Seis países abandonam plenário durante fala de Temer na ONU

Equador, Costa Rica, Bolívia, Venezuela, Cuba e Nicarágua protestaram contra "golpe" no Brasil


Assembleia Geral das Nações Unidas, na sede da entidade, em Nova York.

Assembleia Geral das Nações Unidas, na sede da entidade, em Nova York. Foto: Brasil 247

Integrantes de seis delegações - Equador, Costa Rica, Bolívia, Venezuela, Cuba e Nicarágua - se levantaram e deixaram o local onde ocorre a Assembleia Geral das Nações Unidas, na sede da entidade, em Nova York, logo que Michel Temer começou seu discurso, nesta terça-feira 20.

Os governos desses países consideraram o impeachment de Dilma Rousseff um golpe. Os presidentes de alguns países, como Venezuela, Equador e Bolívia,convocaram de volta seus embaixadores lotados em Brasília quando Temer assumiu definitivamente a presidência.

Em seu discurso, que abriu a Assembleia, como é tradicional com o presidente brasileiro, Temer disse que o impeachment foi depuração. "Não há democracia sem Estado de direito. É o que o Brasil mostra ao mundo. E o faz por processo de depuração do seu processo político", afirmou.

Leia abaixo na reportagem da Agência Brasil:

Temer diz na ONU que impeachment respeitou ordem constitucional

Pedro Peduzzi – No discurso em que abriu hoje (20) a 71ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Michel Temer reiterou o compromisso "inegociável" do Brasil com a democracia, citando, inclusive, o processo que resultou no impedimento da presidenta Dilma Rousseff, feito, segundo ele, "dentro do mais absoluto respeito à ordem constitucional".

Temer abordou também alguns conflitos internacionais, como o entre Israel e Palestina e a guerra da Síria. Segundo o presidente, em um mundo "ainda tão marcado por ódios e sectarismos, os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio mostraram que é possível o encontro entre as nações em atmosfera de paz e harmonia".

O presidente elogiou também o restabelecimento das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos e criticou o protecionismo agrícola patrocinado por diversos países.

Sobre a atual situação política brasileira, pós-afastamento de Dilma, Temer disse trazer às Nações Unidas uma mensagem de compromisso inegociável do país com a democracia. "O Brasil acaba de atravessar processo longo e complexo, regrado e conduzido pelo Congresso Nacional e pela Suprema Corte brasileira, que culminou em um impedimento. Tudo transcorreu dentro do mais absoluto respeito à ordem constitucional."

"Temos clareza sobre o caminho a seguir: o caminho da responsabilidade fiscal e da responsabilidade social", afirmou o presidente, ressaltando que a confiança já começa a se restabelecer-se e que um horizonte mais próspero começa a se delinear.

Temer aproveitou a oportunidade para convocar investidores estrangeiros a fazerem negócios com o Brasil. "Nosso projeto de desenvolvimento passa, principalmente, por parcerias em investimentos, em comércio, em ciência e tecnologia. Nossas relações com países de todos os continentes serão, aqui, decisivas."

O presidente enfatizou que o Brasil tem um Judiciário independente, um Ministério Público atuante e órgãos do Executivo e do Legislativo que cumprem seu dever. "Não prevalecem vontades isoladas, mas a força das instituições, sob o olhar atento de uma sociedade plural e de uma imprensa inteiramente livre", disse Temer, pouco antes de apontar como tarefa atual do país a retomada do crescimento econômico, a fim de restituir empregos aos trabalhadores brasileiros.

Tradição

Ter uma autoridade brasileira abrindo a série de pronunciamentos de chefes de Estado e de governo na assembleia geral é uma tradição na ONU, iniciada em 1947 pelo diplomata brasileiro Osvaldo Aranha. A exemplo de discursos feitos anteriormente por outros presidentes brasileiros, Temer reiterou a posição brasileira em defesa de uma reforma do Conselho de Segurança da entidade.

"As Nações Unidas não podem resumir-se a um posto de observação e condenação dos flagelos mundiais. Devem afirmar-se como fonte de soluções efetivas. Os semeadores de conflitos reinventaram-se. As instituições multilaterais, não. O Brasil vem alertando, há décadas, que é fundamental tornar mais representativas as estruturas de governança global, muitas delas envelhecidas e desconectadas da realidade. Há que reformar o Conselho de Segurança da ONU. Continuaremos a colaborar para a superação do impasse em torno desse tema", disse Temer.

Fonte: Brasil 247

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