Educação

Candidatos tentam fraudar concurso para delegados

Piauí Hoje

Quinta - 10/01/2008 às 03:01



Pessoas que, em tese, deveriam zelar pela ética, a justiça e pelo bem-estar foram descobertas tentando fraudar o concurso público destinado ao preenchimento de 83 vagas para delegado da Polícia Civil. De acordo com o titular da pasta da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, Roberto Monteiro, 39 candidatos tentaram fraudar a fase da titulação do concurso, apresentando-se como autores ou co-autores de livros que não foram escritos por eles. "Nosso serviço de segurança descobriu indícios fortes de fraude nesta última fase, que altera a classificação do concurso", explica Monteiro.Ele ressalta que o processo seletivo está parado enquanto as investigações continuarem, mas a seleção não está anulada. "Em princípio não parece que tenha condições de anular o concurso. Não há evidências nos autos de que tenha havido fraudes nas provas (realizadas em março de 2006), pelo menos por enquanto", esclarece Monteiro. Segundo o secretário, com a descoberta na fraude, também serão verificados os títulos de mestrado e pós-graduações dos aproximadamente 500 candidatos que conseguiram chegar à fase das titulações.Para o secretário, ainda não existem indícios de que integrantes da Comissão Coordenadora do Vestibular da Universidade Estadual do Ceará (Uece), organizadora do concurso, tenham participado do esquema de fraudes na titulação. "Todos os concursos públicos são investigados por nós e posso dizer que, por enquanto, não existem outros com este problema", completa Monteiro.O titular da SSPDS diz que os 39 candidatos, sendo comprovada a culpa de cada um, serão excluídos do processo seletivo. "Há casos em que um mesmo candidato é autor ou co-autor de três obras em 2007, quando estaria estudando para o concurso. É um caso antiético prestar concurso para delegado e tentar fraudá-lo", ressalta, informando que o caso será encaminhado ao Ministério Público Estadual, que acompanhará as investigações.Segundo a delegada Adriana Arruda, designada desde 2 de dezembro do ano passado para investigar o caso, foram descobertos 77 livros de conteúdo jurídico com o selo de uma editora sediada em Fortaleza, que não terá o nome divulgado enquanto continuarem as investigações. Ela chegou ao número depois de comunicar a tentativa de fraude à comissão organizadora do concurso e solicitar todos os livros entregues pelos candidatos. "A capa não é destas do mestrado, é como se fosse um livro jurídico comum, desses que você compra normalmente, com o nome dos autores impresso na capa", destaca Adriana. O livro de uma editora, com sede em Pernambuco, também teria sido copiado por um dos fraudadores.De acordo com a delegada, não existe um prazo definido para o fim do inquérito que apura as fraudes. "Por enquanto não sabemos se a editora está envolvida no caso, nem o valor pago para se conseguir um livro", explica Adriana, que é titular da Delegacia de Proteção ao Turista. Adriana diz que, caso seja comprovada a culpa dos candidatos que se identificaram como autores nos livros, eles serão indiciados por falsidade ideológica, crime previsto com prisão de um a quatro anos.

Fonte: Opovo

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