Aluna é vítima de preconceito religioso em Teresina

L, de 15 anos, foi expulsa da sala pelo professor apenas por usar guias de santos


A aluna foi expulsa da sala de aula pelo professor

A aluna foi expulsa da sala de aula pelo professor Foto: Catarina Malheiros/cidadevrede.com

Um episódio de preconceito chocou a comunidade do bairro Esplanada, na zona Sudeste de Teresina. A Delegacia de Defesa e Proteção dos Direitos Humanos e Repressão às Condutas Discriminatórias da Secretaria de Estado da Segurança Pública do Piauí recebeu uma denúncia grave, registrada em boletim de ocorrência, contra um professor de Matemática da Escola Municipal Professor Ofélio Leitão, no bairro Esplanada. “L”, uma aluna de 15 anos, foi expulsa da sala de aula apenas por usar “guias” - colares de contas coloridas - cada uma representando um santo na Umbanda.

A estudante, ainda bastante nervosa, foi à delegacia acompanhada da advogada Sabrina Rafaela, que lamentou a dificuldade até para o registro do B.O. A adolescente contou na delegacia que passou a frequentar as reuniões em um centro espírita, com o apoio da mãe, para superar a depressão, lembrando inclusive que já tentou o suicídio por conta da doença. E relatou o crime de preconceito religioso, do qual foi vítima  

”Eu estava no intervalo quando meus fios de conta apareceram por baixo do uniforme. Um amigo meu olhou e ficou pegando. Eu falei: ’Não pode pegar porque minhas guias contém energias espirituais’. O professor que estava perto olhou e falou: ‘Não toca nela que ela está cheia de macumba’, e meus colegas já ficaram olhando torto. Na hora fiquei bem constrangida e não consegui falar nada. Na entrada da sala eu já estava bem envergonhada e fiquei meio triste na aula de cabeça baixa. Foi quando ele falou: "Saia da minha sala, você parece que está dormindo. Falei que não e ele insistiu: ‘saia não quero saber, vaza, caia fora”. Eu ainda disse que ele precisava respeitar os alunos, e ele respondeu: ‘não vou respeitar ninguém e se você quiser me processar pode processar, já tenho 12 processos nas costas, mais um não vai me fazer falta’”,  lembrou a aluna, que foi à diretoria da escola,  onde foi orientada a procurar pelos seus direitos.

A advogada acrescenta que foi orientada pela OAB-PI a procurar a Delegacia de Proteção a Criança e o Adolescente. “Fomos a DPCA porque ela é menor, tem 15 anos, lá tivemos uma resistência, porque a competência seria da Delegacia de Direitos Humanos. Chegamos aqui e tivemos outra resistência sobre a competência. Ficamos aqui um tempo e no final das contas o delegado optou por registrar o boletim de ocorrência que será enviado para a corregedoria, que irá declinar quem é a delegacia competente para poder realmente começar a investigação”.

O responsável pelo centro espírita, Pai Bruno de Ogum, que acolheu a jovem, explicou que são cerca de 100 pessoas que buscam por algum tipo de ajuda no terreiro, a grande maioria adolescentes, como L. E que o preconceito contra os espíritas é mais comum do que se pensa.

“É bem comum. Já houve casos em ônibus, em vários ambientes, mas são casos isolados. Nossa equipe sempre procura se informar com advogados para tomar as providências. Sempre vamos procurar informações para tomar medidas cabíveis. Daqui há dois dias ela vai se deparar na mesma escola, com o mesmo professor e é uma situação constrangedora, ninguém sabe o que uma pessoa dessa pode fazer movido por intolerância. Vamos juntar a família toda e dar o apoio psicológico, moral, da família e dos amigos”, prometeu Bruno de Ogum

Fonte: cidadeverde.com

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