Educação

Compra desautorizada foi decisiva para o afastamento do diretor-geral

Piauí Hoje

Quarta - 03/09/2008 às 03:09



A Abin (Agência Brasileira de Inteligência) adquiriu ilegalmente maletas de interceptação telefônica, revelou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, durante reunião de coordenação política do governo no Palácio do Planalto.A informação foi decisiva para o afastamento do diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda, no episódio envolvendo o grampo ilegal do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes.A revelação surpreendeu o presidente Lula, o vice José Alencar e outros seis ministros presentes, segundo relatos obtidos pela Folha. Por lei, a Abin é proibida de fazer escutas.As maletas podem fazer grampos em celulares sem depender de operadoras telefônicas e, por isso, em tese, sem a necessidade de autorização judicial.Com preço estimado em US$ 500 mil, o equipamento consiste em um laptop e uma antena condicionada em uma pasta tipo 007. O principal é um software que acompanha o computador, capaz de decodificar comunicação digitais criptografadas. A aquisição teria sido feita por sistema de compras do governo.A declaração de Jobim contradiz o depoimento de Lacerda na CPI dos Grampos, no dia 20 de agosto. Na ocasião, ele negou que a Abin faça escutas.Ao TCU (Tribunal de Contas da União), a agência disse que gastou R$ 278,5 mil, em 2005, com equipamento bloqueador de celular. GramposEm depoimento à CPI das Escutas Clandestinas da Câmara, o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Jorge Armando Félix, disse que a única tecnologia realmente capaz de evitar grampos telefônicos é "não abrir a boca".Para ele, as novas tecnologias permitem a execução de escutas telefônicas e ambientais em praticamente qualquer local ou ligação. "Tecnologia antigrampo: a única realmente eficaz é não abrir a boca. Existem equipamentos hoje que colocam infravermelho na vidraça nas nossas salas de trabalho. Com a vibração da voz, ele capta tudo aquilo que está sendo falado, e são equipamentos que não são tão modernos assim. Hoje é muito difícil ter absoluta certeza de que você não está sendo monitorado de alguma forma", afirmou.No depoimento à CPI, Félix negou que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) tenha realizado escutas ambientais no STF (Supremo Tribunal Federal) durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal."Não tivemos nem temos nenhum acesso ao trabalho no Supremo. Quando eles pedem apoio, nós fornecemos o apoio. Quando outro poder nos pede algum tipo de apoio, nós fornecemos. Mas não há porque estarmos nos intrometendo", disse o general.O presidente do STF, Gilmar Mendes, recebeu denúncia de que seu gabinete no tribunal teria sido monitorado pela Polícia Federal a pedido de do juiz Fausto de Sanctis responsável por expedir o pedido de prisão do banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity.

Fonte: Folha Online

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