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CRM apura denúncia de que médico operou a própria barriga. Confira

médico opera barriga dele

Sábado - 04/05/2013 às 16:05



O Conselho Regional de Medicina (CRM) vai abrir uma sindicância para investigar o caso do cirurgião plástico de Jundiaí (SP) que fez uma autocirurgia.

O médico Luiz Américo Freitas Sobrinho, de 66 anos, fez em si mesmo uma abdominoplastia no abdômen inferior em setembro de 2012. Um vídeo da operação, publicado no Youtube, já teve mais de 55 mil visualizações (Veja o vídeo atenção: o vídeo tem imagens que podem ser consideradas fortes por algumas pessoas).

No vídeo, é possível ver que o médico faz todas as etapas do procedimento, desde a aplicação da anestesia local até a sutura, apesar de ter ajuda de outras pessoas durante a cirurgia.

De acordo com o CRM, o parecer número 103.167, de 2007, julga inapropriado qualquer tipo de ato médico em si, assim como pedido de exames para ele mesmo. As medidas variam entre a advertência até a cassação do registro profissional.

Para o CRM, uma autocirurgia só seria aceita em caso de \'vida ou morte\'. Como, por exemplo, se o médico estivesse sozinho no meio do mato e se ferisse a ponto de precisar amputar um membro do corpo. O que não foi o caso do cirugião plástico de Jundiaí que, para o órgão, fez com motivação única da parte estética.

A equipe de reportagem do G1 tentou contato repetidas vezes com o médico, mas ele não foi encontrado para comentar o assunto. A secretária dele informou que, por orientação do Conselho de Medicina, o cirurgião não pode se manifestar a respeito do tema.

Repúdio da comunidade médica

O secretário-geral da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Dênis Calazans Loma, informou que a instituição instaurou, em outubro de 2012, um procedimento administrativo sindicante para apurar o caso. “A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica repudia esse tipo de comportamento por não corresponder com o decoro profissional. O procedimento administrativo irá verificar o comportamento do profissional e, consequentemente, dará os devidos procedimentos legais. Concomitante a isso, o órgão encaminhou o caso ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, para verificação de comportamento ético e profissional”, afirmou o secretário, em entrevista ao G1.

As eventuais sanções disciplinares no âmbito da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica vão desde uma advertência sigilosa até a exclusão do médico do quadro de membros do órgão.

Para Dênis, a atitude tomada pelo médico está na contramão da ética profissional. “A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica não aprova esse tipo de procedimento, pois ele não carrega nenhum viés de informação à população, e sim a banalização da medicina”, declarou.

Ainda de acordo com o secretário, o processo está em trâmite, cumprindo todos os direitos de defesa previstos em lei. “Esse é um fato isolado, único. Nunca vimos nada similar. Isso nos causou um grande desconforto”, conclui.

Aprovação dos internautas

O vídeo foi publicado em um perfil com o nome do médico. Apesar do cirurgião não ter confirmado se o perfil pertence realmente a ele, a página traz informações sobre sua formação e contatos da clínica onde trabalha. Na descrição do vídeo, consta que o objetivo da cirurgia foi o de "aprimorar sua técnica, ao experimentar, em seu próprio corpo, o que suas pacientes sentiram, ao longo de três décadas de atividade profissional".

Nos comentários do vídeo o autor responde às perguntas dos internautas e explica o procedimento. Todos eles elogiam a atittude do médico e ressaltam a coragem que ele teve ao realizar o procedimento. Em um deles, o internauta o parabeniza, dizendo que "se quiser um trabalho bem feito, faça você mesmo". O autor concorda. "Concordo com você. Pelo menos se não ficar bom, não iremos reclamar com quem fez", responde.

Um dos usuários do canal compara Freitas Sobrinho ao cirurgião russo Leonid Rogozov, que ficou conhecido por realizar a autoapendicectomia. Ele estava isolado com seus companheiros na Antártida, em 1961, quando teve que recorrer à autocirurgia. Um internauta chega a chamar o médico de "Leonid Ivanovich Rogozov brasileiro", e diz ter orgulho dele. O autor responde, considerando-se feliz por tentar imitá-lo. "Aproveito aqui a oportunidade para dividir este elogio com ele", declara.

Fonte: g1

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