Polícia

Delegado é acusado de agredir e ameaçar de morte advogados na Central de Flagrantes

A confusão aconteceu na manhã desta sexta-feira (28), na Central de Flagrantes

Sexta - 28/07/2017 às 14:07



Foto: Reprodução Central de Flagrantes, em Teresina
Central de Flagrantes, em Teresina

A Corregedoria Geral de Polícia Civil vai instaurar um inquérito para apurar a denúncia de abuso de poder, agressão verbal e física e ameaça de morte contra o delegado José de Anchieta Pontes dos Santos, dentro da Central de Flagrantes na manhã desta sexta-feira (28). Anchieta foi acusado pelos irmãos Leonardo Queiroz e Renato Queiroz, ambos advogados, de impedi-los de ouvir o depoimento de uma cliente na Central de Flagrantes. O clima lá é tenso, com representantes de várias associações de advogados criminalistas e de delegados.

“Eu fui procurado por uma pessoa para acompanhar o procedimento do flagrante e fui impedido de exercer a minha profissão. O delegado exigiu que eu apresentasse a minha identidade funcional e quando eu apresentei, eu também pediu que ele apresentasse a dele. Ele se sentiu desrespeitado e veio pra cima de mim, para me agredir. Eu apenas recuei e quando ele agarrou a minha camisa, ordenou que eu me retirasse da sala. Como conhecedor das minhas prerrogativas, eu me neguei. Ele continuou com as agressões, todo o tempo me xingando, até quando ele me deu um soco”, contou Leonardo Queiroz.

“Ele puxou a arma para mim, disse para eu não dar nenhum passo se não iria me matar. Eu obedeci e andei para trás e na mesma hora as pessoas interviram. Ele entrou na sala e eu procurei a coordenadora da central para dizer que ele não poderia fazer aquele procedimento. Ele saiu novamente da sala e tentou me agredir. Depois tentou justificar a atuação dele, dizendo que era um suposto desacato. Isso nunca aconteceu, está tudo gravado pelo circuito de segurança e já solicitamos a cópia. Dei voz de prisão para ele também, por abuso de autoridade. Temos outros colegas, que infelizmente, por estarem no início da careira não quiseram representar contra esse delegado, com medo de prejudicar a sua carreira. Eu quero dizer que nenhum advogado deve se sentir intimidado quando acontecer algo dessa natureza e que procure ajuda pois o advogado é essencial à justiça”, acrescentou o advogado, ainda na Central de Flagrantes, ao falar com os jornalistas, inclusive deixando ser fotografado pelos repóteres dos porttais e jornais e filmado pelas equipes de TV que estão no local.

Conselho

A Conselheira Nacional da Associação dos Advogados Criminalistas do Brasil, Daniela Carla Gomes Freitas, adiantou que entidade vai pedir a prisão em flagrante do delegado por abuso de autoridade. “Estamos aqui pelo flagrante para acompanhar a prisão do delegado por abuso de autoridade, em razão de ter impedido que o advogado Leonardo tivesse acesso ao procedimento de instauração do auto de flagrante, quando é algo garantido, uma prerrogativa do advogado”, ressaltou

“O advogado tem direito de acompanhar o procedimento contra o seu cliente. Inclusive foi dada voz de prisão ao advogado e que deu voz de prisão [em retorno] ao delegado por abuso de autoridade. Estamos aqui para assegurar que o delegado seja preso. E é algo tem que ser feito em flagrante”, afirmou Daniela Freitas.

O presidente da Associação dos Advogados e Defensores Públicos Criminalistas do Estado do Piauí, Francisco Haroldo Alves Vasconcelos, vai acionar judicialmente o delegado José de Ancheita por abuso de poder, agressão e ameaça de morte contra os advogados. “Dois colegas nossos advogados foram ameaçados de morte aqui. Inclusive tiveram a arma puxada pelo delegado Anchieta. Foram impedidos de acompanhar depoimento de um processo da cliente deles. Sendo que isso é uma prerrogativa dos advogados. Eles foram agredidos fisicamente e agora estamos pedindo providências para a coordenadora da Central e a corregedoria da Polícia Civil. Também vamos representar criminalmente por ameaça de morte aos advogados”, prometeu Haroldo Vasconcelos.

Sindicato

O delegado Anchieta não se manifestou sobre a acusação dos advogados. A delegada Andréa Magalhães, do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil de Carreira do Estado do Piauí, esteve na Central de Flagrantes. E exigiu que fosse resguardada a imagem do delegado.

“Em virtude do incidente ocorrido aqui na Central, fomos chamados para acompanhar o caso. A Delegacia Geral já designou um delegado especial para apurar, tanto as versões do delegado como a dos advogados, em um procedimento específico, assim como o da inicial, que foi o motivo que ensejou essa confusão aqui na Central. Depois que tudo for apurado é que vamos poder falar. Primeiro vamos ouvir todo mundo. O delegado Anchieta ainda será ouvido. Queremos que tudo seja esclarecido e tudo feito conforme a lei, assim como o direito de imagem, que o delegado não autoriza a reprodução em mídia”, avisou a presidente do Sindpol.  

Presidente do Sindpol, Andrea Magalhães

Fonte: Redação

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