Aluno de escola pública paga estudo no exterior com venda de marmitas

Filho de vigilante e de uma diarista, o jovem --que sempre estudou em colégio público-- precisa arrecadar R$ 400 mil


Maycon Silva

Maycon Silva Foto: UOL

Um estudante de Brazlândia, região administrativa a 45,7 km de Brasília, aposta na venda de trufas, marmitas e geladinhos para conseguir cursar uma faculdade nos Estados Unidos. Maycon Silva, 23, vem de família humilde. Filho de vigilante e de uma diarista, o jovem --que sempre estudou em colégio público-- precisa arrecadar R$ 400 mil para embarcar na Hult International Business School, escola de negócios na Califórnia.

A paixão pelos Estados Unidos começou cedo. Maycon Silva conciliava os estudos no Centro de Ensino Médio 01 de Brazlândia com as aulas do CIL (Centro Interescolar de Línguas), onde cursava inglês. O ensino em ambas as escolas, segundo ele, era de excelente qualidade. "Os professores eram ótimos. Mesmo com toda a dificuldade do trabalho público, se dedicavam bastante para que os alunos pudessem ir mais longe", diz.

Depois de se formar nas duas escolas, o jovem participou de uma feira de intercâmbio. Lá, ele conheceu uma agência que mostrou o caminho que deveria ser feito para estudar algum tempo no Canadá. Foi aí que a ideia de preparar marmitas, trufas e geladinhos surgiu. Cada um era vendido por R$ 10 e R$ 1, respectivamente. O estudante também contou com a ajuda de amigos para conseguir viajar.

"Quando tomei a decisão de ir, já estava ciente que teria que ralar muito. Além das vendas, fiz até rifa de um aparelho de som aqui de casa. Meu ex-chefe me presenteou com as passagens e um amigo de um parente me deu US$ 1 mil. E foi assim, com muito trabalho e esforço que consegui o que seria até então a realização dá minha vida", diz.

No Canadá, Maycon estudou e trabalhou em um restaurante. Além disso, fez trabalhos voluntários. Um deles foi em um grupo de igreja evangélica, chamada Coastal Church. O trabalho era ajudar pessoas que não tinham casa ou alimento, principalmente crianças. Segundo o jovem, a venda das marmitas fez com que ele não passasse alguns "perrengues" por lá.

"Demorei três meses para conseguir emprego no Canadá. Enquanto isso, minha mãe vendia as marmitas e me enviava o dinheiro. Pagava aluguel e comprava comida com a quantia. Minha mãe é uma guerreira e grande exemplo para minha vida. Ela me apoia e fazia de tudo para me ver realizando sonhos mesmo parecendo impossíveis para nossa realidade financeira", diz. 

Ensino superior

Após 1 ano e 4 meses, Silva voltou ao Brasil e começou a se preparar para cursar o ensino superior. Foram diversas fases, desde envio de documentação até entrevistas com redações. Depois de alguns meses, ele recebeu a ligação e soube que havia sido aprovado na universidade. Para completar a felicidade, também tinha conseguido uma bolsa de 60%. "Confesso que a sensação é única, aquele sonho que você tanto se empenhou se tornar realidade. Coração acelera, mãos ficam suadas e a felicidade toma conta por completo.

" Além das vendas, o jovem também criou uma vaquinha online (https://www.kickante.com.br/campanhas/proxima-parada-california (https://www.kickante.com.br/campanhas/proxima-parada-california)) para conseguir arrecadar a quantia. Ele estima gastar US$ 29 mil por ano (cerca de R$ 93 mil). Até agora, R$ 540 já foram doados. Enquanto não consegue o valor total, o jovem acorda cedo, arregaça as mangas e vai para a cozinha. A mãe e as irmãs também ajudam no trabalho.

"Tenho dois grandes sonhos, um deles é fazer pós em Harvard, coloquei isso como meta de vida e vou lutar muito para chegar lá. O outro é poder ajudar pessoas, tenho um apreço muito grande e uma alegria gigante em ajudar. Ainda vou chegar em uma condição em que poderei ajudar tanto minha família quanto a outras famílias, jovens que têm sonhos como eu um dia tive e que não têm condições para o mesmo.

Fonte: UOL

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