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DIA DA MULHER

A importância da participação feminina na política e os desafios enfrentados

Atualmente somente cinco cadeiras são ocupadas por mulheres no Alepi e seis na Câmara Municipal

Da Redação

Sexta - 08/03/2024 às 13:19



Foto: Wikimedia Commons Mulheres russas em protesto, em 8 de março de 1917
Mulheres russas em protesto, em 8 de março de 1917

No dia 8 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher, data que lembra as muitas conquistas da luta feminina ao longo do século, mas que também serve de reflexão sobre os espaços poucos ocupados por mulheres e os desafios sobre os graves problemas de gênero, machismo, estereótipos e violência que ainda persistem no mundo.  

A história da data tem sua origem ainda no século XX, quando diversos protestos de mulheres ecoaram pelos Estados Unidos e Europa. No dia 8 de março de 1917 cerca de 90 mil operárias russas percorreram as ruas em busca de reivindicações de melhores condições de trabalho e de vida, ao mesmo tempo que ocorriam manifestações contra as ações do Czar Nicolau II. 

Esse evento, que deu origem ao Dia Internacional da Mulher, ficou conhecido como "Pão e Paz". Isso porque os manifestantes também lutaram contra as dificuldades decorrentes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Entretanto, ao longo da história, outros acontecimentos recordam a luta das mulheres, que faziam longas jornadas de trabalho, recebiam salários muito baixos e, além disso, não tinham direito ao voto. 

Outro evento também foi marcante para ser um dos marcos para o estabelecimento do Dia das Mulheres, foi o incêndio que aconteceu no dia 25 de março de 1911, na Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, que vitimizou 146 pessoas, entre elas 121 mulheres e 21 homens. Sua maioria sendo judeus.

Após a segunda guerra mundial, o dia 08 se tornou aos poucos o dia da mulher, mas foi oficializado somente em 1975 quando a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o Ano Internacional das Mulheres, como uma ação voltada ao combate das desigualdades e discriminação de gênero em todo mundo. Como parte desses esforços, o dia 8 de março foi oficializado como o Dia Internacional da Mulher. 

No Brasil, a luta feminina ganhou força com o movimento das sufragistas, que reivindicavam direitos ao voto e participação política nas décadas de 1920 e 30, que somente conseguiram em 24 de fevereiro de 1932, na constituição promulgada por Getúlio Vargas. Todavia, ainda era uma conquista limitada, uma vez que as mulheres só poderiam votar com a permissão do marido, e mulheres viúvas e solteiras somente se tivessem renda própria. 

No Piauí, a participação política das mulheres demorou um pouco mais. A primeira mulher eleitora teve o voto registrado somente em 1937, no município de Castelo de Piauí , quatro anos após o primeiro alistamento nacional de eleitoras da Assembleia Constituinte, em 1993.

A prova da pouca participação feminina no Piauí é a primeira vereadora que somente foi eleita em 1955 e a primeira prefeita do Piauí em 1958 junto com outras cinco vereadoras pelo Piauí. Após 18 anos que a primeira mulher teve seu registro eleitoral no Piauí que as mulheres começaram a ter participação feminina nas casas legislativas piauienses. “É essencial que as mulheres estejam envolvidas na política local para assegurar que suas vozes e perspectivas sejam ouvidas em decisões que afetam nossa comunidade. As mulheres trazem uma variedade de experiências e habilidades únicas para contribuir no debate político, enriquecendo-o e promovendo uma governança mais inclusiva.” Diz a vereadora Elzuila Calisto (PT) sobre a importância da mulher na política.

“Ao adentrarem a arena política, as mulheres frequentemente enfrentam obstáculos como preconceito de gênero, falta de acesso a recursos financeiros e redes de apoio limitadas. A diversidade de gênero é crucial no cenário político para garantir que as necessidades e preocupações de todos os grupos da sociedade sejam consideradas.”  Acrescentou.

Ainda assim, várias décadas depois, a participação feminina ainda não cresceu no Piauí, atualmente somente seis das 30 cadeiras da Câmara Municipal são ocupadas por mulheres. O número se repete na Assembleia Lesgislativa do Piauí (Alepi), capital do Piauí, onde somente cinco mulheres estão distribuídas nas 30 cadeiras naquela Casa Legislativa. Além disso, foi apenas em 2014 que a primeira mulher foi eleita vice-governadora do Piauí, Margarete Coelho.

TSE Mulheres 

O portal TSE Mulheres foi criado em 2019 e mantido pela Comissão Gestora de Política de Gênero do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A página TSE Mulheres (https://www.justicaeleitoral.jus.br/tse-mulheres/)  reúne uma visão geral sobre a atuação das mulheres na política e nas eleições ao longo da história do Brasil. 

