A Secretaria de Saúde publicou, após quase 10 anos, o segundo boletim epidemiológico de Aids e transmissão vertical do HIV e Sífilis no Piauí, que divulga as informações contidas no Sistema de Informações de Agravos de Notificações (SINAN) e apresenta a análise das informações sobre os casos de Aids, Gestantes HIV positivas e Crianças Expostas e Sífilis Congênitas notificadas e residentes no Piauí, as formas de transmissão.O boletim epidemiológico mostra uma evolução histórica da Aids no Estado, contando o primeiro caso diagnosticado em 1986 e dois anos após, 1998, ocorreram os dois primeiros casos de Aids no sexo feminino. No período de 1986 a novembro de 2006 foram notificados 2.652 casos de Aids em maiores de 13 anos.Conforme dados apresentados no boletim, a partir de 1994, os coeficientes de incidência da Aids demonstram uma tendência de crescimento variando de 2,3 por 100 mil habitantes e até 6,5 por 100 mil habitantes em 2005. Entre o período de 2000 a 2003, foi constatada uma tendência de estabilização, mantendo o índice de 5,5 por grupo de 100 mil habitantes e aumentando para 6,4 em 2005.A pesquisa indica que até novembro de 2006, havia no Piauí 1.931 pessoas do sexo masculino infectadas e deste total 1.251 - que representa 64,7% - são residentes no Piauí. O sexo feminino representa 27,2% do total de casos, somando 25,9% residentes no Piauí. Um dado chama a atenção no boletim epidemiológico, que é o crescimento significativo do número de mulheres, crescendo de 2 (0,5%) em 1988 para 56 (13,1%) casos em 2005. Uma das conseqüências é a transmissão vertical do HIV, de mãe para filho, que é resultado desse elevado número de mulheres infectadas.Tratamento hospitalarNo Piauí, o Hospital de Referência para Doenças Infectocontagiosas, o Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela, atende pacientes de Estados vizinhos, sendo que o Maranhão contribui com 32,8% das notificações do Piauí e o Estado com maior percentual de pessoas que se deslocam para tratamento em Teresina, seguidos pelo Pará (2,4%) e Tocantins (0,3%).Conhecido como centro de referência no tratamento da Aids, o Hospital de Doenças Tropicais Natan Portela, além do atendimento médico mensal, realiza a distribuição de medicamentos, exames, atendimento e acompanhamento nutricionais.Segundo a assistente social Iracema Ricarte, que coordena o Serviço de Atendimento Especializado (SAE), todo o paciente passa pelo setor e é encaminhado ao acompanhamento médico.Existe ainda no hospital o Grupo Adesão, formado por psicólogos, psiquiatra, assistente social e pacientes soropositivos. É uma equipe multidisciplinar que faz serviço de apoio e orientação psicológica aos pacientes. "Esse grupo se reúne todas as quartas-feiras, a partir das 17 horas, para prestar apoio aos portadores do vírus HIV", informa.Aids atinge em maior número pessoas na faixa de 20 a 39 anosO boletim epidemiológico traz dados completos sobre a incidência de Aids no Estado e revela que entre os 2.652 casos notificados, 69,3% são de pacientes na faixa etária de 20 a 39 anos. No sexo feminino, essa é a faixa mais acometida (72,5%) e uma das razões é o fato de ser o período de maior atividade sexual tanto para o homem quanto para a mulher.Apesar de estar concentrada na faixa dos 20-39, a Aids atinge adolescentes de 10 a 19 anos e foram registrados 63 casos. Já entre a população com mais de 60 anos, ocorreram 46 casos.O boletim traz informações sobre os casos de transmissão e identifica a transmissão sexual como o principal meio de infecção pelo HIV. Nessa categoria, os heterossexuais representam 48% dessas notificações; os bissexuais, 21%; e homens que fazem sexo só com homens (HSH) respondem por 15% dos 1.658 casos. Conforme dados do boletim, há um percentual elevado de casos com categoria de exposição ignorada, de 13%.Aids nos municípiosDo total de 223 municípios piauienses, em 120 há pelo menos um caso de Aids. As cidades que ainda não têm casos notificados e não constam na listagem podem representar um município silencioso.Teresina é a cidade que apresenta o maior número de casos de Aids até novembro de 2006, com 1.020; a incidência variou no ano de 2000 de 13,7 para 14,5 por grupo de 100 mil habitantes em 2005. Dessa forma, a incidência da Aids significa que para cada 100 mil habitantes, 14,5 pessoas estão infectadas.Depois de Teresina, Parnaíba ocupa a segunda colocação, com 81 casos. Os municípios que têm muitos casos são Oeiras (35), Floriano (32), Altos (27), Campo Maior (38) e São Raimundo Nonato (23).Transmissão vertical do HIVA pesquisa realizada para o boletim epidemiológico traz informações sobre os casos de transmissão vertical do HIV no Estado e chama a atenção o número de casos com informação ignorada, chegando a quase 50% dos casos.Em relação à utilização das medidas de redução da transmissão vertical do HIV, do total de 162 gestantes infectadas com informações disponíveis, 45,7% realizaram o pré-natal, destas, em 39,5% foi administrado o AZT injetável. Entretanto, o boletim traz informações de que 52,5% dos recém-nascidos receberam o AZT xarope nas primeiras 24 horas de vida e apenas 25,3% das mães, com essa informação, não amamentaram seus bebês.
Fonte: CCOM
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