Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Tenente-coronel Mauro Cid e o ex-presidente Jair Bolsonaro
Agora a cada não caiu, desabou. E o cerco está se fechando por todos os lados e deixando o ex-presidente Jair Bolsonaro cada vez mais perto da prisão por vários crimes. Essa quinta-feira (17) foi muito ruim para ele e seus aliados. Dois envolvidos, o hacker Walter Delgatti Neto e o ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid, colocaram ex-presidente no centro de dois escândalos: o da venda das joias e o dos atos golpistas de 8 de Janeiro.
Walter Delgatti
Delgatti colocou Jair Bolsonaro (PL) como um dos mentores da tentativa de golpe ao afirmar à CPI dos atos golpistas que receberia um indulto presidencial se invadisse as urnas eletrônicas. Segundo Bolsonaro, Delgatti está "fantasiando". O ex-presidente não se manifestou sobre a decisão de Mauro Cid confessar os crimes.
Na CPI dos atos golpistas, Delgatti afirmou também que o ministro Alexandre Moraes, do STF, já havia sido grampeado por ordem de Boldonaro e chamou o senador Sergio Moro (União Brasil) de "criminoso contumaz". O hacker disse também que o "ataque de fora [às urnas] seria impossível" e que, por cerca de quatro meses, ficou com as senhas fáceis do CNJ e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), do tipo "12345".
Walter Delgatti: crimes cibernéticos
Mauro Cid
Já o tenente-coronel Mauro Cid, preso desde maio, decidiu que fará uma confissão e apontará o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como mandante no caso da recuperação das joias, recebidas de presente. A informação foi divulgada na tarde desta quinta-feira (17) pela revista Veja.
Segundo a revista, o ex-ajudante de ordens e "faz tudo" de Boldonaro fará uma confissão e não uma delação. Cid não fechou uma delação premiada e tem ficado em silêncio sobre as joias e a possível falsificação de cartões de vacina, que resultou em sua prisão em maio.
O novo advogado de Mauro Cid, o criminalista Cesar Bitencourt, disse que conversará com o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), para atenuar a pena do cliente.
Bitencourt disse que a versão que Cid contará vai deixar claro que o ex-presidente sabia, pelo menos parcialmente, dos esforços para recomprar as joias desviadas. Além disso, o advogado falou que o tenente-coronel arranjou o retorno dos bens ao Brasil e entregou o dinheiro em espécie ao então presidente para dificultar rastreios.
"O dinheiro era de Bolsonaro", afirmou Bitencourt à Veja. Os planos para comprar as joias revendidas poderiam ser caracterizados também como contrabando. "Tem a internalização do dinheiro e crime contra o sistema financeiro", segundo o advogado.
O tenente-coronel falará que estava cumprindo ordens de seu chefe da época, Bolsonaro, de quem ele era ajudante. O Código Penal prevê uma redução da pena se um crime é cometido por ordem "de autoridade superior".
Mauro Cid: contrabando de joias
Pai e filho
Semana passada, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão nos endereços do general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel, justamente no caso dos 90desvios de joias e outros bens de valor.
A PF colheu indícios de que o general Cid teria participado da venda dessas joias e chegou a emprestar sua conta bancária no exterior para o recebimento de valores desses negócios.
Segundo a Veja, o ex-ajudante de Bolsonaro teve a ideia de usar a conta bancária do pai nas transações de recuperação das joias. O general teria hesitado, mas teria cedido após insistência do filho. Além disso, a revista encontrou mensagens de Cid avisando o pai de que Bolsonaro passaria na casa dele, em Miami (EUA), para deixar o que "está faltando aí".
Fonte: Agência Senado, Uol e Veja
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