Ciência & Tecnologia

Transplante de útero poderá fazer com que homens engravidem e deem à l

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Terça - 24/11/2015 às 18:11



Foto: reprodução Cientistas estudam meios de engravidar o homem
Cientistas estudam meios de engravidar o homem
 Esta é a pergunta que surgiu após o anúncio feito na semana passada de que a Cleveland Clinic, nos Estados Unidos, está realizando cirurgias de transplante de útero em mulheres que nasceram sem o útero ou cujo útero está doente ou funcionando mal. Ao ouvir as notícias, nós pensamos: se a ciência pode fazer um transplante de útero em uma mulher, ela também pode fazer isso em um homem?
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A resposta é sim. Teoricamente, homens poderiam receber um útero, carregar um bebê dentro dele, e dar à luz. Mas o que realmente nos deixou surpresos é que a gravidez masculina pode estar muito mais próxima do que imaginávamos.

“Meu palpite é de que isso será possível em cinco, dez anos, talvez antes,” diz a Dra. Karine Chung, diretora do programa de preservação da fertilidade na University of Southern California’s Keck School of Medicine, nos Estados Unidos. Hoje, os avanços médicos permitem que mulheres transgênero ajustem sua bioquímica para suprimir hormônios masculinos e receber os femininos, podendo desenvolver seios e produzir leite, além de obter vaginas cirurgicamente construídas que incluem um “neoclitóris,” permitindo a sensação na região.

Até hoje, no entanto, faltava o ventre, o local para carregar o feto. O transplante de útero pode conseguir superar este obstáculo. “Eu apostaria que praticamente todas as mulheres transgênero gostariam de fazer isso, se fosse coberto pelos planos de saúde,” diz a Dra. Christine McGinn, cirurgiã plástica de New Hope, Estados Unidos, que realiza cirurgias de transgenitalização em homens e mulheres e é consultora no novo filme ‘A Garota Dinamarquesa,’ sobre uma das primeiras pessoas a passar por um procedimento cirúrgico de mudança de sexo.

McGinn, mulher transgênero e mãe de gêmeos, diz que “a vontade humana que uma mulher tem de ser mãe é algo muito sério. Isso não é diferente para as mulheres transgênero.” Transplantes de útero ainda estão na fase de pesquisas para mulheres sofrendo de infertilidade uterina. Uma equipe sueca obteve sucesso transplantando úteros doados por pessoas vivas, alcançando cinco gestações e quatro nascimentos com vida. Nos próximos meses, a equipe da Cleveland Clinic planeja transplantar úteros de doadoras falecidas em pacientes com infertilidade uterina.

A cirurgia de transplante é difícil e perigosa, e requer que os pacientes tomem medicamentos antirrejeição ao longo da gravidez, aumentando o risco de infecção. Mas para muitas mulheres — e para muitas mulheres em fase de transição — o risco vale a pena.

Entretanto, mulheres biológicas têm uma vantagem quando comparadas a homens biológicos no que diz respeito a aceitar e nutrir um útero transplantado. As mulheres já têm a vascularização necessária para alimentar o útero com sangue, os ligamentos pélvicos desenhados para suportá-lo, a vagina e o colo do útero, além de hormônios naturais que preparam o útero para a implantação e apoiam a gravidez.
Os homens não têm nenhum destes sistemas de suporte, mas nenhum deles é impossível de criar. “As anatomias feminina e masculina não são tão diferentes,” diz Chung. “Provavelmente, em algum momento, alguém vai descobrir como fazer isso funcionar.”

Na verdade, já existem técnicas médicas para superar muitos dos obstáculos da gravidez masculina.
A terapia hormonal pode inibir a testosterona e introduzir a progesterona e o estrogênio necessários para preparar o útero para a gravidez.

Embora os homens não tenham as veias e artérias uterinas necessárias para nutrir o ventre, é possível anexar uma ramificação de uma grande artéria, como a ilíaca interna, ao útero. “É factível, mas ainda não foi feito,” diz Chung. Embora seja preferível ter uma vagina para suportar o útero, é possível prendê-lo a outros ligamentos na pélvis.

No momento, o maior problema existente entre os homens e a gravidez é como transferir um embrião fecundado in vitro para o útero transplantado. A rota normal para as mulheres é passando pela vagina e pelo colo do útero, mas como um ventre nunca foi transplantado em um homem biológico, técnicas para conectar uma vagina construída a um útero transplantado ainda não foram testadas. Entretanto, o Dr. Elliot Jacobs, cirurgião plástico de Nova Iorque, Estados Unidos, diz que teoricamente “conectar os dois não representa uma grande dificuldade cirúrgica.”

Talvez o obstáculo mais difícil de superar seja, na verdade, financeiro: transplantes são extremamente caros, variando entre U$ 25 mil (R$ 92 mil) para um transplante de córnea a U$ 1,3 milhão (R$ 4,8 milhões) para um transplante de coração, de acordo com a Fundação Nacional de Transplantes dos Estados Unidos. Nós somos incapazes de imaginar quanto custará um transplante de útero se a cirurgia avançar e sair da fase de pesquisas, e as chances de que os planos de saúde estejam dispostos a cobri-la parecem muito pequenas.

“Seria um problema de classe; apenas pessoas muito ricas poderiam fazer isso,” diz McGinn, que é destaque no documentário ‘TRANS.’ Além disso, fazer um transplante de útero em um homem levanta questões éticas sobre as consequências de saúde ao longo do tempo para os receptores do ventre e os filhos decorrentes dele, além do benefício para a sociedade de usar uma quantidade tão grande de recursos para que homens e mulheres possam experimentar a felicidade do parto.

“Há pessoas que vão querer fazer isso? Sim,” diz o Dr. Arthur Caplan, chefe de ética médica na NYU School of Medicine, nos Estados Unidos. “Mas eu não vejo como fazer disso uma prioridade. Em termos de fazer o melhor uso possível de recursos escassos, isso não vai alcançar o patamar necessário.”

Fonte: yahoo

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