Foto: Ascom Sesapi
Maternidade Evangelina Rosa
“Amamentar. Ninguém pode fazer por você. Todos podem fazer junto com você”. Esse foi o tema da palestra proferida pela nutricionista materno-infantil Maria do Carmo Pinto – a Duduca Amiga do Peito - abrindo as comemorações da Semana Mundial de Aleitamento Materno (SMAM), na Maternidade Dona Evangelina Rosa (Mder), nessa quarta-feira (2).
Duduca explicou que, além da importância nutricional do leite humano, a amamentação serve para fortalecer o vínculo entre mãe e bebê. “Todo mundo sabe que é o melhor alimento para a criança e que as mães que têm dificuldades de amamentar por mais tempo e, nesse momento, a importância do profissional de saúde para incentivar e apoiar é fundamental”, destacou Maria do Carmo.
A nutricionista reforçou ainda a situação das mães de prematuros da maternidade. “Muitas estão aqui há meses, distantes dos filhos, e às vezes não conseguem produzir a quantidade necessária de leite para o filho”, lembrou a profissional.
O diretor clínico da Evangelina Rosa, Marcos Bittencourt, disse que é preciso fortalecer o aleitamento materno, inclusive em nível nacional. “Precisamos incentivar os profissionais para promover o aleitamento e, com isso, contribuir com a redução dos índices de mortalidade infantil”, esclareceu Bittencourt.
Representando o secretário de Estado da Saúde, Florentino Neto, a coordenadora de Atenção à Saúde da Criança e Adolescente e presidente do Comitê Estadual de Aleitamento Materno, Maria Consolação Nascimento, reforçou que estão trabalhando cada vez mais para aumentar as doações de leite materno para salvar vidas de bebês prematuros e ressaltou a importância da Semana Mundial de Amamentação para a promoção da causa.
Ao falar da importância da semana, a coordenadora do Banco de Leite Humano da Mder, Vanessa Paz, disse que o banco não podia deixar de fazer diferente durante essa semana, que envolve o “Agosto Dourado”. Ela disse às mães presentes, que estão com filhos internados, que a palavra da Mder é de apoio total e incentivo. “Estamos aqui diuturnamente – sempre em campanha – e de braços abertos para vocês e seus bebês”, disse Vanessa, ao reforçar a necessidade das doações de leite. “Faço um apelo para as mães saudáveis e que estão amamentando e tenha leite suficiente para doar, que o faça porque você vai tirar o sofrimento de uma mãe que está com o filho prematuro na UTI”, esclareceu a nutricionista.
Em um relato emocionante, a mãe doadora Janaína contou sua história. Ela disse que decidiu doar leite porque tinha produção em excesso e que vivenciava as dificuldades de mães por trabalhar com bebês prematuros. “Sei da importância, do tanto que precisam do leite e muitas mães não conseguem ou os bebês não conseguem sugar”, falou Janaína. Ela contou que, desde o terceiro dia de vida do filho, conseguiu tirar e armazenar o leite para as doações. “Tive a graça de ter leite em excesso e a consciência que ajudei a salvar vidas”, contou a doadora.
Lei
Presente ao evento, a vereadora Teresinha Medeiros, autora de projetos de leis que ampliam os direitos de mães que amamentam, reforçou a importância da campanha. Um deles prevê a garantia à mãe amamentar o filho onde quer que ela esteja, seja local público ou privado. “Nada pode prejudicar o direito à amamentação”, frisou a parlamentar. “O momento mais feliz na vida de uma mulher é quando ela está amamentando. É uma satisfação de estar dando vida e criando vínculo que só a mãe que amamenta sabe”, disse a vereadora, ressaltando o trabalho desenvolvido na área pelos profissionais da Evangelina Rosa.
A médica neonatologista da Mder, Isabel Almeida, lembrou que não existe uma lei que beneficie bebês prematuros, que muitas vezes passam meses internados sem convívio direto com a mãe que, por ter parido, já está com a licença maternidade em andamento. “Estou vivenciando isso aqui hoje com uma mãe que o filho nasceu com 31 semanas e como funcionária pública e do setor privado tem direito a seis meses de licença maternidade e passou desse período um mês da UTI e mais 15 dias no Médio Risco. Quando esse bebê chegou para ela amamentar, ela já tinha mais de 50 dias de licença gozados, então, deve haver uma lei que garanta o tempo de licença maternidade a partir do dia da alta hospitalar”, explicou Isabel.
Ainda como parte da programação e para fortalecer o “Agosto Dourado”, serão realizadas palestras e cursos, dentre eles, o de Manejo Clínico da Lactação, entre os dias 07 e 09 deste mês. O curso será obrigatório e faz parte do hall de cursos da iniciativa do Hospital Amigo da Criança. “Mais do que isso, é oferecer informação a mais para profissionais desta casa”, disse a coordenadora do Banco de Leite.
Semana Mundial da Amamentação
O Dia Mundial da Amamentação faz parte de uma história mundial focada na sobrevivência, proteção e desenvolvimento da criança. Foi criada em 1948 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que tem, entre suas ações, aquelas voltadas à saúde da criança, devido a grande preocupação com a mortalidade infantil.
Em 1990, de um encontro organizado pela OMS e Unicef resultou um documento adotado por organizações governamentais e não governamentais, assim como, por defensores da amamentação de vários países, entre eles o Brasil.
O documento chamado “Declaração de Innocenti” apresentou quatro objetivos operacionais:
• Estabelecer um comitê nacional de coordenação da amamentação;
• Implementar os "10 passos para o sucesso da amamentação" em todas as maternidades;
• Implementar o Código Internacional de Comercialização dos Substitutos do Leite Materno e todas as resoluções relevantes da Assembleia Mundial de Saúde;
• Adotar legislação que proteja a mulher que amamenta no trabalho.
Com o objetivo de seguir os compromissos assumidos pelos países com a assinatura do documento, foi fundada em 1991 a Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação – Waba. Essa Organização criou no ano de 1992 a Semana Mundial de Aleitamento Materno, para promover as metas da “Declaração de Innocenti”.
A semana mundial é considerada como veículo para promoção da amamentação. Ocorre em 120 países e, oficialmente, é celebrada de 1 a 7 de agosto. A Waba define, a cada ano, o tema a ser trabalhado na semana, lançando materiais que são traduzidos em 14 idiomas.
Entretanto, a data e o tema podem ser adaptados em cada país a fim de que seja obtido mais e melhores resultados do evento. No Brasil, o Ministério da Saúde coordena a Semana Mundial de Aleitamento Materno desde 1999, sendo responsável pela adaptação do tema para o nosso país e elaboração e distribuição de cartaz e folder. Tem o apoio de Organismos Internacionais, Secretarias da Saúde Estaduais e Municipais, Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, Hospitais Amigos da Criança, Sociedades de Classe e ONGs.
Fonte: CCOM
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