Codevasf investe mais de R$ 10 milhões na bacia do Parnaíba

Plano Brasil sem Miséria 10 Milhões SDR/MI Repalma UTTs


O fortalecimento da caprinovinocultura junto a comunidades rurais do Piauí vem recebendo acentuada atenção da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf):

Desde 2012 são mais de R$ 10 milhões investidos em ações que envolvem desde a construção de Unidades de Transferência de Tecnologia (UTTs) e de Centrais de Terminação até a implantação do Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Palma Forrageira (Repalma), focado na segurança alimentar animal. Parte das ações está concluída, e parte está em franca execução, gerando benefícios para mais de 500 famílias de produtores rurais em áreas atingidas por estiagens.

As ações integram o eixo de inclusão produtiva do Plano Brasil sem Miséria, do governo federal, e os recursos são provenientes da Secretaria de Desenvolvimento Regional do Ministério da Integração Nacional (SDR/MI). Nesta semana, uma nova iniciativa foi executada: a Associação de Criadores de Ovinos e Caprinos do Município de Betânia (Ascobetânia), no semiárido piauiense, recebeu da Codevasf um caminhão para transporte de ovinos e caprinos, no valor de R$ 139,9 mil.

O veículo vai solucionar um dos principais gargalos encontrados pelos pequenos criadores que é o acesso a mercados mais distantes, uma vez que o transporte de animais torna onerosa a atividade e muitas vezes inviabiliza a comercialização.

“A Codevasf tinha em elaboração um sistema de registro de preços para aquisição de máquinas e veículos, porém não existia no mercado nada que fosse específico para o transporte racional e sanitário de caprinos e ovinos vivos, como acontece com o gado bovino. Diante dessa dificuldade, a equipe de técnicos da Superintendência Regional da Codevasf no Piauí projetou e especificou uma carroceria em madeira, com duas divisórias ou andares, que fosse adequada para o transporte desses animais, respeitando o bem-estar deles”, explica o médico veterinário Romualdo Ramos, da Unidade Regional de Desenvolvimento Territorial da Codevasf no Piauí.

De imediato, o transporte teve um impacto positivo para os criadores. Além dos associados passarem a frequentar feiras e exposições da região e até em outros estados, como no Ceará, o caminhão também possibilitou à Ascobetânia firmar contrato com a empresa Piauí Frigorífico, localizada na capital do estado, para o fornecimento semanal de 200 animais. “Nós tínhamos os animais, mas não havia um lugar para fazer o abate e nem como comercializar. Esse caminhão e o contrato foram muito importantes pra gente”, explica o criador José Cavalcante Coelho.

Luiz Brito, proprietário do frigorífico abastecido pela Ascobetânia, avalia positivamente a parceria com a associação. “Temos a meta de atender todo o Piauí, por isso esse contrato com a associação é muito interessante para nossa empresa. A nossa intenção é aumentar o fornecimento semanal de animais para o abate”, explica. No estado, a empresa é uma referência no abate de grandes e pequenos animais.

Em 2015, a Codevasf pretende dar sequência ao apoio à Ascobetânia com o fornecimento de equipamentos de manejo e criação, dentro das propostas do Plano Brasil sem Miséria, além de futuramente implantar uma Central de Terminação coletiva de cordeiros e caprinos, no modelo da que está sendo instalada no município de Dom Inocêncio (PI).

Atualmente, a Ascobetânia conta com 105 associados. A entidade surgiu em 2012 da organização de criadores que viram na criação de animais uma alternativa para melhoria da renda. O grupo de pequenos criadores passou a se dedicar à atividade de criação de animais de médio porte, em especial ovinos e caprinos.

Melhoria da renda

Na atividade da caprinovinocultura, a Codevasf contabiliza, desde 2012, cerca de R$ 6,9 milhões investidos no Piauí. Parte dos recursos foram destinados a construção de seis Unidades de Transferência de Tecnologia (UTTs) e uma Central de Terminação nos municípios de Jacobina, Paulistana e Dom Inocêncio.

As UTTs são unidades demonstrativas de manejo em ovinos e caprinos que possibilitam a capacitação de produtores e estimulam o efeito multiplicador nos produtores rurais dos municípios circunvizinhos.

Ações desse tipo proporcionam o desenvolvimento e o fortalecimento da atividade, abrindo oportunidades para que se torne uma atividade organizada, rentável e autossustentável.

Para os pequenos criadores, esses investimentos representam melhoria na renda e, consequentemente, na qualidade de vida das famílias. “Estamos com uma grande expectativa. Todos estão ansiosos pra começar a trabalhar com essa Central de Terminação”, afirma Valdenor Nunes, vice-presidente da Associação de Criadores de Caprinos e Ovinos da Comunidade Lagoa da Extrema (Ascoli), localizada em Dom Inocêncio. A entidade foi fundada em 2007, contando atualmente com 11 associados e um rebanho em torno de 1,2 mil animais.

