Educação

Ensino piauiense é modelo de sucesso de gestão escolar

O exemplo da rede municipal de Cocal dos Alves e da Escola Estadual Professor Raldir Cavalcante Bastos traduzem com que os respectivos processos de ensino

Sexta - 27/10/2017 às 11:10



Apesar da escassez de recursos, as escolas públicas piauienses conseguem resultados expressivos e se consagram como modelos de sucesso de gestão escolar. O exemplo da rede municipal de Cocal dos Alves e da Escola Estadual Professor Raldir Cavalcante Bastos traduzem com que os respectivos processos de ensino e aprendizagem foram conduzidos ao longo dos últimos anos.

O município de Cocal dos Alves (5,6 mil habitantes e uma economia predominantemente rural), localizado a 280 km de Teresina, representa um caso emblemático para a educação pública brasileira. Desde 2013, ano em que a gestão municipal inseriu os anos iniciais do Ensino Fundamental no seu quadro de prioridades, os resultados auferidos comprovam a eficácia das ações empreendidas em sala de aula. O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, principal indicador de qualidade da educação brasileira) em 2011, que era 4,3, saltou para 6,3 em 2015. Esse avanço significativo exigiu, por parte da Secretaria Municipal de Educação, uma vontade política que se estendeu por dois anos e meio, fomentando um trabalho de formação continuada em serviço dos professores e gestores.

Durante esse período, o Instituto Qualidade no Ensino (IQE) ofereceu apoio necessário para coordenação e implantação de um processo de melhoria contínua das práticas em sala de aula. “Hoje, o município de Cocal dos Alves está aparelhado para continuar esse trabalho. Seus professores-multiplicadores (formadores), servidores da própria Secretaria e capacitados pelo IQE durante a vigência da parceria, podem replicar um modus operandi que alçou a educação cocalalvense às manchetes nacionais como sinônimo de planejamento e eficiência. Contudo, a vontade política genuína, independente da coloração partidária, necessita estar presente para propiciar a continuidade das ações. Isso deveria se constituir em regra nas redes públicas de ensino e ser acompanhado amiúde pela comunidade, possibilitando a devida perenidade de programas educacionais exitosos”, declara José Almendra, Relações Institucionais do IQE.

Os méritos obtidos pela gestão cocalalvense ganhou destaque nacional e a cidade tem recebido caravanas e caravanas de estudantes e estudiosos da educação. “Eles visitam para saber o que acontece aqui. Eu digo: ‘não precisa não’. Basta que cada um faça o seu papel e faça isso com engajamento. Seja professor porque você quer ser professor e não porque lhe falta opção na vida. Seja gestor porque você quer conduzir aquela escola, proporcionando o melhor para o aluno, e não porque você quer fugir de uma sala de aula. Seja sistema porque você tem ideias para contribuir e quebrar os paradigmas que forem necessários”, explica Narjara Benício, diretora por vários anos da 1ª Gerência Regional de Educação. Nos últimos anos, os alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio ainda alcançaram excelentes resultados nas ‘Olimpíadas Brasileiras de Matemática’, além de aprovações em faculdades públicas.

Em Teresina, no bairro da Renascença, encontra-se outro centro de excelência da educação pública piauiense. Desta vez, trata-se de uma escola, o Centro Estadual de Tempo Integral Professor Raldir Cavalcante Bastos, dedicada ao Ensino Fundamental (e mais recentemente começou a atuar no Ensino Médio). As características pedagógico-administrativas são semelhantes às verificadas em Cocal dos Alves: baixa rotatividade dos docentes, utilização do projeto pedagógico como guia para a ação educativa desenvolvida ao longo do ano letivo, integração com a comunidade e coesão dos gestores e professores. O diretor Carlos Eduardo exerce a função há 12 anos e sua atuação levou a escola de um IDEB de 2,8 em 2005 para um IDEB de 7,1 em 2013.

Na última edição do IDEB (2015), foram avaliadas 796 escolas públicas no Piauí, as quais ofertam matrículas nos anos iniciais do Ensino Fundamental. As condições socioeconômicas observadas para a totalidade dessas escolas são similares (inclusive para os dois exemplos mencionados). Da mesma maneira, não existem grandes variações nos recursos alocados. No entanto, os resultados alcançados são extremamente díspares - apenas 87 escolas, ou 11% do total avaliado, lograram o patamar de qualidade estabelecido pelo MEC (Ministério da Educação). Isto leva a concluir que no Piauí existem “ilhas de excelência”, ao mesmo tempo em que a grande maioria das escolas se encontra distante de uma qualidade de ensino adequada.

O Relações Institucionais do IQE elenca os desafios a serem enfrentados pela educação no Piauí. “Eles não diferem, na sua essência, dos demais estados brasileiros. Adequação da infraestrutura escolar, integração entre escola e comunidade, formação continuada em serviço dos docentes e gestores, definição de um currículo mínimo (conjunto de competências e habilidades) e que seja efetivamente praticado em todas as escolas, diminuição da rotatividade dos professores, redução do número de professores temporários, além do estabelecimento de uma política de cargos e salários que contemple o mérito, devem compor as prioridades permanentes da gestão pública na educação”, finaliza José Almendra.

Fonte: CCOM

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