Em janeiro de 2017, a cesta de alimentos básicos em Teresina aumentou 0,57% em comparação com dezembro do ano anterior e custou R$381,12, sendo a 16ª mais cara entre as 27 cidades pesquisadas. Em 12 meses, a variação anual foi de 1,62%, segundo dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizadas mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).
Entre dezembro de 2016 e janeiro de 2017, houve aumento no valor médio da banana (9,75%), óleo de soja (7,65%), manteiga (4,35%), farinha de mandioca (3,01%), café em pó (2,36%), arroz branco agulhinha (0,33%) e pão francês (0,11%). Os demais produtos apresentaram retrações: feijão carioquinha (-6,36%), leite integral (-1,73%), açúcar (-1,27%), tomate (-1,14%) e carne bovina de primeira (-0,87%).
Na comparação em 12 meses, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017, dos 12 produtos pesquisados somente, o valor médio do tomate recuou (-40,75%). Os demais tiveram alta acumulada de preço: manteiga (46,54%), farinha de mandioca (36,28%), café em pó (33,63%), leite integral (23,37%), açúcar cristal (19,08%), arroz agulhinha (16,86%), óleo de soja (16,27%) feijão carioquinha (15,46%), banana (7,95%), pão francês (2,59%) e carne bovina de primeira (1,42%).
Em relação ao tempo de trabalho para adquirir os produtos da cesta, observou-se que o trabalhador teresinense cumpriu jornada de 89 horas e 29 minutos em janeiro de 2017, menor que o tempo necessário calculado em dezembro de 2016, 94 horas e 44 minutos, devido ao reajuste do salário mínimo, que passou de R$ 880,00 para R$ 937,00, no início de janeiro. Em janeiro de 2016 a jornada necessária foi maior que em janeiro de 2017, sendo 93 horas e 46 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após os descontos previdenciários, verifica-se que o trabalhador teresinense, remunerado pelo piso nacional, comprometeu, em janeiro de 2017, 44,21%, dos vencimentos com a cesta, que em dezembro de 2016, o percentual exigido era de 46,81%. Já em janeiro de 2016, 46,33% do salário eram destinados para a aquisição da cesta.
TABELA 1
Variação mensal
Teresina – Janeiro/2017
Produtos
|
Quantidades
|
Gasto
|
Variação mensal (%)
|
Tempo de trabalho
|
Janeiro 2017
|
Dezembro 2016
|
Janeiro 2017
|
Dezembro 2016
|
Carne
|
4,5 kg
|
102,65
|
103,55
|
-0,87
|
24h06m
|
25h53m
|
Leite
|
6 l
|
27,24
|
27,72
|
-1,73
|
6h24m
|
6h56m
|
Feijão
|
4,5 kg
|
29,88
|
31,91
|
-6,36
|
7h01m
|
7h59m
|
Arroz
|
3,6 kg
|
11,99
|
11,95
|
0,33
|
2h49m
|
2h59m
|
Farinha
|
3 kg
|
18,48
|
17,94
|
3,01
|
4h20m
|
4h29m
|
Tomate
|
12 kg
|
41,52
|
42,00
|
-1,14
|
9h45m
|
10h30m
|
Pão
|
6 kg
|
57,12
|
57,06
|
0,11
|
13h25m
|
14h16m
|
Café
|
300 g
|
6,08
|
5,94
|
2,36
|
1h26m
|
1h29m
|
Banana
|
7,5 dz
|
43,88
|
39,98
|
9,75
|
10h18m
|
10h00m
|
Açúcar
|
3 kg
|
9,36
|
9,48
|
-1,27
|
2h12m
|
2h22m
|
Óleo
|
900 ml
|
4,36
|
4,05
|
7,65
|
1h01m
|
1h01m
|
Manteiga
|
750 g
|
28,56
|
27,37
|
4,35
|
6h43m
|
6h50m
|
Total
|
|
381,12
|
378,95
|
0,57
|
89h29m
|
94h44m
|
Fonte: DIEESE. PNCB
Cesta básica Nacional x salário mínimo
Em janeiro de 2017, com o reajuste de 6,48% no salário mínimo, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 91 horas e 48 minutos. Em dezembro de 2016, a jornada necessária foi calculada em 98 horas e 58 minutos. Em janeiro de 2016, o tempo era de 97 horas e 02 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em janeiro, 45,36% para adquirir os mesmos produtos que, em dezembro de 2016, ainda com o valor antigo do salário mínimo, demandavam 48,89% e em janeiro do mesmo ano, 47,94%.
Salário Mínimo Necessário
Com base na cesta mais cara, que, em janeiro, foi a de Porto Alegre, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em janeiro de 2017, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 3.811,29, ou 4,07 vezes o mínimo de R$ 937,00. Em 2016, o salário mínimo era de R$ 880,00 e o piso mínimo necessário correspondeu a R$ 3.795,24 (ou 4,31 vezes o mínimo então em vigor) em janeiro e a R$ 3.856,23 (ou 4,38 vezes o piso vigente) em dezembro.
