Economia

Ceará realiza primeiro implante de coração artificial do Nordeste

Piauí Hoje

Sábado - 24/05/2008 às 04:05



Precisa-se urgente de um coração. João Edílson Maia, de 47 anos, portador de miocardiopatia chagásica (causado pela Doença de Chagas) tem pressa, pois sua vida está sendo prolongada com ajuda do suporte de circulação mecânico, conhecido como "coração artificial", implantado, na última terça-feira, durante cirurgia realizada no Hospital de Messejana (HM). Ele é o primeiro paciente a ser beneficiado com esse mecanismo em um centro transplantador do Nordeste. João está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pós-operatória, onde aguardará pela doação de um novo coração.João está internado há três meses no HM, um somente na UTI. Por causa da gravidade da doença, ele entrou na fila por um transplante de coração com prioridade máxima. O problema é a falta de doador. O último transplante realizado pela equipe do Messejana foi há um mês, no dia 23 de abril último. Sem o recurso do coração artificial, ele não teria condições de esperar pelo transplante e entraria para as estatísticas dos que morrem na fila aguardando doação.O primeiro passo foi dado. Juan Mejia, coordenador cirúrgico do Transplante Cardíaco do HM, diz que a mortalidade na fila de espera dos candidatos a transplante que sofrem de miocardiopatia chagásica é mais elevada quando comparada a outras doenças cardíacas que também têm indicação de transplante. Ele acrescente que é muito importante para um centro de referência como o Messejana, onde 50% dos pacientes morrem na fila, tirar um doente do quadro grave utilizando o Dispositivo de Assistência Ventricular (DAV).MétodoMejia explica que os dois ventrículos artificiais, ou "coração artificial", estão substituindo as funções dos ventrículos direito e esquerdo. Os mecanismos são extra-corpóreo (os aparelhos foram instalados na altura do tórax) e implantado duas cânulas (fazem transporte do sangue). Duas outras ficam na parte externa. O suporte é ligado a um console pneumático (máquina que injeta o ar para dentro do ventrículo artificial empurrando a membrana que está diretamente conectada ao sangue do paciente sugando-o do ventrículo e levando-o para um vaso principal de saída do coração.) Do lado direito, para irrigar a circulação pulmonar e do lado esquerdo para a circulação sistêmica (demais órgãos do corpo). Nesta situação, coração doente permanece.Segundo Mejia, o paciente está sendo estabilizado, pois a proposta é mantê-lo bem para poder esperar pelo coração de um doador. Ele lembra que nos Estados Unidos os médicos mantêm o paciente com o "coração artificial" por 45 dias. "Acreditamos que João ficará bem menos. Por isso, fazemos uma pelo à sociedade para que consiga um coração para nosso paciente." Além da equipe de transplante e insuficiência cardíaca do HM, também participaram do procedimento especialistas de dois centros de referência. Cristiano Faber, cirurgião cardíaco vascular do Instituto do Coração (Incor-Brasília) e Ricardo Manrique, chefe do setor de hematologia e imunologia do transplante cardíaco do Instituto Dante Pazzanese de Coração (São Paulo).Manrique diz que observa que a insuficiência cardíaca compromete todos os órgãos, pois sem aporte de nutrientes e oxigênio, os tecidos morrem. Isso porque com o fluxo de sangue diminuído ocorre o comprometimento dos rins, fígado, que vão perdendo sua capacidade. Além dessas deficiências, o doente não tem a coagulação normal do sangue, aumentando o risco de hemorragia. "O coração mecânico é uma alternativa para o paciente grave, pois vai permitir melhor fluxo de sangue nos demais órgãos."

Fonte: Opovo

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