O Sistema Urubu, aplicativo para celulares e tablets que já é utilizado por mais de 10 mil pessoas, tem sido uma importante ferramenta para o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE) mapear os pontos onde há maior incidência de acidentes com animais.

Disponível para sistemas operacionais Android e iOS, da Apple, o app é a promessa para reduzir as 15 mortes de animais silvestres registradas por segundo em rodovias brasileiras. A plataforma colaborativa, a partir das estatísticas geradas, vai permitir auxiliar o governo e concessionárias na tomada de decisão para proteger a fauna brasileira.

Todos os dados enviados pelo colaborador serão disponibilizados para pesquisadores e especialistas em identificação de espécies. O usuário manda a foto do animal e pode, se quiser, mandar um comentário com informações da ocorrência. O local e horário são registrados automaticamente. Aos usuários, o CBEE orienta que não tenham contato com a carcaça ou tentar socorrê-lo se estiver ferido. Neste caso, o mais indicado é acionar a Polícia Rodoviária.

O mapeamento feito até agora mostra que 72,4% dos animais silvestres mortos nas estradas brasileiras são mamíferos. As aves representam 13,8% das vítimas; reptéis, 11,5%; e anfíbios, 2,3%.

Todos os anos, cerca de 500 milhões de animais selvagens são atropelados. O “atropelômetro”, índice dinâmico da CBEE criado com base na média anual, calculava até o momento de edição desta reportagem a morte de 108.441.800 bichos. São mais de 400 milhões de sapos, pequenas aves e 75 milhões de animais de médio e grande porte como onças, lobos-guará, capivaras, antas, tamanduás, macacos e muitos outros.

Tramita desde o início deste mês na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei nº 466/2015, formulado pelo CBEE junto com a WWF, a Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação e deputado Ricardo Izar com a proposta de reduzir o impacto causado à biodversidade pelos atropelamentos. O PL dispõe de iniciativas para assegurar a circulação de animais silvestres no território nacional, com a redução dos acidentes em estradas e ferrovias.

Entre as medidas propostas está a adoção do Cadastro Nacional Único de acidentes com animais silvestres, com base no Sistema Urubu, a fiscalização e monitoramento das áreas de maior incidência de atropelamentos com o fortalecimento das estruturas de instituições já existentes, a instalação de placas e sistemas de sinalização indicando pontos de travessias de animais, além de campanhas educativas de conscientização dos motoristas.