Saúde

Câncer de fígado está entre os tumores que mais matam no mundo

Caracterizado pela alta letalidade e sobrevida curta após o diagnóstico, esse tipo de câncer provoca mais de 500 mil mortes por ano, segundo o INCA

Quarta - 21/12/2016 às 15:12



Foto: Seborréia Capilar Câncer de Fígado
Câncer de Fígado

Correria com trabalho e estudos, vida social agitada e falta de tempo: três fatores cada vez mais presentes na vida das pessoas, principalmente nas grandes cidades. Com isso, o estresse e cansaço vão aumentando, representando um mal à saúde não só por existirem, mas pelas consequências que podem trazer. Com a vida tumultuada, muitos tentam encontrar brechas para espairecer e esfriar a cabeça, e isso nem sempre quer dizer que simplesmente buscam atividades saudáveis que fazem relaxar a mente e o corpo: há um número grande de pessoas que buscam esse descanso em hábitos que pioram sua situação, como o consumo de álcool em excesso.

De acordo com o Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), em 2012, 5,6 % dos brasileiros abusavam ou dependiam de álcool. No mesmo período, a substância esteve associada a 61,5% dos índices de cirrose hepática e a 11,5% dos acidentes de trânsito no país. O consumo desequilibrado pode gerar graves consequências à saúde, representando um fator de risco não só para a cirrose hepática, mas um tipo de câncer não muito falado, porém mais letal que outros tumores, por conta do diagnóstico geralmente tardio: o câncer de fígado.

A cirrose hepática, de forma resumida, é uma condição causada principalmente pelo consumo desmedido de álcool ou doenças como as hepatites B e C, que se dá pela formação de nódulos e de fibroses no fígado, que levam ao comprometimento ou paralisação de suas funções. Para não desenvolver cirrose hepática é necessário nunca ultrapassar duas doses de bebidas alcoólicas por dia. Já a transmissão do vírus da hepatite B pode ser prevenida pela vacinação, e para a hepatite C não há vacina, mas existe tratamento.

Já o câncer de fígado pode ser dividido em dois tipos: câncer primário (que tem sua origem no próprio órgão) e secundário ou metastático (originado em outro órgão e que atinge também o fígado). O mais frequente câncer primário, que ocorre em até 80% dos casos, é o hepatocarcinoma ou carcinoma hepatocelular. A cirrose hepática está na origem de mais da metade dos casos desse tipo, caracterizado por ser agressivo e de curto tempo de evolução.

O câncer de fígado, caracterizado pela alta letalidade e sobrevida curta após o diagnóstico, é o quinto tipo mais frequente no mundo e a terceira causa de morte por câncer, levando a mais de 500 mil mortes por ano, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). “Seus principais sintomas são fraqueza, perda de peso inexplicada, falta de apetite, mal-estar, massa abdominal, distensão, icterícia (tonalidade amarelada na pele e nos olhos) e acúmulo de líquido no abdômen (ascite). Porém muitas vezes os sintomas se manifestam apenas nas fases mais avançadas. Sendo uma doença silenciosa em fases iniciais.”, afirma Dr. Tulio Eduardo Flesch Pfiffer, médico oncologista clínico do centro de oncologia do Hospital Sírio Libanês e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.

Geralmente o tumor se encontra em estágio avançado quando é feito o diagnóstico. O tempo de duplicação do volume de massa é, em média, de quatro meses. A identificação precoce do hepatocarcinoma tem enorme impacto positivo no tratamento, e pode ser feita através da dosagem de um marcador tumoral, a alfafetoproteína sérica, no sangue, e da ultrassonografia abdominal. A exatidão da ultrassonografia na identificação de tumores chega a 90%.

Para um diagnóstico mais precoce, as pessoas que estão dentro grupo de risco devem ser submetidas periodicamente à realização de exames laboratoriais e de imagem, sendo a ultrassonografia a modalidade mais recomendada. Quando são identificados nódulos suspeitos, são necessários outros exames, que podem ser a tomografia computadorizada, a ressonância magnética e, eventualmente, a biópsia dirigida do nódulo.

O Dr. Tulio ainda alerta que “para o tratamento do câncer de fígado existe um grande número de procedimentos pouco invasivos, bem como cirurgias para retirar a parte do fígado comprometida ou mesmo transplante de fígado. Além de tratamento sistêmico com terapia alvo e mesmo quimioterápico convencional. A escolha do tratamento apropriado depende da fase da doença uma série de características do paciente e sua saúde”.

Caso o paciente seja diagnosticado com tumor irressecável avançado ou não responda à opção de tratamento escolhida junto ao especialista, uma das opções de tratamentos disponíveis do Brasil é o Nexavar® (sorafenibe), terapia oral que aumenta a sobrevida em até quatro meses. Trata-se de uma terapia alvo, inibidor multiquinase, ou seja, que bloqueia vias biológicas necessárias aos mecanismos de crescimento e progressão de tumores. O sorafenibe combate tanto a angiogênese (crescimento de novos vasos sanguíneos que alimentam o tumor), quanto as células tumorais. O sorafenibe foi a primeira terapia disponível a demonstrar ganho em sobre vida global de pacientes com hepatocarcinoma avançado na história da medicina. Ao contrário do que acontece nos tratamentos convencionais, o medicamento oferece maior tolerabilidade e menos efeitos adversos, o que garante mais estabilidade e bem-estar ao paciente. A terapia também foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para tratar o câncer de rim e de tireoide.

O ganho de sobrevida proporcionado pelo tratamento com sorafenibe é fundamental para que o paciente possa entrar na fila por um transplante de fígado. Sendo que o transplante é, atualmente, o único meio de cura completa da doença.

Fonte: Noticias ao Minuto

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