem essa preguiça", diz.

Lições que também servem para a vida.