Economia

Contaminação por calazar e raiva aumenta no Maranhão

Piauí Hoje

Terça - 11/05/2010 às 04:05



O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de São Luís, localizado no prédio da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), passa por uma série de problemas. As denúncias partem de funcionários do centro. Falta equipamentos de proteção individual (EPI) e o prédio apresenta rachaduras. As condições de segurança no tratamento dos animais também são precárias. Somam-se a esses problemas, falta de água, luz e péssimas condições higiênicas de banheiros. A coordenadora do centro rebateu as denúncias.De acordo com a denúncia, há cerca de seis meses não estaria sendo realizado o recolhimento e a captura de animais para que seja diagnosticado quais deles poderiam estar contaminados pelo protozoário da Leishmaniose Visceral (o calazar) e pela raiva. Sem esse procedimento, animais soltos e abandonados continuam espalhando a doença pela cidade.A preocupação aumenta porque de acordo com a Vigilância Sanitária, o Ministério da Saúde divulgou o Mapa da Raiva Canina em 2008 no estado do Maranhão e apareceram dois casos. Em 2009 já foram sete, fato que comprova o avanço da transmissão da doença em área urbana.Segundo a coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses, (CCZ), Diana Rosália, o centro não está trabalhando em sua totalidade, porque o prédio passar por um período de reestruturação. E que o recolhimento de animais estaria paralisado parcialmente por conta da greve da Uema. Sobre a falta de água e energia, desde a última sexta-feira de abril, ela informou que o problema foi ocasionado pela queima de um gerador, que é de propriedade da universidade."Estamos reativando os postos de vacinação. E oito deles já estão funcionando. Dentre eles: o centro da Uema, da Radional, Itapera, Clodomir Costa Pinheiro (Anjo da Guarda), Embrião, próximo a UFMA, Laura Vasconcelos (Estiva), Vila Itamar e Tibiri", disse a coordenadora.O exame de imunofluorescência executado gratuitamente no laboratório do centro que serve para detectar o protozoário no animal contaminado através da coleta de sangue na orelha do cão, também foi denunciado. Um documento de 20 de abril, assinado por Diana Rosalina foi entregue a todos os veterinários e funcionários, determinando que todos os animais submetidos ao exame de imunofluorescência reatores para a Leishmaniose, deverão submeter-se ao segundo exame para confirmação medular diagnóstica.Só que esse exame medular estaria sendo feito no laboratório particular, Centro de Diagnóstico Veterinário, o CDV e que custa R$ 35. O custo ficaria sob a responsabiliade do proprietário do animal. Somente com os dois laudos positivos dos exames, o animal seria entregue ao centro e submetido a eutanásia.Segundo o denunciante, este método não é o recomendado pelo Ministério da Saúde. No site do Ministério da Saúde existem definidas medidas de controle para animais contaminados que são a eutanásia canina, dirigidas ao controle de reservatório canino, recomendada a todos os animais com exame parasitológico positivo.A eutanásia é a única medida para o combate da proliferação do protozoário que causa a leishmaniose, já que os animais servem como reservatório da doença. Tirando-se o cão doente de circulação se quebra a cadeia do mosquito transmissor, conseqüentemente a forma de proliferação, entre os outros cães, e nos seres humanos.Para a coordenadora, o Ministério da Saúde prioriza somente o exame de imunofluorescencia por ser mais barato. E que o segundo exame ao invés de obrigatório é apenas indicativo ao proprietário do animal. Pois o laudo segundo ela, pode ser tanto positivo, como positivo negativo. Os exames realizados no laboratório CDV custam o valor de R$ 20, pago pela Prefeitura Municipal de São Luís, destinado somente a pessoas carentes."O exame de Imunolfuorescencia é extremamente sensível, podendo ser falso negativo e falso positivo. Assim, podemos eutanasiar um animal saudável. O segundo exame serve de contra prova, e recomendamos o segundo exame de medula. O Ministério Público interditou uma vez o CCZ justamente pela eutanásia de animais sem controle", alegou.Conselho de VeterináriaO presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), Nordmam Wall, disse que o segundo exame só tem necessidade se o proprietário se recusar a entregar o animal ao centro. Mesmo assim, seria necessário que ele assinasse um termo de compromisso e responsabilidade pelo animal."A coordenadora Diana Rosalina vem exigindo o segundo exame para que os animais não fiquem instalados no Centro para não sacrificá-los. Ela por falta de experiência na área veterinária acaba confundindo sofrimento com eutanásia", observou. Segundo Wall, com a nova resolução 714 do Ministério da Saúde, a eutanásia em animais contaminados deve ser executada através da aplicação de uma injeção supervisionada por um médico veterinário, que custa entre R$ 8 e R$ 10."A coordenação optou por não recolher os animais nas ruas da capital, sendo que tortura é deixá-los nas ruas, sem abrigo, alimentação e expostos à proliferação de doenças entre animais e seres humanos, o que é mais grave", informou Nordmam.O conselheiro do CRMV, Júlio Aderson Borralho é um dos fundadores do Centro de Controle de Zoonose. Ele diz que o centro em São Luís era exemplo para outros centros. Porém o descaso vem aumentado e colocando o local nas atuais condições."Là não existe canil de separação, os animais doentes ficam misturados entre saudáveis. A situação é delicada. Não existe cura para a doença, somente tratamento, que custa em clínica particulares em média de R$ 1.400", declarou.

Fonte: oimparcial

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