Após ser chamado de golpista, ministro da cultura abandona palco em festival

Um grupo que estava na plateia deu as costas para o ministro e aplaudiu os manifestantes


Ministro da Cultura, Marcelo Calero, em evento na Fundação Bienal, em São Paulo

Ministro da Cultura, Marcelo Calero, em evento na Fundação Bienal, em São Paulo Foto: Daniel Teixeira|Estadão

O ministro da Cultura, Marcelo Calero, não aguentou ser chamado de "golpista" e abandonou o festival de cinema em Petrópolis (RJ) na noite desta sexta (2), no Museu Imperial.

No vídeo gravado por manifestantes, a plateia chama o ministro de golpista, ele se exalta, faz gestos ofensivos e troca insultos com participantes do protesto.

Numa das cenas, ele gira o polegar de uma mão sobre a palma da outra, em sinal associado a roubo. Não é possível ouvir o que Calero grita para os militantes.

Durante o bate-boca, um grupo de pessoas que não participava do protesto se levantou, deu as costas para o ministro e aplaudiu os manifestantes.Em seguida, Calero deixou o auditório, cercado por seguranças e assessores. 

Confira:

VERSÕES DIVERGENTES

Participante do protesto, a historiadora Rafaela Elisário, 21, disse que o ministro se exaltou ao ser chamado de golpista e chegou a ameaçar os manifestantes.Ela é presidente municipal da União da Juventude Socialista, ligada ao PCdoB, partido que se opôs ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

"Ele pegou o microfone e começou a gritar que era golpista sim, com muito orgulho. Depois perdeu o controle e chegou a avançar em direção às pessoas que estavam se manifestando", disse Elisário.

A assessoria do ministro reconhece que ele se exaltou com os manifestantes, mas diz que sua saída já estava prevista para aquele horário.

O ministério nega que Calero tenha afirmado que é "golpista sim, com muito orgulho". Segundo a assessoria, ele disse apenas que os manifestantes é que são golpistas.

Em seu perfil no Facebook, o ministro se pronunciou sobre o ocorrido, dizendo ter ficado "penalizado" por "meia dúzia" de manifestantes terem deixado "as produtoras do evento constrangidas". "Esse pessoal não quer saber de cultura. Eles não se conformam com a democracia. Querem fazer valer a todo custo a sua verdade particular", adicionou Calero.

Ele também desmentiu as alegações de que teria dito ser "golpista": "a gente sabe que mentira, aliada ao discurso do ódio, é a especialidade deles".

A direção do Festcine Imperial ainda não se manifestou sobre o incidente.Na semana passada, Calero foi vaiado e chamado de "golpista" na abertura do Festival de Gramado, um dos mais tradicionais do país.

O ministro assistiu à exibição de "Aquarius". Em maio, a equipe do filme fez um protesto contra o impeachment no Festival de Cannes.

Fonte: Folha de S.Paulo

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