O caso da menina de 11 anos, moradora do bairro Cristo Rei, zona Sul de Teresina, vítima de automutilação incentivada por um grupo de WhatsApp chamado ‘Pensamentos Suicidas’, deixou muitos pais em estado de alerta.
A psicóloga Adriana Lemos orienta que os pais tenham maior controle sobre o que os filhos veem na internet, conhecer mais seus amigos e estar atento a qualquer variação no comportamento dos filhos.
O grupo ‘Pensamentos Suicidas’ foi criado em agosto de 2016 e é composto por membros de todos os Estados brasileiros. O grupo possui uma página no Facebook com 5.415 curtidores onde os jovens solicitam para entrar no grupo do WhatsApp. No total, são mais de 30 páginas no Facebook com a mesma intenção.
Na página oficial do grupo, é possível acompanhar as postagens assustadoras e frases depressivas que incentivam os jovens a se automutilarem nos braços, pernas e outras partes do corpo em que eles possam esconder os machucados. Além disso incentivam, posteriormente, ao suicídio.
Também é possível perceber que a maioria dos participantes do grupo são meninas de idade entre 11 a 16 anos. Para esses adolescentes, o ato de automutilar serve para aliviar a dor emocional. Os membros do grupo até orientam, com imagens ilustrativas, como deve ser feito o corte em que são usados estiletes, lápis e lâminas de gilete.
As cenas são impactantes e os comentários dos internautas mais ainda. Alguns confirmam que já fizeram, outros que vão fazer em uma sequência de confissões de pessoas que estão passando por graves problemas psicológicos.
As páginas justificam que a dor do corpo não é nada se comparada a dor espiritual. A prática de automutilação é, segundo os seguidores da página que cometem o ato, viciante.
Em texto publicado no ano de 2012, em um blog, intitulado “Depois do meu primeiro corte”, a autora anônima relata a experiência de automutilação.
“Eu achava que podia limitar o corte para uma área do meu corpo, mas estava errada. Eles se multiplicaram por toda a minha pele. [...] Eu fico tão fora de controle que às vezes sinto medo dos meus próximos cortes, porque eu não sei o quão profundo eles serão. É só esperar por 10 cortes para se transformarem em 100”, trechos do texto.
As páginas destacam que o primeiro corte se torna um vício.
Os pais devem observar mais os filhos. O uso frequente de camisas de mangas longas e muitas pulseiras podem ser sinais da prática do ato, pois ajudam a esconder as marcas.
Para a psicóloga Adriana Lemos, o comportamento dos adolescentes podem indicar que algo está errado. “Se estão agressivos, calados ou tristes, os pais têm que perguntar o que está acontecendo e verificar. Se eles apresentarem qualquer desses sintomas, não se deve culpá-los ou puni-los e sim procurar ser compreensivo para com o problema ou procurar um profissional da área", finaliza.
Fonte: Alinny Maria