Por meio de diversos dados estatísticos, é possível saber, por exemplo, que, entre 2016 e 2022, o Brasil teve, em média, 52% do eleitorado constituído por mulheres, 33% de candidaturas femininas e 15% de eleitas.

Os dados podem ser explorados por Região, UF, tipo de eleição, esfera de poder e cargo. Uma rápida pesquisa permite conferir que, nas Eleições Gerais de 2022, 18% dos candidatos eleitos para o Poder Legislativo são mulheres.  

Projetos de leis em prol das mulheres 

A Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi), lançou nesta quinta (7), a plataforma interativa “Direito da Mulher Aqui é Lei”. A plataforma vai acolher sugestões em diversos formatos, inclusive áudio, que possam vir a se tornar projetos de lei. Através do uso das novas tecnologias o Poder Legislativo do Piauí quer incentivar a participação feminina na formulação de leis e projetos de políticas públicas voltados para elas. Fortalecer a voz das mulheres piauienses na criação de políticas públicas, oferecendo-lhes um espaço para contribuir ativamente no processo legislativo do estado.

A plataforma interativa está disponível para acesso pelo link https://mulheraquielei.com.br/ e na página inicial do site da Alepi. Nela, podem ser cadastradas proposições por meio de texto, áudio e vídeo como forma de facilitar a inclusão de ideias por qualquer pessoa.

Linha do tempo 

  • Em 1908, nos Estados Unidos, no último domingo de fevereiro, mulheres faziam uma manifestação que chamaram Dia da Mulher, reivindicando o direito ao voto e melhores condições de trabalho.
  • Em 1909, no dia 26 de fevereiro, em Nova York, aconteceu uma passeata por melhores condições de trabalho. Na época, a jornada era de 16h por dia.
  • Em 1910, a jornalista alemã Clara Zetkin, militante do movimento operário e de conscientização das mulheres propôs, enquanto participava do Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, a criação do dia da mulher, sem definir um dia exato.
  • Em 1911, uma empresa que empregava 600 pessoas, a maioria mulheres imigrantes, com idades de 13 a 23 anos, pega fogo em NY com chão e divisórias de madeira, grande quantidade de tecidos e instalações elétricas precárias, o fogo se espalhou rapidamente. 125 mulheres morreram.
  • Em 1917, batizado de "Pão e Paz", o protesto encabeçado por mulheres russas no Dia das Mulheres Trabalhadoras, extrapolou a questão de gênero e acabou precipitando a Revolução Russa, que eclodiu em outubro do mesmo ano, e alterou o cenário político e social a favor da parcela feminina da população.
  • Atualmente, o dia 8 de março continua sendo símbolo da luta pela garantia de direitos das mulheres.

Curiosidades sobre o dia da mulher 

No dia 5 de setembro é comemorado o "Dia Internacional da Mulher Indígena" instituído em 1983. A data é uma homenagem à mulher quéchua Bartolina Sisa, esquartejada durante a rebelião anticolonial de Túpac Katari, no Alto Peru (atual Bolívia).

No dia 25 de novembro é comemorado o "Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher" instituído em 1981, no "Primeiro Encontro Feminista da latino-americano e do Caribe", e oficialmente adotado pela ONU em 1999. A data marca o assassinato das revolucionárias dominicanas "Irmãs Mirabal".

No dia 25 de julho é comemorado o "Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra". A data, instituída em 2014, é uma homenagem à líder quilombola que viveu no Brasil no século XVIII.


Bárbara do Firmino, Ana Paula, Gracinha Mão Santa, Elisângela Moura e Simone Pereira, respectivamente 

Conheça as mulheres que fazem política no Estado Piauí

Deputadas:

Bárbara do Firmino  (PP) - Nasceu em Teresina, Piauí. Filha do ex-prefeito de Teresina Firmino Filho e da ex-deputada estadual Lucy Soares. É casada com o advogado Breno Macedo.Médica com atuação em vários municípios do Estado, têm se dedicado a levar acolhimento e saúde a quem mais precisa. Presidente Estadual dos Jovens Progressistas do Piauí, acredita no potencial dos jovens e que a educação é fundamental para construir a sociedade que queremos.

Ana Paula Mendes de Araújo (MDB) - Filiada ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), iniciou sua jornada política em 1996 elegendo-se como a primeira prefeita do município de Sebastião Leal, sendo reeleita em 2000. Deputada Estadual pelo Piauí nas legislaturas 2007/2010 e 2011/2014. Foi a primeira mulher a exercer o cargo de Secretária de Estado da Justiça – SEJUS/PI no estado (2014); foi Secretária de Estado da Assistência Social e Cidadania – SASC/PI durante o terceiro e quarto mandato do Governador Wellington Dias; Superintendente das Ações Administrativas Descentralizadas de Teresina – SAAD/Norte (2021). Exercerá seu terceiro mandato como Deputada Estadual, tendo obtido expressiva votação no pleito, 50.580 votos.

