Educação

Nove pessoas a mais entraram sem permissão em avião que caiu no Amazon

Piauí Hoje

Sábado - 14/02/2009 às 03:02



O comerciante que perdeu 17 parentes no acidente com o avião Bandeirante, que caiu em Manacapuru (AM), disse que o avião foi fretado apenas para família e que houve venda indevida de assentos. Omar Melo Filho, 36, afirmou à Folha que, no momento do embarque, em Coari, nove passageiros entraram sem a permissão da família no avião. Destes, quatro acabaram sendo os sobreviventes. Além dos familiares, os dois tripulantes e as outras cinco pessoas morreram.Segundo o comerciante, a família pagou pelo frete R$ 6.500, mas não recebeu uma nota do agente de viagem Donival de Lima Ferreira, 35, que se apresentou como proprietário da agência L Tur.Melo Filho disse que o agente informou à família na hora que o frete da Manaus Aerotáxi era de R$ 8.000 e precisava colocar mais passageiros para completar o valor."Com a permissão do piloto [César Grieger], o avião partiu com destino a Manaus com 28 a bordo. Não autorizei ninguém a entrar a mais no avião, apenas a minha família. O que essas pessoas faziam dentro da aeronave?", questionou.Procurado pela reportagem, o agente de viagem Donival Ferreira afirmou que a família não tinha dinheiro para pagar o total do frete. "Eles não pagaram R$ 6.500, pagaram R$ 4.700, não era nem R$ 5.000. Para não cancelar o voo e o prejuízo ser meu, fiz um rateio com um grupo que queria viajar e pagou mais R$ 1.700", afirmou. "O frete ficou por R$ 7.400 e ainda faltou dinheiro."Melo Filho condenou a atitude do agente. "Parece que o piloto e o agente estavam vivendo de venda de passagens. Houve negligência do piloto, da empresa e do agente. O avião saiu superlotado. Jamais entraria o excesso sem a permissão do piloto, que representa a empresa", afirmou.Em entrevista à Folha, a sobrevivente Ana Lauria, 43, disse que entrou no voo porque a Prefeitura de Coari pagou três passagens ao agente. A empresa Manaus Aerotáxi nega vendas individuais de assentos. E disse que fechou o valor do frete, em Manaus, com a L Tur, por R$ 8.000.Em sua primeira entrevista após o acidente, Omar Melo Filho falou à Folha acompanhado de dois advogados e da irmã Meire de Souza Melo, 38. Comerciante do ramo de materiais de construção, no dia 7 de fevereiro era seu aniversário. A família decidiu fazer uma surpresa para ele. Os cinco irmãos que morreram fretaram o avião e pagaram por meio de uma cota."Eram no total seis irmãos, mas um, Janes, não entrou no avião porque se aborreceu com a lotação. Perdi oito sobrinhos, sendo sete crianças, e quatro cunhados", afirmou Melo Filho, que fez o reconhecimento dos parentes no IML (Instituto Médico Legal).Melo Filho disse acreditar que o excesso de peso no avião possa ter provocado a pane. "O excesso contribuiu para o acidente, o peso também. Só os nossos irmãos e sobrinhos eu acredito que dava mais de 1.000 kg. O piloto pesava uns 130 kg. Então, esse excesso contribuiu com certeza", disse.

Fonte: Bol

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