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Abuso sexual durante exame médico: o crime é mais comum do que você imagina

Paciente abusada dentro de Clínica em Teresina denunciou médico, mas nada aconteceu até agora

Domingo, 22/01/2017 às 16:01



Foto: Reprodução Abuso sexual praticado em consultório médico é mais comum do que você pensa
Abuso sexual praticado em consultório médico é mais comum do que você pensa

Os casos de mulheres vítimas de abuso sexual durante exames em consultórios médicos em hospitais e clínicas, seja em Teresina e em outras cidades pelo país, são mais comuns do que você pode imaginar. Os relatos das mulheres vítimas de “tarados de jaleco” impressionam pela frieza com que a violência é cometida. Infelizmente, a grande maioria das vítimas prefere continuar calada, tentando conviver com o trauma, a revelar para o parceiro ou denunciar o abuso às autoridades.

Quando a mulher vai á delegacia, o “profissional” acusado do abuso é cercado de regalias, tem a seu favor todas as garantias individuais, como o sigilo da identidade, depoimento sem a presença da imprensa, mesmo ele tenha sido formalmente denunciado através de Boletim de Ocorrência. Bem diferente das pessoas mais humildes, que tem o rosto exibido com ajuda da polícia nos programas policiais do meio-dia e do final da tarde.

O medo do escândalo é o principal argumento da mulher vítima para não denunciar o abusador. Quanto mais humilde é a vitima, maior o medo.

Num episódio que aconteceu em Teresina, a vítima do abuso sexual, ainda trêmula, contou chorando para o namorado que tinha sido tocada "lá", de forma estranha, pelo médico, um renomado ginecologista da capital - dono de hospital e conhecido da própria classe médica por cometer esse tipo de crime. Segundo ela, o sujeito se tocava, enquanto tocava suas partes íntimas.   

Dois dias depois, apesar do constrangimento, da vergonha, a paciente retornou ao consultório, levando os exames. O namorado acompanhou prometendo não fazer nada, já que a vítima garantiu que diria poucas e boas para o médico. A ser questionado sobre a sua atitude, o ginecologista disse que aquilo era rotina, fazia parte do exame. Quando a paciente saía do consultório, o namorado entrou e partiu para cima do médico. Depois vários empurrões, uma enfermeria e um segurança conseguiram liberar o médico, que pedia calma e repetia que "não é isso que você está pensando". A vítima não quis registrar o Boletim de Ocorrência temendo a exposição pública.              

Santa Fé

Não foi o caso de uma paciente, abusada sexualmente esta semana, dentro de uma clinica na zona Norte de Teresina. Depois do abuso, a paciente deixou o consultório chorando, o que revoltou as pessoas que estavam na clínica, gerando uma grande confusão. A família foi à Delegacia da Mulher, no Centro, e denunciou o médico.

“Quando eu entrei na sala e deitei na maca, ele começou a passar a mão nas minhas pernas, sem luva, dizendo pra eu relaxar. