Economia

ONG denuncia problemas na distribuição de camisinhas em Salvador

Piauí Hoje

Terça - 29/01/2008 às 02:01



Homossexuais não estão conseguindo retirar preservativos para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis em vários postos de saúde da cidade de Salvador. A informação é do coordenador do Grupo Gay da Bahia, Cristiano Santos. A organização não-governamental (ONG) Grupo Gay da Bahia atua há 28 anos na luta pelos direitos dos homossexuais.De acordo com Santos, o problema acontece porque, em muitos casos, as camisinhas só são disponibilizadas pela Secretaria Municipal de Saúde para quem participa de programas de planejamento familiar. "Tem alguns postos de saúde que não querem distribuir preservativos para qualquer pessoa porque acham que o preservativo é só para o planejamento familiar. E não é. A distribuição deve ser para todos."Santos disse que esse tipo de política exclui da prevenção pessoas que que praticam sexo sem objetivo de gerar filhos e constituir família, mas que precisam da proteção, como é o caso dos homossexuais. "Um homossexual não pode participar planejamento familiar, pois tem uma relação que não gera filhos. É uma relação que é para o prazer e não para constituir família, mas eles querem se proteger." O coordenador do Grupo Gay da Bahia afirmou que a reclamação é recorrente nas reuniões do Fórum Baiano de ONGs/Aids, do qual ele participa como membro do colegiado, mas destacou que o problema não ocorre em todos os postos de saúde. "Dá sorte que tem uns que liberam - depende do posto, de cada pessoa que está na direção." Segundo a coordenadora do Programa Municipal de DST/Aids de Salvador, Socorro Farias, a distribuição de preservativos não obedece a qualquer tipo de diferenciação ou segregação. "O preservativo deve estar disponível para todas as pessoas. Em todos os postos deve ter preservativo disponível, e o mais próximo possível da população." Socorro Farias admitiu, no entanto, que o problema pode ter ocorrido por falta de informação dos profissionais de saúde. "Não fazemos distinção entre preservativos para planejamento familiar e preservativos para DST/Aids, porque, no momento em que usa o preservativo, a pessoa está se protegendo de uma doença sexualmente transmissível e de uma gravidez não planejada." Para ela, o que pode ter acontecido é que, em algum posto, um profissional tenha tido essa atitude, embora a determinação do programa seja de não haver nenhum tipo de segregação.De acordo com Socorro, apesar do esforço para treinamento de profissionais, problemas de desinformação ocorrem em função da grande rotatividade de pessoal que, muitas vezes, é terceirizado ou contratado temporariamente como é o caso, por exemplo, dos que atuam na área de saúde da família. A coordenadora do programa pediu que a população denuncie dificuldades na obtenção de preservativos na rede pública de saúde. "Recomendamos que, em situações desse tipo, as pessoas façam a denúncia, se dirijam à gerência da unidade, ou procurem a própria coordenação de DST/Aids, mas que não deixem passar, porque pode ser a atitude de um profissional específico, já que essa não é a diretriz."As denúncias podem ser feitas para a Ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador no telefone (71) 3186-1100, ou pela internet, no endereço eletrônico www.saude.salvador.ba.gov.br.Socorro Farias informou que o procedimento normal para a entrega de preservativos inclui um cadastramento para avaliar a quantidade que será fornecida, de acordo com o perfil de cada pessoa. No caso de profissionais do sexo, por exemplo, a cota mensal é de cerca de 30 unidades. Já um adolescente recebe de 8 a 12 camisinhas por mês.

Fonte: Agência Brasil

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