Educação

Caseiro que detonou Palocci diz ter a vida invadida

Piauí Hoje

Segunda - 08/06/2009 às 03:06



O caseiro piauiense Francenildo Costa, 27, cujo depoimento à CPI dos Bingos derrubou o ministro Antonio Palocci (PT), em 2006, disse que teve a vida invadida após a quebra e divulgação de seu sigilo bancário, e que o "jogo sujo" o chocou, informa reportagem de Rubens Valente, publicada nesta segunda-feira pela Folha de São Paulo. "Se eu soubesse que ia chegar a esse ponto o jogo sujo deles, eu não tinha falado. Invadiram minha vida. Eu não queria que isso acontecesse. Até a família, parentes ficaram duvidando do dinheiro", afirmou o caseiro, que hoje trabalha de bicos. Ele diz esperar que a Justiça decida sobre a ação por danos morais que move contra a Caixa Econômica e a Editora Globo pela quebra e divulgação de seu sigilo bancário - -segundo ele, uma operação que visava desacreditá-lo. À Folha, Francenildo disse esperar que a Justiça adote no seu caso a rapidez que usa no inquérito do STF. Em 2006, Francenildo deu um depoimento à CPI dos Bingos afirmando que o então ministro da Fazenda frequentava uma mansão em Brasília usada por lobistas para fechar negócios de jogos ilegais e realizar festas. O local, conhecido como "República de Ribeirão Preto", foi alugado por ex-assessores de Palocci, que negava as acusações. O depoimento acabou deflagrando outro escândalo, pois seu sigilo bancário foi violado ilegalmente logo após participar da CPI. Palocci é tido como possível mandante da quebra do sigilo. Outro lado A Caixa alegou, por meio de sua assessoria, ter havido "regularidade e legitimidade" no episódio da quebra do sigilo bancário de Francenildo. "A Caixa apresentou contestação nos autos da ação ajuizada pelo senhor Francenildo dos Santos Costa, demonstrando a regularidade e legitimidade de todos os procedimentos adotados no âmbito da instituição em relação ao senhor Francenildo." A CEF disse ainda que "o juiz da causa promoveu duas audiências de conciliação e também concedeu prazos visando à composição amigável entres as partes, iniciativas que resultaram infrutíferas, tendo em vista que o senhor Francenildo e seu advogado não aceitaram as propostas da Caixa". Sem empregoDesempregado, vivendo de bicos, o caseiro Francenildo dos Santos Costa passa os dias na expectativa de uma decisão da 4ª Vara da Justiça Federal de Brasília sobre as ações de indenização por danos morais movidas contra a Caixa Econômica Federal e a revista "Época". Tramitam desde abril de 2006. Francenildo mora na cidade-satélite de São Sebastião (DF). O advogado de Francenildo, Wlício Nascimento, teme que uma eventual vitória do deputado Antonio Palocci no inquérito criminal que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) possa repercutir, de alguma forma, nas ações movidas pelo caseiro: "Se absolvido, o Palocci ainda volta como injustiçado. É uma estratégia muito boa, ainda sai como vítima". Em 2007, a Justiça sugeriu a Nascimento que acolhesse oferta de R$ 50 mil da Caixa. Em 2006, o advogado havia pedido indenização de 50 mil salários mínimos, ou R$ 17,5 milhões em valores da época. O advogado recusou a proposta, e o processo continuou. "O tempo vai passando e tudo vai ficando mais brando, como sempre."

Fonte: Folha Online

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