Maria das Graças de Moraes Souza Nunes (PP) - Em Teresina, atuou como consultora e engenheira civil em várias obras. Gracinha Mão Santa foi secretária de infraestrutura da cidade de Parnaíba por cinco anos. Desde a sua gestão, a cidade de Parnaíba evoluiu. É também referência em trabalhos dedicados à educação. Viabilizou a instalação da primeira faculdade privada de Parnaíba, na intenção de ajudar a cidade a se tornar polo de educação e conseguiu. Foi eleita com quase 40 mil votos.

Elisângela Maria dos Santos Moura (PCdoB)-  É agricultora Familiar e sindicalista. Em 2018 concorreu ao pleito de Deputada Estadual do Piauí, ficando na 6° suplência obtendo 20.997 votos. E no dia 17 de junho foi empossada como a primeira agricultora familiar como deputada estadual no Parlamento Piauiense. Um grande marco histórico do Estado do Piauí.

Simone Pereira de Farias Araujo (MDB) - Foi candidata a vereadora de Teresina duas vezes. Em 2004 e 2008. E foi candidata à prefeita de Teresina, em 2020, pelo PSD. Em 2022, candidatou-se a deputada estadual pelo MDB e obteve 27.102 votos. Foi votada em 185 municípios e ficou na primeira suplência do MDB. Assumindo uma cadeira na Assembleia Legislativa do Piauí após o governador convidar dois deputados do MDB para assumir secretarias.


Elzuila Alves, Fernanda Gomes, Graça Amorim, Pollyanna Rocha, Teresinha Medeiros e Thanandra Sarapatinhas, respectivamente

Vereadoras:

Elzuila Alves Calisto (PT) - 39 anos, mãe de João Pedro e Davi, é formada em Geografia pela Universidade Estadual do Piauí (Uespi), com especialização em Educação, Trânsito e Meio Ambiente.

Fernanda Gabrielly Costa Gomes (SOLIDARIEDADE)- Fernanda Gomes é filiada ao Partido Solidariedade, em Teresina, e foi eleita com 6.078 votos na capital, se tornando a mulher mais bem votada do Estado e a mais jovem para essa legislatura. É Advogada, bacharel em direito pelo Centro Universitário UniFacid Wyden e empresária. 

Maria das Graças da Silva Amorim (PP) - Graça Amorim foi diretora administrativa e financeira da Secretaria de Administração do Piauí; assessora do Departamento Jurídico da Secretaria de Administração do Piauí; secretária geral da Junta Comercial do Piauí (JUCEPI); conselheira e diretora financeira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), secção Piauí; presidente da Central de Abastecimento do Piauí (Ceasa); secretária municipal do Trabalho, Cidadania e de Assistência Social de Teresina, no período de janeiro de 2009 a março de 2012; advogada concursada do Banco do Estado do Piauí (BEP), onde exerceu a função gratificada de Chefe do Departamento Jurídico.

Pollyanna Keccy Vieira da Rocha (PV) - Pollyanna Rocha foi eleita pelo Partido Verde (PV), o qual está filiada desde 2009. Hoje a  vereadora ocupa a vice-presidência municipal do partido. Dentre os serviços prestados ao município, destaque para os cargos de diretora administrativa da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, secretária-executiva da Secretaria Municipal de Governo e fisioterapeuta do Núcleo de Fisioterapia da Fundação Municipal de Saúde.

Teresinha De Sousa Medeiros Santos (UB) - Ligada aos movimentos iniciou uma caminhada de trabalho social em comunidades carentes da zona urbana e rural de Teresina. Sem militância em qualquer partido, envolveu-se com causas sociais por puro altruísmo. Decidiu, portanto, se candidatar a vereadora de Teresina. Em 2020 foi reeleita vereadora com 4.551, conquistando seu segundo mandato pelo mesmo partido PSL.

Thanandra Stéfani Borges Lima (Patriota) - Thanandra Sarapatinhas é uma jovem de 25 anos que nasceu e cresceu em Teresina e desde criança pega animais nas ruas para cuidar. O amor pelos animais virou missão e permitiu a eleição para vereadora de Teresina. Em 2020 ela foi eleita com 3 mil 156 votos.

No Dia das Mulheres, celebramos a beleza, a coragem e a resiliência de cada mulher, que por séculos tece com delicadeza e firmeza os fios da sua própria história, decidindo suas narrativas e ocupando seu espaço direito. 

Enquanto celebramos as conquistas alcançadas, também reconhecemos a necessidade contínua de lutar pela igualdade de gênero e pela representação justa em todas as esferas do poder político. Que cada passo adiante seja um lembrete de nosso compromisso coletivo com a inclusão e a diversidade, e que as vozes das mulheres continuem a ressoar e a moldar o futuro das nossas sociedades.

Fonte: Aventuras na História

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