Foto: Jim Watson / AFP
Manifestante usa máscara de Mohammed bin Salman com sangue nas mãos para protestar em Washington
Detalhes sobre o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi , colaborador do "Washington Post" e crítico ao reino que foi assassinado e desmembrado no consulado de seu país em Istambul, começam surgir como a contagotas com o passar dos dias.
O crime, que desencadeou tensão entre a Arábia, de um lado, e os Estados Unidos e a Turquia, do outro, ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira, quando um jornalista turco afirmou ter ouvido uma gravação do assassinato e revelou as últimas palavras da vítima. Editor de reportagens investigativas do jornal turco "Sabah", Nazif Karaman disse à rede Al Jazeera que as últimas palavras de Khashoggi foram:
"Estou sufocando ... Tire esse saco da minha cabeça, eu sou claustrofóbico."
Karaman também confirmou que o jornalista saudita teria morrido asfixiado enquanto um saco plástico cobria a sua cabeça e que o assassinato durou cerca de sete minutos, de acordo com as gravações.
Segundo ele, os agentes sauditas cobriram o chão com sacolas plásticas antes desmembrar o corpo de Khashoggi, um processo que levou 15 minutos e que foi comandado por Salah al-Tubaigy, chefe do Conselho Científico Forense da Arábia Saudita.
Além disso, Karaman assegurou que seu jornal publicará em breve imagens das ferramentas que foram usadas pelo grupo saudita, bem como a transcrição de algumas das gravações que documentam os últimos momentos da vítima.
Em ácido
Khashoggi foi morto em 2 de outubro após entrar no consulado saudita em Istambul, onde dera entrada em um processo administrativo para se casar novamente. Depois de afirmar, inicialmente, que o jornalista deixara o prédio, a Arábia Saudita voltou atrás e disse que ele morreu durante uma "luta" que terminou mal. Mais tarde, mudou novamente a versão, afirmando que o jornalista de 59 anos foi morto durante uma operação não autorizada.
De acordo com Riad, o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman não tinha sido consultado sobre a operação que resultou na morte do jornalista. O corpo de Khashoggi teria sido desmembrado e dissolvido em ácido.
Um alto funcionário turco disse na segunda-feira que a Arábia Saudita enviou "uma equipe de limpeza" para a Turquia para "apagar" as provas do crime: um químico e um especialista em toxicologia chegaram a Istambul no dia 11 de outubro.
— Acreditamos que estes dois indivíduos vieram à Turquia com o único propósito de apagar as provas do assassinato de Jamal Khashoggi antes que a polícia turca fosse autorizada a revistar as instalações — contou o funcionário turco que pediu para manter o anonimato.
A Polícia turca só foi autorizada a entrar no consulado no dia 15 de outubro e na residência do cônsul no o dia 17.
Após o crime, a Turquia disse ter gravações que registravam a morte do jornalista. No último dia 10, o presidente Recep Tayyip Erdogan disse ter entregado cópias para Arábia Saudita, Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido.
Fonte: O Globo
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