Critina Kirchner vai comandar os destinos dos argentinos

Piauí Hoje


Depois dos atrasos que marcaram o início do voto na eleição presidencial argentina deste domingo (28), os candidatos oposicionistas Alberto Rodríguez Saá e Ricardo López Murphy levantaram suspeitas sobre possíveis fraudes que poderiam favorecer a candidata governista, Cristina Fernández de Kirchner, senadora e mulher do atual presidente, Néstor Kirchner.Como se temia, as eleições iniciaram-se com atrasos por conta da falta de autoridades de mesa em vários distritos eleitorais da capital, Buenos Aires, e também de algumas cidades do interior.A reportagem percorreu zonas eleitorais em Chacarita, Palermo e no centro e, em todas elas, havia atrasos, filas, falta de informação e mau-humor. "Cheguei mais cedo para ficar livre e me sinto punido", reclamou o aposentado Manuel Canepa, primeiro da fila em uma escola em Chacarita. Eleitores dizem que um pouco de atraso no começo da votação é comum no país, mas não tanto como desta vez.O problema ocorreu porque muitos dos convocados não responderam ao apelo da Justiça Eleitoral, pois geralmente não há punição grave em caso de falta. A autoridade recorreu a funcionários judiciais e a voluntários, mas mesmo assim não conseguiu preencher todos os cargos.Ao longo da manhã, a situação nos postos de votação foi se normalizando, segundo a autoridade eleitoral argentina. O chefe de Gabinete argentino, Alberto Fernández, admitiu que o início das votações atrasou em alguns centros eleitorais, mas disse que esta é uma situação normal, e que será resolvida em breve.Suspeitas de fraudeO candidato de oposição Alberto Rodríguez Saá votou em San Luis, província na qual é governador, e disse que "hoje é o dia para vencer a fraude". Ele declarou que nunca, nos últimos tempos, o país teve uma eleição com indícios tão fortes de fraude.Otimista, Saá garantiu que vai ao segundo turno. "Hoje é um dia luminoso, um dia peronista", disse. Saá reivindica para si o rótulo de único candidato peronista (que segue os preceitos políticos do ex-presidente Juan Dominho Perón, 1945-55 e de 1973-74) deste pleito.O candidato oposicionista Ricardo López Murphy, quinto colocado nas pesquisas, enfrentou dificuldades para votar. Inicialmente, ele não estava nas listas, o que o deixaria impedido. Mas o que ocorreu, segundo o candidato, foi que seu nome estava grafado como "Ricardo López M." na lista.Antes de ir para a urna no bairro portenho de Adrogue, Murphy colocou sob suspeita o sistema eleitoral argentino. "Essa demora é danosa. É estranho fazer uma eleição no século 21 com mecanismos do século 19, sem voto eletrônico", disse o oposicionista.Oitenta observadores internacionais de vários países estão na Argentina para fiscalizar a contagem dos votos.O também oposicionista Roberto Lavagna, terceiro colocado nas pesquisas, votou no bairro de Saavedra e evitou falar de política. Disse apenas estar "esperançoso". O local onde ele votou também enfrentou problemas para iniciar a votação.Casal KirchnerO presidente Kirchner, cuja mulher, Cristina, é a candidata favorita para vencer já no primeiro turno, votou em Río Gallegos, a 2.700 km de Buenos Aires, na província sulista de Santa Cruz, sua base eleitoral. Questionado sobre o que faria depois de deixar o governo, foi evasivo. "Vou continuar trabalhando. A política me encanta." Ele não quis dizer se voltaria a tentar algum cargo em Santa Cruz.O presidente destacou a "normalidade institucional" em que se desenvolvem as eleições e assegurou que "tudo tende a melhorar" em caso de vitória da candidata da Frente para a Vitória.Cristina votou logo em seguida e também falou pouco. Ela teve uma recepção calorosa, saudou os cidadãos que esperavam para votar e aceitou posar para fotografias a pedido de alguns simpatizantes."Pertenço a uma geração que não pôde votar", lembrou a candidata em relação à última ditadura (1976/83), acrescentando que "é importante que na tranqüilidade da democracia os cidadãos possam decidir em que país querem viver".Ao meio-dia, o casal voltaria a Buenos Aires para acompanhar a apuração.27,1 milhões votamOs argentinos votam em mais de 70 mil mesas eleitorais em todo o país para escolher o seu próximo presidente e os governadores de oito províncias, além de renovar parte do Parlamento.No total, cerca de 27,1 milhões de pessoas estão aptas para votar em uma das 14 chapas de presidente e vice-presidente.A primeira-dama e senadora por Buenos Aires Cristina Fernández de Kirchner lidera as pesquisas de intenção de voto divulgadas na última quinta-feira com uma ampla vantagem, seguida pela dirigente de centro-esquerda Elisa Carrió e pelo ex-ministro da Economia Roberto Lavagna. Segundo as pesquisas, a eleição presidencial deve ser resolvida já no primeiro turno.Os argentinos elegerão ainda 130 deputados nacionais para renovar a metade do corpo legislativo e 24 senadores nacionais para substituir um terço dos integrantes da Câmara Alta, além de oito governadores provinciais, junto com 209 deputados e 63 senadores para nove províncias.Os eleitores escolherão hoje os novos governadores das províncias de Buenos Aires -distrito eleitoral mais importante do país- Santa Cruz, Mendoza, La Pampa, Jujuy, Salta, Formosa e Misiones.Para ganhar as eleições, os candidatos à Presidência deverão obter pelo menos 45% dos votos, ou 40%, com 10 pontos percentuais de diferença em relação ao segundo mais votado.A votação deverá terminar às 18h em todo o país. A Justiça Eleitoral prevê que os primeiros resultados oficiais comecem a ser divulgados por volta das 20h (21h, hora de Brasília). O governo teme que o atraso no voto também provoque atrasos na apuração.

Fonte: Agências Internacionais

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