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Chefão comanda o tráfico de dentro da prisão

As investigações do Ministério Público que resultaram em 13 mandados de prisão de policiais civis d

Segunda - 15/07/2013 às 21:07



Foto: Reprodução EPTV Um dos principais criminosos do estado de São Paulo - Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, segue no comando do tráfico em Campinas e região, mes
Um dos principais criminosos do estado de São Paulo - Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, segue no comando do tráfico em Campinas e região, mes
As investigações do Ministério Público que resultaram em 13 mandados de prisão de policiais civis de Campinas (SP) e São Paulo (SP), suspeitos de envolvimento com tráfico de drogas, apontaram que um dos principais criminosos do estado de São Paulo - Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, segue no comando do tráfico em Campinas e região, mesmo preso na penitenciária de Presidente Venceslau (SP), onde cumpre pena de 400 anos desde 2002. Com autorização da Justiça, grampos telefônicas flagraram ordens de Andinho para ataques a policiais e distribuição de drogas.

Segundo o Ministério Público, os policiais civis cobravam uma anuidade entre R$ 200 mil e R$ 300 mil dos traficantes da região de Campinas que trabalhavam para Andinho para não serem presos, além de uma mensalidade cujo valor ainda não foi divulgado. Em parceria com a Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpre mandados de prisão, além de busca e apreensão nas delegacias onde os policiais trabalhavam, desde a manhã desta segunda-feira (15).

A operação foi deflagrada após investigações promovidas pelos promotores do Gaeco de Campinas. Entre as provas estão as conversas telefônicas interceptadas com autorização da Justiça. Parte dos suspeitos trabalha no Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc), responsável pela repressão ao tráfico.

Corregedoria cumpre mandados de busca em delegacia de Campinas

Ao todo, 13 mandados de prisão estão sendo cumpridos em São Paulo e em Campinas. Até as 12h desta segunda-feira, sete policiais haviam sido presos. Entre eles estão dois delegados do Denarc. O supervisor da Unidade de Inteligência do departamento, Clemente Calvo Castilhone Junior, também foi detido.

O advogado de Castilhone, João Batista Augusto Junior, afirmou desconhecer os motivos que levaram à prisão temporária por 30 dias de seu cliente. Augusto Junior, entretanto, afirma que o delegado é inocente de qualquer acusação que lhe venha a ser atribuída. O defensor irá tomar conhecimento das acusações para tentar na Justiça revogar a prisão. Os presos estão sendo levados para o prédio da Corregedoria da Polícia Civil, no Centro de São Paulo, assim como os documentos apreendidos no 10º Distrito Policial de Campinas.

Os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz da 6ª Vara Criminal de Campinas, José Guilherme Di Rienzo Marrey, contra delegados, investigadores, escrivães e carceireiros suspeitos de crimes como corrupção, extorsão, formação de quadrilha - como por exemplo associação para o tráfico de drogas -, segundo apurou o G1. Também estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão na casa desses policiais e nas delegacias onde trabalham.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que a Corregedoria da Polícia Civil já adotou todas a providências legais cabíveis, instaurando procedimentos para apurar a conduta individual de cada policial envolvido na investigação e que a Polícia Civil de São Paulo não compactua com qualquer tipo de desvio ou pratica de ilícito por parte do policiais da instituição.

Pagamento de propina

Segundo o Gaeco, um dos esquemas comandados por Andinho de dentro da penitenciária era o pagamento de propina a policiais do Denarc, em São Paulo. Para que a atuação da facção criminosa fosse facilitada os policiais recebiam uma espécie de mensalidade dos criminosos, além de um pagamento anual que variava de R$ 200 mil a R$ 300 mil.

A investigação mostrou ainda que no início deste ano o pagamento feito pelos traficantes começou a atrasar e que isso teria gerado revolta dos policiais do departamento de narcóticos, envolvidos no suposto esquema.

Eles teriam iniciado uma série de represálias, como sequestros de parentes dos traficantes para exigir que o acordo fosse cumprido. Na hora de pedir o resgate, os policiais usavam os telefones dos próprios familiares, que estavam grampeados pelos promotores com autorização da Justiça.

O esquema começou a ser descoberto em outubro do ano passado depois uma operação do Ministério Público em quatro cidades da região de Campinas: Campinas, Monte Mor (SP), Hortolândia (SP) e Cosmópolis (SP). Ao todo, eram 29 mandados de prisão para serem cumpridos. Entre eles estava um empresário suspeito de ser um dos líderes da facção criminosa. Ele morava em um condomínio de alto padrão em Campinas e dono de uma rede de lanchonetes na cidade. Em uma das unidades, na Avenida José de Souza Campos, a Norte-Sul, foram apreendidos documentos e computadores.

Outros mandados de busca e apreensão também foram cumpriram na sede da Torcida Jovem da Ponte Preta e em outros endereços. Os policiais encontraram armas de grosso calibre, granadas, munição e coletes a prova de balas. A partir dessa operação o Gaeco monitorar os traficantes da região e descobriu a forma como eles agiam.

Por meio de escutas telefônicas feitas com autorização da Justiça, os promotores identificaram que a entrada de drogas para ser distribuída em Campinas acontecia pela região do bairro São Fernando, e que a facção criminosa continuava sendo comandada de dentro da Penitenciária de Presidente Venceslau por
Andinho.

Ele cumpre pena por roubo a bancos e assassinatos. Líder de uma quadrilha com pelo menos 10 integrantes, a polícia acredita que ele tenha feito pelo menos 12 sequestros na região de Campinas. Wanderson Nilton de Paula Lima também foi acusado pelo MP de envolvimento na morte do prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos (PT), o Toninho, em setembro de 2001, mas a denúncia não foi aceita pela Justiça.

A investigação mostrou que no início deste ano o pagamento feito pelos traficantes começou a atrasar e que isso teria gerado revolta dos policiais do Departamento de Narcóticos, envolvidos no esquema e que isso teria motivado a série de represálias. Outra frente de atuação dos policiais foi intensificar as ações contra a quadrilha, ainda de acordo com o Gaeco. Em fevereiro deste ano, nove traficantes foram presos em Mogi Mirim (SP) em uma operação do próprio Denarc.

Os policiais teriam se passado por compradores para fazer os flagrantes. Segundo o MP, Andinho teria então dado a ordem de contra-atacar. As armas da facção criminosa deveriam passar a ser usadas para enfrentar a polícia e matar policiais. Como tudo estava sendo monitorado pelos promotores, os suspeitos de envolvimento no caso tiveram os mandados de prisão emitidos pela Justiça. 

Fonte: G1

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