Educação

Descoberto plano para matar autoridades e resgatar assaltantes do BC

Piauí Hoje

Sexta - 22/02/2008 às 03:02



Autoridades policiais e do Judiciário cearense ameaçadas de atentados em seqüência, previstos para acontecer num intervalo mínimo de tempo (de poucos dias ou poucas horas). Simultaneamente, haveria a tentativa de resgatar parte da quadrilha que está presa no Ceará pelo furto milionário ao Banco Central de Fortaleza. A execução dos ataques seria nos próximos dias, financiada e articulada por membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A tempo, tudo pôde ser evitado e ontem, pouco depois das 15 horas, por medida preventiva, nove dos acusados pelo furto ao BC foram transferidos do Ceará para a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.O plano audacioso foi descoberto há alguns dias, a partir da gravação de conversas telefônicas autorizada pela Justiça Federal e Estadual entre presos e comparsas fora dos presídios. Nos diálogos, teriam sido apontadas as ameaças, nomes e como as ações deveriam acontecer. Nenhum nome de possível vítima ou de qual preso apareceu nos diálogos foi divulgado. A investigação foi preservada sob extremo sigilo pela Polícia Federal. Os detentos transferidos eram mantidos até ontem em três dos principais presídios do Ceará. O aparato montado para a remoção dos nove presos envolveu um esquema especial com agentes federais de outros Estados, o jatinho da PF e silêncio absoluto, para que não ocorresse nenhum tipo de vazamento de informações.Do Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), em Aquiraz, foram transferidos: os cearenses Antônio Edimar Bezerra, Lucivaldo Laurindo e Jeovan Laurindo; os paulistas Fernando Carvalho Pereira, José Almeida de Santana e Marcos de França; e o mineiro Davi Silvano da Silva. No Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira (IPPOO II), em Itaitinga, a PF recolheu Raimundo Laurindo Barbosa Neto, o "Neto Laurindo". E da Casa de Custódia de Caucaia saiu o acusado Marcos Rogério Machado Moraes, o "Rogério Bocão". Desses, Antônio Edimar, Lucivaldo, Davi Silvano e Marcos de França já receberam condenações pelo furto ao BC e recorrem da sentença. Os demais aguardam o julgamento.A decisão para transferir os nove presos só foi fechada na última quarta-feira, 20, após reunião entre o juiz da 11ª Vara Federal, Danilo Fontenelle Sampaio, e o juiz da Vara das Execuções Penais (esfera estadual), Luiz Bessa Neto. Os dois contactaram o juiz da 3ª Vara Federal de Campo Grande, Odilon Oliveira. Na capital sul-matogrossense, Odilon vive sob a proteção de sete policiais em casa, onde decide processos ligados ao crime organizado e atua na Corregedoria da Justiça.O delegado federal Antônio Celso dos Santos, responsável desde o início do caso pelas investigações do furto ao BC e um dos que participaram da operação de transferência dos presos ontem preferiu falar pouco. Ele estava num vôo de volta a Brasília e disse que a descoberta do plano foi da PF cearense. Não quis dar detalhes do teor das escutas. QUEM FOI TRANSFERIDO PARA CAMPO GRANDE (MS)Antônio Edmar Bezerra (CE) - Condenado a 53 anos de reclusão e multa de R$ 4.294.000,00 por lavagem de dinheiro, furto qualificado, formação de quadrilha, contrabando, porte ilegal de arma e uso de documentação falsa. Preso em 2006 em sua casa no bairro Mondubim com R$ 12,5 milhões escondidos. Estava no Instituto Penal Paulo Sarasate (IPPS), em Aquiraz.Marcos de França (SP) - Condenado a 53 anos de reclusão e multa de R$ 4.484.000,00 por furto qualificado, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, falsificação e uso de documento falso. Foi preso na casa de Antônio Edmar e confessou participação na escavação do túnel. Estava no IPPS.Davi Silvano da Silva (MG), o "Véio Davi" - Condenado a 47 anos de reclusão e multa de R$ 4.104.000,00 por lavagem de dinheiro, furto qualificado, formação de quadrilha e contrabando. É apontado pela PF como colaborador da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo. Estava no IPPS.Raimundo Laurindo Barbosa Neto, o "Neto Laurindo" - Cearense de Boa Viagem, é apontado como principal líder do grupo que assaltou o BC. Segundo a PF, Neto é um dos que vivem "do crime para o crime". Também é conhecido no grupo como "Tromba", "Fuça" e "Magrão". Estava usando o nome falso de Luiz Matias Filho, com CPF, RG e título de eleitor, quando foi preso no Piauí. Foi um dos que entraram no caixa-forte do BC no dia do furto. Estava preso no Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira (IPPOO II), em Itaitinga.Lucivaldo Laurindo (CE) - Irmão de Neto Laurindo, é conhecido como ""Torturado". Foi condenado a 47 anos e dois meses de prisão e a 1.580 dias-multa (ou R$ 3.002.000,00). Foi considerado um dos líderes da ação do furto ao BC. Estava preso no IPPS.Marcos Rogério Machado Moraes, "Rogério Bocão" (CE) - Considerado pela Polícia como o "engenheiro" das escavações ao túnel do BC, esteve recentemente envolvido em tentativa de fuga da Casa de Custódia de Caucaia, de onde saiu para Campo Grande. Segundo a PF, teria ficado com cerca de R$ 12 milhões do montante do assalto.Jeovan Laurindo Costa (CE) - É cearense, primo de Neto Laurindo, e já teria participado de várias outras ações criminosas, segundo a PF. Acusado de participar do esquema de lavagem do dinheiro do BC. Estava preso no IPPS.Fernando Carvalho Pereira, "Fê" (SP) - Apontado pela Polícia como um dos líderes da quadrilha que realizou o furto ao BC, teria participado diretamente das escavações do túnel. É apontado como intermediário nas negociações para o aluguel dos imóveis utilizados no furto. Estava detido no IPPS.José Almeida Santana (SP) - É apontado como braço direito de Fê e foi preso com ele em São Paulo. A prisão, segundo a Polícia, aconteceu por um descuido em sua vaidade. Os policiais o viram sair da casa vigiada mas, devido às roupas simples que utilizava, quase passou despercebido. Foi traído pelo perfume que utilizava. O aroma foi reconhecido pelo agente como sendo de uma grife francesa. Estava preso no IPPS.

Fonte: Opovo

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