Educação

Ontem, 30 pessoas, a maioria crianças, foram queimadas vivas em igreja

Piauí Hoje

Quarta - 02/01/2008 às 02:01



Oito corpos foram levados nesta quarta-feira para o necrotério de Kisumu (oeste do país), após uma nova noite de distúrbios no Quênia, que também terminou com a morte de dois policiais em Kericho (sudoeste), o que aumenta para 316 o balanço de mortos em seis dias de enfrentamentos de caráter político e tribal."Quatro corpos foram trazidos à noite e outros quatro ao amanhecer. Os corpos tinham ferimentos de bala", afirmou à AFP um funcionário do necrotério de Kisumu que pediu anonimato."Eles foram mortos nas favelas de Nyalenda e de Nyamasaria", acrescentou.Além disso, dois policiais não resistiram aos ferimentos e faleceram à noite em Kericho."Um grupo de jovens armados com arcos e flechas atacou os dois policiais na cidade de Kericho e roubou uma pistola. Os dois morreram quando eram levados para o hospital", declarou uma fonte policial que também pediu anonimato.Pelo menos 316 pessoas morreram em atos de violência étnica e distúrbios desde as eleições de 27 de dezembro, que reelegeram o presidente Mwai Kibaki, segundo um balanço estabelecido pela AFP com base em informações divulgadas pela polícia e pelos necrotérios do país.No entanto, um documento oficial do governo quenianos informa 177 vítimas fatais."Pelo menos 177 pessoas morreram, 209 propriedades foram destruídas e 260 pessoas detidas", afirma um relatório do governo de Nairóbi.Nesta quarta-feira, lojas e bancos reabriram em Nairóbi, cidade que estava totalmente paralisada há uma semana por causa da profunda crise que afeta o país.No centro da cidade, a polícia liberou várias ruas ao tráfego. Os veículos dos transportes públicos voltaram a circular na cidade, com exceção do centro da capital queniana.Nas portas dos bancos, clientes faziam longas filas para retirar dinheiro. Queimados vivosUm caso brutal: pelo menos 30 pessoas desabrigadas por causa dos confrontos pós-eleitorais no país foram queimadas vivas na terça-feira dentro da igreja na qual haviam se refugiado em Eldoret (oeste do país), informaram a Cruz Vermelha e a polícia.Em função da situação, o presidente Mwai Kibaki pediu aos dirigentes dos partidos políticos do país que se reúnam com ele para fazer um pedido público que ajude a restaurar a calma.Nesse contexto, pelo menos 70.000 pessoas fugiram de suas casas na região oeste do Quênia por causa dos distúrbios posteriores à eleição presidencial de 27 de dezembro, informou a Cruz Vermelha.As violências no Vale de Rift, principalmente em Eldoret, podem ser descritas como uma "limpeza étnica", declarou à AFP um alto responsável da polícia local."Pelo menos 30 pessoas morreram queimadas vivas dentro de uma igreja na área de Kiambaa, em Eldoret, confirmou à AFP um policial da província."Fomos informados de que 42 pessoas foram levadas para o hospital, gravemente queimadas, mas não posso confirmar o número de mortos na igreja", declarou um funcionário da Cruz Vermelha local."O que eu vi é inimaginável e indescritível", declarou o secretário-geral da Cruz Vermelha queniana, Abbass Gulled, que se encontra na região do vale de Rift.Imagens aéreas de áreas do oeste do país mostram centenas de casas e barracos incendiados, assim como vários postos de controle instalados nas estradas da região."É um desastre nacional", declarou Gullet. Apenas as pessoas do "bom grupo étnico" podem passar por estas barreiras", acrescentou, sem especificar a quais etnias se referia.A situação país preocupa a comunidade internacional, já que o Quênia era considerado uma área de estabilidade na África.A missão de observadores da União Européia pediu uma investigação independente sobre os resultados da eleição presidencial, vencida oficialmente pelo atual presidente, Mwai Kibaki.Pelo menos 74 pessoas morreram entre a noite de segunda-feira e a noite de terça-feira.Quarenta e oito corpos, incluindo três crianças e 44 deles com ferimentos de bala, foram levados durante a madrugada para o necrotério de Kisumu.Kisumu é a terceira maior cidade do Quênia e reduto do candidato de oposição à presidência Raila Odinga, que contestou a vitória de Kibaki.A cidade, a mais afetada pelos distúrbios, onde a polícia paramilitar está espalhada por todas as áreas, registrou mais de 100 mortes desde domingo em enfrentamentos com a polícia ou lutas entre clãs rivais.Kisumu está sob toque de recolher diurno, das 6H00 às 18H00, e a polícia recebeu ordens de abrir fogo contra aqueles que não respeitaram a determinação.Pelo menos outras 18 pessoas morreram durante a noite em outra cidade do oeste do Quênia, Eldoret, e seus arredores, segundo a polícia.Com as novas vítimas sobe para 259 o número de mortos no caos em que o país se encontra desde as eleições, segundo um balanço da AFP com base em informações divulgadas pela polícia e os necrotérios espalhados pelo país.A atual onda de violência é a mais grave registrada no país desde um tentativa de golpe de Estado frustrada em 1982 contra o ditador Daniel Arap Moi.A Comissão da União Africana (UA) apelou, em um comunicado, que as partes envolvidas no conflito dialoguem para resolver os problemas surgidos na recente eleição.Durante uma reunião com Ahmed Tejan Kabbah, coordenador da missão de observadores da Commonwealth (Comunidade Britânica de Nações) para as eleições gerais de 27 de dezembro, Kibaki explicou que pediu aos dirigentes dos partidos políticos para uma reunião com ele para pedir publicamente a volta da calma, informa um comunicado da presidência."O governo multiplicou as operações de seus serviços de segurança para proteger os cidadãos e acabar com a violência", acrescenta o texto.Mas o opositor Raila Odinga, em uma entrevista à BBC, afirmou que não aceita negociar com o presidente até que ele reconheça que perdeu as eleições."Os votos devem ser recontados. Estamos dispostos a convidar uma equipe internacional de arbitragem", acrescentou.

Fonte: UOL

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