Comportamento da cesta em todas as capitais[1]
Em janeiro, o custo do conjunto de alimentos essenciais diminuiu em 20 das 27 capitais do Brasil, as reduções mais expressivas ocorreram em Rio Branco (-12,82%), Cuiabá (-4,16%), Boa Vista (-3,94%), Campo Grande (-3,63%) e Curitiba (-2,97%). As elevações foram anotadas em algumas cidades do Norte e Nordeste: Fortaleza (4,64%), Aracaju (2,18%), Salvador (1,30%), João Pessoa (0,76%), Teresina (0,57%) e Manaus (0,18%). Em Brasília (0,22%) também houve aumento.
A cesta mais cara foi a de Porto Alegre (R$ 453,67), seguida de Florianópolis (R$ 441,92) e Rio de Janeiro (R$ 440,16). Os menores valores médios foram observados em Rio Branco (R$ 335,15) e Recife (R$ 346,44).
Em 12 meses, entre janeiro de 2016 e o mesmo mês de 2017, 14 cidades acumularam alta. As elevações mais expressivas foram observadas em Maceió (15,99%), Fortaleza (11,89%) e Belém (8,52%). As reduções foram anotadas em 13 cidades, com destaque para Belo Horizonte
(-6,71%), Campo Grande (-4,69%), Palmas (-4,45%) e Brasília (-4,23%).
TABELA 2
Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos
Custo e variação da cesta básica em 27 capitais
Brasil – janeiro de 2017
Capital
|
Valor da cesta
|
Variação mensal (%)
|
Porcentagem do Salário Mínimo Líquido
|
Tempo de trabalho
|
Variação anual (%)
|
Porto Alegre
|
453,67
|
-1,17
|
52,63
|
106h31m
|
4,86
|
Florianópolis
|
441,92
|
-2,62
|
51,26
|
103h46m
|
1,07
|
Rio de Janeiro
|
440,16
|
-0,81
|
51,06
|
103h21m
|
-1,76
|
São Paulo
|
435,89
|
-0,68
|
50,56
|
102h20m
|
-2,77
|
Brasília (1)
|
432,65
|
0,22
|
50,19
|
101h35m
|
-4,23
|
Vitória
|
422,38
|
-0,92
|
49,00
|
99h10m
|
-3,66
|
Fortaleza
|
412,48
|
4,64
|
47,85
|
96h51m
|
11,89
|
Cuiabá
|
408,51
|
-4,16
|
47,39
|
95h55m
|
-3,43
|
Belém
|
406,40
|
-1,05
|
47,14
|
95h25m
|
8,52
|
Curitiba
|
397,69
|
-2,97
|
46,13
|
93h22m
|
-0,19
|
Manaus
|
395,79
|
0,18
|
45,91
|
92h56m
|
-2,45
|
Campo Grande
|
393,25
|
-3,63
|
45,62
|
92h20m
|
-4,69
|
Maceió
|
391,26
|
-0,08
|
45,39
|
91h52m
|
15,99
|
Belo Horizonte
|
389,69
|
-1,26
|
45,21
|
91h30m
|
-6,71
|
Goiânia
|
385,84
|
-0,26
|
44,76
|
90h35m
|
-0,67
|
Teresina
|
381,12
|
0,57
|
44,21
|
89h29m
|
1,62
|
Boa Vista
|
380,09
|
-3,94
|
44,09
|
89h14m
|
-2,52
|
Palmas
|
377,72
|
-1,40
|
43,82
|
88h41m
|
-4,45
|
Porto Velho
|
373,43
|
-1,13
|
43,32
|
87h41m
|
2,09
|
João Pessoa
|
368,95
|
0,76
|
42,80
|
86h38m
|
5,49
|
Macapá
|
365,41
|
-1,31
|
42,39
|
85h48m
|
3,16
|
Salvador
|
359,75
|
1,30
|
41,73
|
84h28m
|
3,00
|
Aracaju
|
357,32
|
2,18
|
41,45
|
83h54m
|
1,88
|
São Luís
|
353,97
|
-0,59
|
41,06
|
83h07m
|
0,80
|
Natal
|
349,61
|
-0,67
|
40,56
|
82h05m
|
6,20
|
Recife
|
346,44
|
-0,44
|
40,19
|
81h20m
|
0,57
|
Rio Branco
|
335,15
|
-12,82
|
38,88
|
78h41m
|
-1,87
|
Fonte: DIEESE
Nota: (1) a cesta de Brasília em dezembro foi recalculada e custou R$ 431,71.
Comportamento dos preços em todas as capitais[2]
Em dezembro de 2016 e janeiro de 2017, houve predominância de alta no preço do café em pó, óleo de soja e farinha de mandioca, coletada no Norte e Nordeste. Já o feijão, leite integral e batata - pesquisada no Centro-Sul - tiveram redução média de valor na maior parte das cidades.
