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UnB já formou mais de 1 mil universitários pelas cotas

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Segunda - 21/11/2011 às 15:11



 O programa de cotas para negros da Universidade de Brasília (UnB) completou sete anos com um saldo de 1.024 cotistas formados. Desde o segundo semestre de 2004, quando a primeira turma de estudantes aprovada pelo sistema iniciou suas aulas na instituição, 6.180 candidatos cotistas já se matricularam na universidade. Para a reitoria, o programa – o primeiro de uma universidade federal – é símbolo de sucesso.

“Estamos no meio do processo, mas o programa é de grande sucesso e tem atingido as metas. Ele está de acordo com o compromisso público e social da universidade”, afirma a decana de Graduação da UnB, Márcia Abrahão. Em três anos, a instituição terá de fazer uma avaliação dos resultados do programa e definir se o mantém ou não.

Criado para durar dez anos, o sistema reserva 20% das vagas do vestibular para estudantes que se declaram negros para uma banca de professores e pesquisadores que entrevistam o candidato. A banca pode julgar o estudante inapto a concorrer às vagas da instituição pelo programa. Antes disso, essa banca avaliava uma foto do candidato.

A forma de declaração da raça é apenas uma das polêmicas que a universidade enfrentou desde que decidiu criar o programa de cotas. Não há consenso entre a comunidade acadêmica sobre a necessidade da reserva de vagas ou o público alvo delas. Márcia ressalta, porém, que os estudos acadêmicos produzidos sobre o tema têm quebrado paradigmas.

Jacques Velloso, professor emérito da UnB e pesquisador colaborador da Faculdade de Educação, é autor de alguns deles. Em diferentes momentos desde 2004, Velloso comparou o rendimento e a evasão dos cotistas em relação aos que entraram pela seleção comum. Analisou também o impacto do sistema para a entrada de negros na universidade.

Os resultados mostram que não há diferenças significativas de desempenho entre os cotistas e os não-cotistas durante os cursos, os que entram pela reserva de vagas abandonam menos a graduação e o sistema de cotas contribuiu para mudar o perfil dos universitários. “O programa mudou sim a cara da universidade. Ele é necessário para corrigir injustiças pregressas, mas ainda possui efeitos modestos”, enfatiza Velloso.

Um dos estudos do pesquisador mostra que o sistema de cotas dobrou (em alguns casos até mais) as chances de os estudantes negros ingressarem nos cursos da UnB, especialmente nos mais disputados. Se as vagas tivessem sido dobradas, mas não houvesse a reserva, o professor diz que a participação desses alunos na universidade não seria maior do que 10%.

Para o professor, a UnB deverá discutir, no futuro, a adoção de cotas sociais também, para que os negros mais pobres sejam incluídos na universidade. Mas reconhece que é preciso oferecer uma educação básica pública de qualidade para que as instituições de ensino superior sejam, de fato, mais plurais.

Rendimento semelhante
Márcia Abrahão garante que as pesquisas desenvolvidas na UnB quebraram também outros mitos, como a possível queda na qualidade de ensino da instituição. “Os estudos provaram que o desempenho dos cotistas é excelente e independe da forma de ingresso. Na média, a nota do cotista no vestibular é menor, mas ao longo do curso ela some”, diz a decana.

Fonte: ig

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