Cidade

ALERTA

Mortes de quatro crianças acendem o alerta para acidentes domésticos no Piauí

Segundo especialistas, 90% dos acidentes com crianças poderiam ser evitados com adoção de medidas protetivas

Graziely Oliveira / Estagiáris sob supervisão

Sábado - 27/01/2024 às 08:49



Foto: Reprodução Crianças vitimas de acidentes domésticos no interior do Piauí
Crianças vitimas de acidentes domésticos no interior do Piauí

Teresina (PI) - Com o período de férias e as crianças mais tempo em casa o risco de acidentes domésticos aumentam de forma significativa, por isso o cuidado com os pequenos deve ser redobrado. Nessa semana, dois casos graves de acidentes resultaram na morte de quatro crianças no interior do Piauí e acenderam um alerta para o problema.

O primeiro deles aconteceu no dia 22 de janeiro, em São Jose do Divino, distante 220 Km de Teresina. Três irmãos de dois e um ano brincavam com um isqueiro e atearam fogo no colchão do quarto onde estavam. Já no dia 24, um bebê de um ano morreu ao tocar um fio de alta tensão que havia caído na calçada da casa em que morava.

A professora de Engenharia de Segurança do Trabalho do Centro Tecnologia da UFPI, Mayra Fernandes Nobre, disse que o ambiente doméstico por vezes é subestimado quanto ao seu potencial de risco acidentário, por ser um lugar de repouso, sossego, aconchego.

“Porém esse lugar pode representar atividades/condições que estão presentes também no ambiente laboral e que, por vezes não, os percebemos em nosso lar”, declarou Mayra.

PREVENÇÃO

A professora listou alguns dos principais fatores de risco de acidentes e como eles podem ser potencializados no universo infantil bem como algumas medidas de controle ou minimização do risco.

Em caso de acidentes com tomadas, elas podem apresentar perigo às crianças e risco de choque elétrico, os pequenos que ainda não compreendem o conceito de eletricidade e choque acabam se deixado levar pela curiosidade querendo tocar no furo da tomada ou enfiar algum objeto ali.

Medida de controle: isolamento das tomadas quando não estão em uso.

  • Fiação exposta: uma fiação brilhante e por vezes coloridas oferta um estimulo para a curiosidade e para o tato dos menores.

Medida de controle: observação constante para verificação da presença destes no lar e isolamento com fitas apropriadas.

  • Cabo de fiação rompida em via pública (na frente ou nas proximidades da residência): pode representar este um estimulo para uma brincadeira de puxar o cabo ou algo parecido, sem saberem se este está eletrizado ou não.

Medida de controle: quando observar um cabo na rua não deixar a criança sair para brincar e quando passar próximo segurar bem a mão da criança para evitar qualquer ato repentino dela buscar a fiação.

  • Acesso à fonte de fogo (fogão, fósforo, isqueiro, etc.): O acesso ao fogo é sempre atrativo para as crianças, podendo representar fontes para brincadeiras como queimar papel. É crucial educá-las sobre os perigos associados ao fogo e estar sempre atento quando houver uma fonte de fogo ativa em casa.

Medida de controle: manter objetos que façam fogo longe do alcance das crianças, apagar brasas restantes após apagar o fogo para evitar propagação das chamas.

  • Risco de queimaduras por contato com líquido/vasilha quente: Por não terem a sensação de perigo formada ainda, elas subestimam o risco de tocar em panelas/vasilhas quentes podendo até virar o conteúdo em si mesmas causando graves queimaduras.

Medida de controle: manter as crianças longe do acesso a esses utensílios/líquidos, sempre.

  • Risco de queda por alturas: O acesso a altitudes parece atrativo para as crianças, especialmente quando influenciadas por super-heróis que voam ou pulam sem se machucar, aumentando o risco de quedas e lesões.

Medida de controle: monitorar as brincadeiras principalmente em áreas altas, guardar escadas longe do alcance das crianças, em áreas residenciais como apartamentos ou casas de mais de um andar é importante que sempre tenha proteção nas janelas e varandas.

  • Risco de queda em áreas molhadas: As crianças gostam de brincar com água, principalmente durante a chuva, mas há risco de escorregar e se machucar, resultando em torções ou fraturas. Além disso, é desaconselhável que as crianças estejam expostas durante chuvas com relâmpagos e trovões.

Também é importante evitar que as crianças brinquem em áreas molhadas, principalmente em chãos com piso liso, não deixar que elas saiam durante chuvas e em caso de piscina sempre instalar proteção ao redor, para evitar que a criança caia e se afogue.

Em 2023 a secretária de Estado de Saúde de São Paulo (SES-SP) registrou um aumento de 84,5% nos atendimentos e internações de crianças menores de 12 anos devido a acidentes domésticos nos meses de janeiro e julho.

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: