Saúde

Enfisema. A BPCO é uma doença pulmonar insidiosa que ataca os fumantes

O enfisema pulmonar é a forma mais comum de BPCO (broncopneumopatia crônica obstrutiva).

Sexta - 09/12/2016 às 09:12



Foto: Reprodução Muitas vezes, é durante uma grande crise infecciosa pulmonar que os fumantes descobrem sofrer de BPCO. A doença pode ser grave.
Muitas vezes, é durante uma grande crise infecciosa pulmonar que os fumantes descobrem sofrer de BPCO. A doença pode ser grave.

Podemos levar uma vida normal quando sofremos de “falta de ar”? A resposta é não para 93% dos 356 doentes vítimas de broncopneumopatia crônica obstrutiva (BPCO) interrogados pelo escritório NXA a pedido da Associação BPCO da França. Para esses doentes, basta subir dois degraus de uma escada para que a síndrome se manifeste (74% deles têm dificuldades para fazê-lo) ou simplesmente permanecer em pé (38%). Até mesmo amarrar os cordões dos sapatos, tomar uma ducha ou se vestir constituem esforços quase insuportáveis. Não espanta portanto que cerca de 28% desses pacientes dizem não aceitar o fato de estarem doentes e terem entrado numa atitude de negação.

“A BPCO é uma doença frequente, só na França existem cerca de 3,5 milhões de casos e deles 120 mil vivem à base de oxigênio-terapia. Apesar disso, a moléstia ainda não é suficientemente reconhecida, pois quase dois terços dos pacientes não sabem que dela são vítimas”, explica o médico Frédéric Le Guillou, pneumologista em La Rochelle e presidente da Associação BPCO, durante o 9o Encontro da entidade que aconteceu no dia 10 de novembro em Paris. Assim sendo, o diagnóstico desperta uma certa incredulidade no paciente. Foi o que aconteceu a Christine, 62 anos, que descobriu sua doença durante uma hospitalização para tratar de uma infecção pulmonar em 2013.  “Eu era fumante, tossia há bastante tempo, sobretudo pela manhã, mas pensava que tinha apenas uma bronquite crônica”, diz ela. “Perdia constantemente o fôlego, mas atribuía isso ao uso do tabaco e à falta de esporte”. Christine precisou de meses para aceitar o diagnóstico.

Aumentar o preço dos cigarros

“Acontece, com efeito, que a doença seja descoberta no momento de uma exacerbação (um agravamento quase sempre provocado por uma superinfecção), mas o denominador comum, verificado em todos os doentes, é a falta de ar e, muito frequentemente, a fadiga”, explica a professora Chantal Raherison-Semjen, pneumologista no Hospital Central de Bordeaux. “A falta de ar leva a uma diminuição da tolerância à atividade física, e assim sendo o paciente reduz cada vez mais os seus movimentos, até que mesmo os mais pequenos gestos da vida quotidiana se tornam difíceis”, ela completa.

A pesquisa feita pela Associação BPCO mostra, com efeito que, para contornar essa limitação insidiosa da sua condição física, mais da metade dos doentes vão procurar evitar todas as ações difíceis, e tentar encontrar para elas alguma solução alternativa”. Um paciente de cada três reconhece ter diminuído muito suas saídas de casa e os divertimentos. “Muitos se sentem humilhados pela sua deficiência”, explica o médico Patrick Diani, presidente da Associação. Um terço dos pacientes foi obrigado a parar de trabalhar.

As autoridades públicas se preocupam pouco com a BPCO

Que pensar da politica de luta contra o tabagismo desenvolvida nos últimos anos pela ministra da saúde da França Marisol Touraine? “Ela teve alguns resultados positivos, como a instituição do cigarro neutro e o aumento do preço do tabaco para o cigarro enrolado à mão”, explica o senador honorário Charles Descours, antigo defensor da luta contra o tabagismo, “mas sabemos que a única medida realmente eficaz é um aumento brutal do preço dos cigarros”, lamenta. Essa medida infelizmente está ausente do programa nacional de redução do tabagismo apresentado há dois anos pela ministra da Saúde. “Defendo no Senado um maço vendido a 10 euros (35 reais), embora saiba de antemão que não conseguiremos isso na atual legislatura”, explicou Michèle Delaunay, presidente da Aliança contra o Tabaco.

Infelizmente, os poderes públicos ainda se preocupam pouco com a BPCO. Quando eles evocam os perigos do tabaco, a BPCO raramente é mencionada e nunca se diz nada sobre o enorme handicap que representa essa doença na vida quotidiana dos pacientes.

Fonte: Saúde 247

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