Política Nacional

Caso Marielle: delator do crime está jurado de morte

O ex-milprocurou a polícia para relatar ex-PM Orlando e o vereador Marcello Siciliano

Quarta - 09/05/2018 às 16:05



Foto: Reprodução Vereadora Marielle Franco
Vereadora Marielle Franco

A testemunha que revelou detalhes ao GLOBO sobre a execução da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, disse que está ameaçada de morte por Orlando Oliveira de Araújo, o ex-PM Orlando de Curicica, preso em Bangu 9 desde outubro do ano passado. Da cadeia, o miliciano ainda controla favelas da região de Jacarepaguá.

O delator se afastou da milícia em setembro do ano passado. O GLOBO revelou detalhes de uma nova denúncia da testemunha que também revela o assassinato de dois sócios e quanto a milícia da região de Jacarepaguá fatura por mês com a exploração do "gatonet".

O vereador Marcello Siciliano (PHS) negou, na noite dessa terça-feira (8), que tivesse interesse na morte da vereadora Marielle Franco, sua colega na Câmara do Rio, assassinada em 14 de março passado no centro da cidade. Siciliano foi citado em matéria do jornal O Globo na internet como alvo de um delator à polícia, que teria fornecido detalhes de sua ligação com um miliciano, conhecido como Orlando da Curicica, atualmente preso, e que teriam combinado a morte da parlamentar.

Siciliano se manifestou em nota divulgada por sua assessoria e se disse revoltado com a acusação, ressaltando, inclusive, manter amizade com Marielle, com quem teria assinado projetos de lei em conjunto.

"Expresso aqui meu total repúdio à acusação de que eu queria a morte de Marielle Franco. Ela é totalmente falsa. Não conheço Orlando da Curicica e acho uma covardia tentarem me incriminar dessa forma. Marielle, além de colega de trabalho, era minha amiga. Tínhamos projetos de lei juntos. Essa acusação causa um sentimento de revolta por não ter qualquer fundamento. Eu, assim como muitos, já esperava que esse caso fosse elucidado o mais rápido possível. Agora, desejo ainda mais celeridade", expressou Siciliano.

Segundo a reportagem de O Globo , o delator afirmou que Marielle estaria contrariando interesses políticos de Siciliano na Cidade de Deus, na zona oeste. O delator teria trabalhado para a milícia, mas decidiu revelar o que sabia à polícia em troca de proteção. Um dos colaboradores de Siciliano, Alexandre Pereira, foi morto na noite de 8 de abril, na Taquara, zona oeste, dois dias depois do vereador prestar depoimento à Delegacia de Homicídios.

Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, foram mortos na noite de 14 de março, no bairro do Estácio, após ela ter participado de seu último compromisso político, na Lapa. Seu carro passou a ser perseguido por dois veículos e ela e Anderson foram metralhados, em uma sucessão de 13 tiros. A assessoria de Siciliano informou que o parlamentar deverá convocar uma coletiva de imprensa para esta quarta-feira (9), com o objetivo de se defender das acusações.

Suspeitos

Nos seus depoimentos, a testemunha afirmou que, durante os encontros da milícia, foram mencionados os nomes de outros integrantes do bando, que teriam participado da execução da vereadora. Ainda conforme a delação, em um deles, o vereador Siciliano chegou a falar alto: “Tem que ver a situação da Marielle. A mulher está me atrapalhando", as informações são do Jornal Nacional de ontem (8).

A testemunha disse ainda que a desavença entre o vereador e Marielle foi motivada pela expansão das ações comunitárias dela na Zona Oeste, em áreas de interesse da milícia. A vereadora do PSOL teria começado a apoiar os moradores da Cidade de Deus, comprando briga com Siciliano e o ex-PM, que têm uma parte do seu reduto eleitoral na região. De acordo com a testemunha, foi Orlando Oliveira de Araújo quem deu a ordem de matar Marielle, de dentro da cadeia, um mês antes da execução.

O vereador se pronunciou e disse que tudo não passa de "uma covardia". "Sou um homem de bem, correto. Não sou safado. Não sou criminoso. Tenho família. Tenho quatro filhos, três netos. Todos estão me ligando, preocupados. A Marielle era minha amiga. E não faria isso (assassinar) nem com a Marielle, nem com ninguém", afirmou Siciliano.

Fonte: O Globo/Terra

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: