Correios demente ministro sobre roubo de munição

Balas usadas para matar vereadora e motorista eram da Polícia Federal


Raul Jungmann

Raul Jungmann Foto: Reprodução

A Superintendência dos Correios na Paraíba respondeu à declaração do ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, feita na noite desta sexta-feira (16), a respeito da munição usada para assassinar a vereadora Marielle Franco, do Psol, na última quarta-feira (14). Segundo Jungmann as balas, que pertenciam à Polícia Federal e vieram de lote que foi usado em chacinas, foram furtadas em uma agência no estado nordestino, informação que a entidade diz desconhecer.

“A Superintendência dos Correios na Paraíba não tem conhecimento sobre o suposto furto de carga pertencente à Polícia Federal. Estamos disponíveis para fazer tudo que estiver ao nosso alcance para ajudar a elucidar esse crime, na parte que nos couber”, diz a assessoria de comunicação dos Correios da Paraíba.

O comando nacional dos Correios também se manifestou por meio de nota para contrariar as declarações do ministro. Segundo a instituição, as agências dos Correios não despacham munição e materiais similares por meio dos métodos tradicionais de envio de correspondência e cargas, exceto por imposição de legislação específica. Ao Jornal Nacional (TV Globo), Jungmann declarou  na sexta-feira (16) que houve desvios na compra, por parte da PF, de 1,9 milhões de balas em 2006.

“Essa munição foi roubada na sede dos Correios, pela informação que eu tenho, anos atrás, na Paraíba. E a Polícia Federal já abriu mais de 50 inquéritos por conta dessa munição desviada. [...] Eu acredito que essas cápsulas que foram encontradas na cena do crime, este bárbaro crime, foram efetivamente roubadas. E, também, têm a ver com a chacina de Osasco [município da região metropolitana de São Paulo]. A Polícia Federal está fazendo todo seu rastreamento, levantando todos os dados, e vai apresentar muito em breve as conclusões às quais chegou”, declarou o ministro.

Comoção

Socióloga, Marielle compôs o diminuto grupo de 32 mulheres negras eleitas vereadoras em capitais brasileiras, no pleito de 2016. Foi a quinta vereadora mais votada do estado do Rio já em sua primeira disputa nas urnas. Aos 38 anos, deixou uma filha de 19 e um legado de militância pela igualdade, pela diversidade e pelos direitos de negros e populações vulneráveis.

Contrária à intervenção federal decretada pelo presidente Michel Temer na segurança pública do Rio, Marielle foi designada para relatar os trabalhos da comissão parlamentar que acompanhará as ações militares no combate ao crime. A vereadora fazia críticas recorrentes aos excessos policiais e vinha denunciando a relação entre milícias e a chamada “banda podre” das polícias. Para os investigadores envolvidos no duplo homicídio, a hipótese mais provável é execução.

Em uma postagem no Twitter na última terça-feira (13), um dia antes de morrer, um registro ilustrou a luta da parlamentar em meio à barbárie da sociedade fluminense. Ela comentava a morte de mais um jovem negro pela polícia.

“Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”

Leia a nota dos correios:

Em resposta às recentes notícias sobre suposto desvio de carga pertencente à Polícia Federal ocorrido nos Correios, a empresa esclarece que, no passado recente, não há nenhum registro de qualquer incidente dessa natureza e que está apurando internamente as informações.

A empresa não aceita postagem de remessas contendo armas ou munição, exceto quando autorizado por legislação específica. Neste caso, o tráfego, via Correios, de produtos controlados pelo Exército, submete-se às disposições estabelecidas no Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados, conforme a Portaria nº 015/2009 – Colog/Ministério da Defesa.

Por serem os Correios uma empresa pública, situações envolvendo armas, munições, drogas e outros itens proibidos no tráfego postal são encaminhadas à Polícia Federal, para investigação. No caso do Rio de Janeiro, já foi instaurado inquérito pela PF, que é o órgão competente para prestar mais esclarecimentos sobre a matéria.

Fonte: Congresso em foco

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