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FEMINICÍDIO

Um ano após assassinato de aluna, sistema de segurança da UFPI continua precário

Professores, alunos e servidores reclamam da insegurança na área do Campus Petrônio Portella

Da redação

Quinta - 01/02/2024 às 01:00



Foto: Divulgação Maria do Socorro em homenagem feita para Janaína pelo DCE
Maria do Socorro em homenagem feita para Janaína pelo DCE

Um ano depois do brutal assassinato da estudante de jornalismo Janaina Bezerra, de 22 anos, alunos, professores e servidores da Univerdade Federal do Piauí - UFPI, afirmam que o sistema de segurança na área da universidade é ineficaz. Segundo eles, não há tranquilidade para andar sem riscos de assédio, assaltos e outros tipos de importunações, inclusive sexuais. Janaína foi assassinada durante uma festa de calourada entre a noite de 27 e 28 de janeiro, pelo mestrando Thiago Mayson,22.

Uma das provas de que o sistema de segurança da UFPI é precário é que as calouradas e outras festas universsitárias foram proibidas como uma forma de culpabilizar esses eventos pela insegurança, já que na época do assassinato de Janaína a gestão da UFPI publicou uma nota em seu site e no Instagram lamentando o caso e responsabilizando as festas universitárias pelo crime, se abstendo de qualquer culpa sobre o caso. Essa posição gerou revolta entre os estudantes. Todos exigiam que medidas de segurança fossem adotadas.

A revolta dos estudantes gerou protestos. A Reitoria foi ocupada, resultando na criação de 24 medida para garantir a segurança na área da Universidade, especiamente para as mulheres. Também foi acertado a criação de diciplinas para conscientizar sobre o respeito as mulheres e homenagear a memória de Janaína.

A Coordenadoria de Comunicação da UFPI disse ao Portal Piauí Hoje.Com que foi craido um Grupo de Trabalho (GT) para o enfrentamento à violência de gênero. Ocorre que esse grupo de trabalho só foi um ano após o assassinato. O GT ainda carece de aprovação pelo Conselho Universitário. A principio o grupo completava apenas servidores do sexo masculino. 

"A Universidade Federal do Piauí intensificou ações e estratégias que visam garantir a segurança em suas unidades de ensino e setores administrativos".

Em visita aos corredores da UFPI muitos estudantes, principalmente alunas, que erelatam inúmeros casos de assédios e perturbações sexuais, afirmam que quase nada foi feito para que mortes como a de Janaína não aconteçam mais. Giovana Soares, estudante de jornalismo, diz que nada mudou um ano após o crime que chocou a sociedade e teve repercussão nacional.

“Quando a gente olha para o que aconteceu no ano passado e a gente vê a realidade agora, andando nas paradas ônibus e em locais sem um pingo de iluminação, a gente percebe que praticamente nada foi feito para evitar que esse crime tivesse acontecido. Nenhuma medida foi tomada. Não há como dizer que hoje esse crime nunca aconteceria."

Em contato com a Coordenadora Geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Thays Dias, ela revela um sentimento de impunidade e tristeza ao falar sobre o que ela considera como supostas medidas adotadas pela Universidade para garantir a segurança da comunidade.

“A universidade tentou culpar o movimento estudantil e as festas que acontecem. E mesmo proibindo as festas, continuam sendo muitos os casos de assédio que recebemos. Abrimos uma ouvidoria no site do DCE, onde recebemos inúmeras denúncias de assédio. No próprio Centro em que estudo, o CCHL, temos recebido inúmeras denúncias de assédio. Portanto, o que vemos é que a Administração Superior não deu a mínima atenção a esse assunto, às nossas vidas”, enfatiza a jovem.

Durante homenagem realizada pelo DCE, no fim da tarde desta segunda-feira, dia 30 de janeiro, foram apresentadas discussões sobre feminicídio, discriminação, impunidade e assédio sexual. Também foi ressaltada a falta de iluminação em toda a instituição. A homenagem contou com a presença da mãe de Janaína, Maria do Socorro da Silva e terminou com um sarau de poesias. Dona Socorro falou sobre a dor da perda da filha e expressou esperança em meio à tragédia. Ela acredita que, apesar do tempo que se passou, até agora, não foram tomadas medidas efetivas para que tragédias como a de sua filha não aconteçam mais. A esperança dela reside na possibilidade de mudanças positivas no futuro, buscando justiça e prevenção para evitar que outras famílias enfrentem tragédias semelhantes.

 "Eu perdi minha filha, mas tem muita gente que está precisando de força. Para acontecerem coisas melhores, porque está com um ano e até agora não fizeram nada. Então não é possível que estão esperando mais uma janaína para poder fazer."

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