Em janeiro, o preço do café aumentou em 26 cidades. As variações oscilaram entre 0,33%, em Boa Vista, e 14,85%, em Rio Branco. Houve redução apenas em Belém (-3,60%). Em 12 meses, todas as cidades mostraram alta, que variaram entre 13,65%, em Cuiabá e 54,91%, em Aracaju. A expectativa é de menor oferta de grãos para 2017, devido à bienalidade negativa, característica de algumas culturas como a do café, ou seja, a cada dois anos, a produção tende a ser menor. Além disso, os estoques de café estiveram justos no início do ano e o preço internacional subiu. Com isso, o valor no varejo mostrou elevação em quase todas as cidades.
O óleo de soja teve seu preço majorado em 25 capitais em janeiro, com destaque para o aumento em Goiânia (27,46%), Rio de Janeiro (16,30%) e Curitiba (14,00%). As reduções aconteceram em Boa Vista (-1,36%) e Rio Branco (-0,23%). Em 12 meses, o valor do óleo de soja cresceu em todas as cidades, com taxas entre 1,29%, em Manaus e 22,08%, em Goiânia. Houve elevação da demanda mundial por óleo de soja e, além disso, no Brasil, parte da produção seguiu destinada para a elaboração de biocombustíveis.
Coletada no Norte e Nordeste, a farinha de mandioca apresentou alta nos preços na maior parte das cidades, entre dezembro e janeiro, com destaque para as variações de Rio Branco (36,17%), Aracaju (32,46%) e Salvador (10,37%). As reduções ocorreram em Manaus (-7,17%), Natal (-1,42%) e Belém (-0,14%). Em 12 meses, todas as capitais mostraram elevações, com taxas entre 31,12%, em Belém e 66,44%, em Recife. O preço da raiz de mandioca aumentou devido à menor oferta e maior demanda por parte das fecularias e das indústrias de farinha.
Das 27 capitais onde se realiza a pesquisa, houve queda mensal no preço do feijão em 25. O do tipo carioquinha, pesquisado nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e em São Paulo, diminuiu em todas as cidades, exceto Aracaju (4,86%) e Fortaleza (1,06%). Nas demais cidades, as taxas variaram entre -48,66%, em Rio Branco, e -6,12%, em Maceió. Já o preço do feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, diminuiu no Rio de Janeiro (-7,84%), Vitória (-5,74%), Curitiba (-3,63%), Porto Alegre (-3,31%) e Florianópolis (-2,00%). Em 12 meses, o valor do grão carioquinha aumentou em quase todas as capitais: as altas variaram entre 2,86%, em Palmas e 95,62%, em Maceió. Apenas em Porto Velho (-3,56%) e em Belo Horizonte (-3,20%) foram verificadas quedas acumuladas. Para o tipo preto, em 12 meses, houve alta em todas as localidades, com destaque para as taxas de Florianópolis (74,51%) e Porto Alegre (64,90%). Houve menor demanda pelo grão carioquinha devido aos altos valores de comercialização que, somados à baixa qualidade dos grãos ofertados, explicaram a redução do preço nesta variedade. Para o grão preto, a colheita do Sul do país e a continuidade da importação abasteceram parte da demanda e reduziram o preço comercializado.
O valor do leite diminuiu em 21 cidades entre dezembro e janeiro, com quedas que variaram entre -15,43%, em Rio Branco e -0,29%, em Vitória. As altas foram verificadas em Florianópolis (4,24%), Goiânia (3,24%), Porto Alegre (1,43%), Brasília (1,10%), Belo Horizonte (1,04%) e Fortaleza (0,70%). Em 12 meses, todas as cidades acumularam aumentos, com taxas entre 3,55%, em Vitória e 57,38%, em Aracaju. Menor precipitação no Centro-Oeste e no Sudeste e chuvas intensas no Sul limitaram o crescimento da oferta do leite, no entanto, os preços do produto no varejo seguiram em queda na maior parte das cidades.
A batata, pesquisada no Centro-Sul, diminuiu em 10 cidades e aumentou somente em Belo Horizonte (8,29%), em janeiro. As quedas mais expressivas foram registradas em Porto Alegre (-30,69%), Curitiba (-29,58%) e Cuiabá (-27,78%). Em 12 meses, todas as capitais mostraram retração de valor: entre -58,89%, em Brasília e -37,78%, em Goiânia. Apesar das chuvas, batatas de boa qualidade seguiram abastecendo o varejo e houve redução no preço.
Fonte: DIEESE. Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos
Obs.: Podem ocorrer pequenas diferenças nas variações em relação ao texto, pois os dados desta tabela derivam do cálculo resultante do preço dos produtos multiplicado pelas quantidades estabelecidas na cesta.