Economia

Dólar cai para R$ 3,64 com exterior favorável e intervenção do BC

Em pregão volátil, Bolsa brasileira consegue fechar em alta de 1,13%, a 82.738,88 pontos

Quarta - 23/05/2018 às 11:05



Foto: Reprodução Dolar
Dolar

O dólar caiu em relação ao real nesta terça-feira (22) pelo segundo dia seguido, em sintonia com o cenário externo e ainda refletindo a intervenção mais firme do Banco Central no câmbio.

O dólar comercial recuou 1,16%, cotado a R$ 3,645. Na mínima do dia chegou a R$ 3,63. O dólar à vista caiu 1,91%, para R$ 3,639.

Em pregão volátil, a Bolsa brasileira conseguiu fechar em alta de 1,13%, a 82.738,88 pontos. O giro financeiro foi de R$ 14 bilhões.

Lá fora, investidores acompanharam a diminuição da tensão entre Estados Unidos e China. Após o anúncio no domingo (20) de que a guerra comercial entre os países estava suspensa, a China disse nesta terça que reduzirá suas tarifas de importação à maioria dos carros de 25% para 15% e das autopeças de 10% para 6% a partir de 1º de julho.

O dólar se desvalorizou ante 26 das 31 principais divisas do mundo, com destaque para a recuperação de moedas emergentes, como o peso chileno (+1,9%) e o rand sul-africano (+1,22%). O peso argentino ficou praticamente estável, com leve queda de 0,01%.

A única perda significativa nesta cesta de moedas foi da lira turca, que se desvalorizou 1,51% ante o dólar.

Os mercados acionários dos Estados Unidos fecharam em leve queda. O Dow Jones, principal índice de Nova York, recuou 0,72%, enquanto o S&P 500 perdeu 0,31%. O índice de tecnologia Nasdaq caiu 0,21%.

Na Europa, o tom geral foi de estabilidade. A Bolsa de Londres ganhou 0,23%, Paris avançou 0,05% e o Dax, da Alemanha, subiu 0,71%.

Internamente, a atuação mais firme do Banco Central desde segunda (21), quando ampliou a oferta de novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, também contribuiu para a queda da moeda americana em relação ao real.

"O lado externo está mais tranquilo. Aqui, o mercado está relaxando porque, apesar de ter sinalizado que poderia operar durante o dia a qualquer momento, se necessário, o Banco Central fez o mesmo leilão com o mesmo volume nesta terça", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

O BC vendeu, mais uma vez, a oferta integral de 15 mil novos swaps, totalizando US$ 2,75 bilhões desde a semana passada, quando vendia por dia até 5.000 contratos.

A autoridade também vendeu toda a oferta de até 4.225 swaps tradicionais para rolagem do vencimento de junho, no total de US$ 5,65 bilhões.

Com isso, a moeda americana acumula queda de xx% em dois dias, após subir 4,22% na semana passada.

Ainda no front nacional, impactou o anúncio de que o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles seria pré-candidato à Presidência pelo MDB.

"É um nome que talvez o mercado sinta que seja acalentador. Isso pode ter ajudado a segurar o dólar, porque a parte política tem pesado muito na precificação da moeda", diz Galhardo.

O gerente de câmbio aponta, no entanto, que, apesar da atuação do BC, o dólar mudou de patamar nos últimos meses. "É complicado achar que vai voltar para R$ 3,30, porque a valorização lá fora é real. O patamar deve ficar entre R$ 3,60 e R$ 3,70, podendo, num segundo momento, ir para a faixa de R$ 3,50, mas sem perder o teto de R$ 3,70", afirma.

AÇÕES

Das 67 ações do Ibovespa, 51 subiram, 15 caíram e uma ficou estável.

Depois de passar boa parte do dia ao redor da estabilidade, a Bolsa brasileira conseguiu se recuperar no meio da tarde e firmar alta, impulsionada pelos papéis dos bancos, que haviam registrado queda generalizada no último pregão.

As ações do Itaú Unibanco subiram 2,42%. As preferenciais do Bradesco tiveram alta de 2,87%, e as ordinárias se valorizaram 2,59%. O Banco do Brasil avançou 1,54%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil ganharam 0,28%.

Do lado negativo, destaque para Vale, Petrobras e Suzano

A mineradora perdeu 1,25%, na esteira do recuo dos preços do minério de ferro na China.

Os papéis preferenciais da Petrobras caíram 1,36%, e os ordinários, 2,47%, apesar da leve alta do petróleo no exterior.

O mercado ainda se mostra receoso a respeito do futuro da política de preços da estatal e dos desdobramentos da greve dos caminhoneiros.

O desempenho das ações não foi pior porque o presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que o governo não considera em hipótese nenhuma uma mudança na política de preços de combustíveis da estatal. Parente esteve reunido com os ministros da Fazenda, Eduardo Guardia, de Minas e Energia, Moreira Franco, e o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid.

Houve indicações de membros do governo, no entanto, de que poderia haver redução de tributos.

No fim do pregão, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), anunciaram que o governo vai zerar a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), imposto sobre o diesel e a gasolina.

Eles também afirmaram que a arrecadação que for conseguida com a reoneração da folha de pagamento será utilizada para reduzir o preço do diesel.

"Intervir no mercado pode ser um tiro no pé, dada a situação fiscal; além da sinalização ruim aos mercados. Não há segredo: no exterior, o petróleo já sobe 19% no ano", escreveu a Guide Investimentos em seu relatório diário.

A petroleira também anunciou mais cedo que reduzirá tanto os valores do diesel quanto os da gasolina nas refinarias a partir desta quarta.

A Rumo Logística registrou a maior alta do Ibovespa, de 7,04%. Em nota na segunda, o BTG Pactual destacou que a operadora ferroviária se beneficia da alta do diesel, ganhando competitividade ante o transporte rodoviário, acrescentando que o diesel representa 40% a 50% dos custos dos caminhões, enquanto responde por cerca de 25% a 30% das despesas operacionais da Rumo.

A queda foi liderada pelo setor de celulose. O dólar mais franco perante o real abre caminho para alguns ajustes no papel, que acumula em 2018 elevação de mais de 130%.

A Suzano caiu 5,99%, e a Fibria, 2%.

Fonte: Noticias ao minuto

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