Centro da rede pública permite que parto normal seja tranquilo

Espaço mantido pela Prefeitura de Teresina acumula bons resultados


Grávida

Grávida Foto: Capesesp

Há quatro meses, a pequena Isabelly nasceu no Centro de Parto Normal, localizado na Maternidade do Hospital Buenos Aires, zona Norte da capital. A mãe dela, a cabeleleira Ivoneide Alves Batista, conta que a equipe de enfermeiros que a atendeu passou muita segurança, permitindo que o nascimento da filha acontecesse de forma rápida e tranquila. Como ela, outras 461 mulheres foram assistidas no espaço e conseguiram ter seus filhos de forma natural.

Para os profissionais que atuam no primeiro Centro de Parto Normal de Teresina, humanizar o parto é respeitar a natureza do corpo, focar na mãe e no bebê e dar o protagonismo para a mulher. Com seis meses em funcionamento, o espaço mantido pela Prefeitura de Teresina acumula bons resultados. De setembro de 2016 a fevereiro de 2017, 67% dos partos aconteceram naturalmente.

“Eu já tinha referências ótimas e fui muito bem atendida. Cheguei por volta das 15h45 e tive a neném às 21h33. Se eu tiver outra filha, irei novamente para o Centro de Parto Normal”, afirma Ivoneide, que se diz satisfeita também com o atendimento dado ao marido e à filha. 

Para a enfermeira obstetra Bruna Maria, uma das oito que trabalham no local, é recompensador ver uma mulher parir sem intervenções, de forma humanizada, natural e não cirúrgica. “É gratificante e percebemos que é uma decisão prazerosa para algumas mulheres. Já vi algumas parirem sorrindo, sendo ativa no processo, tomando o controle do seu corpo e seguindo seu instinto feminino, deixando-se guiar. Prazer maior não há: o nascimento de um bebê, de uma mãe, de um pai, uma família!”, descreve. 

O Centro de Parto Normal tem equipe multiprofissional composta por anestesistas, pediatras, corpo de enfermagem, assistentes, além da equipe de apoio. Todos ficam à disposição para intervir somente se necessário e os procedimentos são discutidos antes de serem realizados. “Não usamos ocitocina (remédio para promover as contrações musculares uterinas), não fazemos a episiotomia (corte cirúrgico feito no períneo), a gente não faz tricotomia (raspagem dos pelos pubianos), também não fazemos enema (lavagem intestinal)”, informa a enfermeira Bruna.

No Centro de Parto Normal a mulher tem a opção de escolher como se movimentar livremente no local e a ter acesso a métodos alternativos de alívio de dor, como massagens, caminhadas e banhos de banheira. Além disso, oferece ainda às gestantes o ambiente ideal para receber o bebê, com iluminação e temperatura adequadas. 

Mais mulheres optam pelo parto normal

Os especialistas observam que mais mulheres estão decidindo pelo parto normal, conscientes de que é um ato fisiológico, algo natural. “Há uma mobilização internacional. As mulheres empoderadas não querem mais aquele parto normal antigo, intervencionista, com a paciente sempre deitada, sem direito à acompanhante, sozinha. Da década de 20 até agora, o parto foi medicalizado, institucionalizado e hoje as mulheres querem ser protagonistas do parto”, comenta a enfermeira Bruna Maria. 

Quem fez essa escolha de forma consciente foi Satyê Rocha Almada, 27 anos, que se emocionou muito na hora do nascimento da filha. “Após 33 horas de trabalho de parto e 50 horas acordada, consegui parir minha princesa da forma mais linda e emocionante possível. Pari na banqueta, ao som de trem-bala e na companhia e assistência de uma equipe excelente e também do meu marido. Agradeço e parabenizo a todos pelo atendimento que tivemos”, relata.

A auxiliar de saúde bucal Valéria Araújo de Sousa,  de 27 anos, também teve uma experiência positiva ao dar a luz ao Benjamim.  “Fui atendida por profissionais excelentes no Centro de Parto Normal. Afirmo que aqui existe humanidade e respeito ao tempo de parto, bebê e mamãe”, disse.

Cesariana tem mais riscos de infecção

Estudos indicam que, na cesariana, a mãe corre três vezes mais risco de morte e o bebê tem 120 vezes mais chances de ter algum problema respiratório. Também há mais probabilidade de uma infecção, hemorragia e complicações relacionadas à anestesia. Já o parto normal tem vários fatores benéficos, como a descida mais rápida do leite materno, o vínculo mãe/bebê e o corte tardio do cordão umbilical.

No Centro de Parto Normal, os profissionais analisam vários fatores da parturiente através do partograma, como a dilatação uterina, o batimento cardiofetal e as  contrações. Para alívio da dor, utilizam tecnologias não invasivas, como massagens, exercícios respiratórios, uso da bola suíça, do cavalinho, banho morno, musicoterapia e até a caminhada.

Após o nascimento, existe o aleitamento na primeira hora de vida do bebê, permitindo o contato pele a pele. O acompanhante também pode participar, cortando o cordão umbilical, por exemplo.

Fonte: Prefeitura de Teresina

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