Bombeiros alertam sobre risco de novos deslizamentos

Piauí Hoje


A chuva ainda não parou em Santa Catarina, mas já diminuiu. As águas baixaram, mas o alerta está mantido: novos deslizamentos ainda podem acontecer. Apesar das muitas doações, o abastecimento nas cidades mais prejudicadas ainda é escasso. Falta comida. Em Itajaí, os atingidos pela cheia fazem fila em busca de cestas básicas. Doações chegam de todos os cantos do país. Mas ainda falta comida."Estamos precisando de comida pronta, já separada. Estamos recebendo sacos de 50 quilos de feijão e é difícil de transportar, por exemplo", pede o capitão do Exército Taujó Dornelles. Para evitar novos saques, a polícia orienta as pessoas à noite, vigia as ruas e aconselha todo mundo a ficar em casa. Maratona Socorristas e bombeiros fazem uma maratona. A cena virou rotina em Blumenau: helicópteros já resgataram mais de 500 pessoas na cidade desde segunda-feira (24). A doméstica Maria Antunes foi retirada de uma área de risco. A casa dela ameaça desabar. "É muito triste sair sem saber o que vai acontecer", diz. Em um hospital improvisado, quem precisa recebe os primeiros socorros. O socorrista Sidney dos Santos participa da operação. Ele está há mais de 24 horas sem dormir e também é uma das vítimas da enxurrada. Não consegue voltar para casa há uma semana por causa dos deslizamentos de terra, mas não reclama. Está preocupado com outras pessoas. "Tem muita gente pior que nós, soterrado, desabrigado, passando frio, fome. Tentamos nos confortar com isso. Nós estamos cansados, mas bem", afirma. Em Itajaí, a água baixou e olhar o que restou assusta. Há quase nada para salvar e muito para jogar no lixo. Muitas casas acabaram sendo saqueadas. Por medida de segurança, a polícia decidiu dar uma espécie de toque de recolher. Após 22h, quem estiver andando pela rua tem que se identificar e dar uma boa justificativa. Caso contrário, pode ser detido. "A Polícia Militar vai abordar essa pessoa. Se ela não tem o que fazer, será conduzida", detalha o comandante da PM-SC, coronel Eliésio Rodrigues. Estradas No trecho sul da BR-101, na Grande Florianópolis, onde houve um dos maiores deslizamentos de terra, as pedras e o barro já foram retirados da pista. O trânsito foi liberado em meia-pista, mas só à noite. Durante o dia, continuam os trabalhos de recuperação da rodovia. A BR-101 também está com trânsito em meia-pista, próximo a Balneário Camboriú e no norte do estado. Em Florianópolis, a SC-401 continua interditada. Há riscos de novos deslizamentos. O governador Luiz Henrique declarou estado de calamidade pública em 12 municípios. O número de mortos na tragédia chegou a 99 na quinta-feira (27). Em Gaspar, um caminhão frigorífico foi estacionado em frente ao Instituto Médico Legal para guardar os corpos que ainda não foram reconhecidos. O governador também anunciou luto de três dias em todo o estado. Histórias de dor O auxiliar de serviços gerais André de Oliveira perdeu a família toda soterrada. A história dele dá a dimensão da tragédia em Santa Catarina: "A minha esposa estava grávida, já tinha planos para o filhinho que ia vir. Se fosse menina já tinha até nome, se fosse menino já tinha nome. Eles encontraram a minha mulher segurando a minha menina. Eu coloquei as duas no mesmo caixão, já que foram encontradas agarradinhas, juntas", conta, chorando. Mas em meio a tanta tristeza, há exemplos de solidariedade. A empresária Janete Echeli é voluntária e faz comida para os bombeiros que atendem as vítimas. Ela perdeu a casa na enxurrada e diz que o melhor a fazer é ajudar quem precisa. "Isso que me ajuda. Quando você está trabalhando, ajudando, você tenta não pensar. Há pessoas piores que eu", comenta.

Fonte: G1

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