A Central de Terminação de Dom Inocêncio está prestes a entrar em funcionamento. “Com certeza, isso irá melhorar a renda dos criadores, ajudando a desenvolver não apenas o município, mas toda a região”, conclui Nunes. Essa tecnologia é de grande aplicação na ovinocultura de corte moderna, proporcionando vantagens econômicas indiretas, como abate precoce dos cordeiros com melhor qualidade de carcaça; adianta a realização de receitas acelerando o giro do capital; permite a liberação de áreas de pastagens para aumentar o rebanho de matrizes elevando a escala de produção da propriedade; e pode garantir preços diferenciados de até 20% na comercialização.

Projeto Repalma

Dentro das ações de fortalecimento da caprinovinocultura, a Codevasf também investe na implantação do Projeto de Desenvolvimento Sustentável da Palma Forrageira (Repalma), que contempla a implantação de unidades de multiplicação de mudas de palma forrageira irrigada com qualidade genética e fitossanitária; o fornecimento de mudas selecionadas ao agricultor familiar visando o plantio de novas áreas a fim de garantir a segurança alimentar animal (unidades de produção), e o fornecimento de tratores e implementos agrícolas como forma de possibilitar melhorias no desempenho da atividade e fortalecer a cadeia produtiva da ovinocaprinocultura.

Na área de atuação da Superintendência Regional da Codevasf no Piauí, o Projeto Repalma irá implantar 20 unidades de multiplicação de palmas forrageiras irrigadas (UMPs) nos municípios piauienses de Esperantina, Agricolândia, Massapê do Piauí, Campo Alegre do Fidalgo, Paulistana, Jacobina, Santo Inácio do Piauí, Simplício Mendes, Santa Rosa, Caridade do Piauí, Bela Vista do Piauí, Jurema, Simões, Capitão Gervásio e Dom Inocêncio, além dos municípios cearenses Crateús e Novo Oriente.

As ordens de serviço para implantação das UMPs já começaram a ser emitidas e serão iniciadas nos municípios de Paulistana e Jacobina. O início das obras está obedecendo a ordem cronológica da emissão do licenciamento ambiental.

Serão investidos R$ 3,2 milhões oriundos de destaque orçamentário da SDR/MI para implantação das 20 UMPs, que contemplam locação, perfuração e instalação de poços tubulares; sistema de bombeamento, reservamento e distribuição de água; sistema de irrigação por gotejamento, cercas de proteção, galpão de apoio à produção; adubação corretiva e preparo do solo; plantio e tratos culturais iniciais de lavouras de palma forrageira com qualidade genética e fitossanitária.

Cada UMP terá área plantada de 1,0 hectare e fornecerá, já na primeira colheita de raquetes-semente, mudas para implantação de 25 áreas de sequeiro de 0,50 hectare cada, beneficiando agricultores familiares atendidos pelo Plano Brasil Sem Miséria, proporcionando-os condições de obter forragem em quantidade e qualidade na época da estiagem; ampliar a sua área de plantio, fortalecer a cadeia produtiva dos caprinos e ovinos, proporcionando geração de emprego e renda de forma sustentável.

No total, serão beneficiadas já na primeira produção de mudas, cerca de 450 famílias no Piauí e 50 famílias no Ceará.

Caprinos e ovinos

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a caprinocultura e a ovinocultura têm se destacado no agronegócio brasileiro. A criação de caprinos, com rebanho estimado em 14 milhões de animais distribuído em 436 mil estabelecimentos agropecuários, colocou o Brasil em 18º lugar do ranking mundial de exportações.

Grande parte do rebanho caprino encontra-se no Nordeste, com ênfase para Bahia, Pernambuco, Piauí e Ceará. A ovinocultura tem representatividade na região Nordeste e no estado do Rio Grande do Sul.

Carne, pele e lã estão entre os principais produtos. A produção de leite de cabra é de cerca de 21 milhões de litros e envolve, em grande parte, empresas de pequeno porte. Já a ovinocultura leiteira no país, afirma o MAPA, apresenta potencial para a produção de queijos finos, muito valorizados no mercado.

Segundo a Embrapa Caprinos e Ovinos, essa criação no Nordeste brasileiro é praticada desde a colonização, principalmente pelo fato desses animais serem mais adaptados às condições ambientais e climáticas desfavoráveis do que a maioria das outras espécies. A região Nordeste está em mais de 80% coberta pela vegetação nativa da Caatinga - tipo de vegetação utilizado como a principal fonte de alimentação para a maioria dos rebanhos.

Fonte: CODEVASF

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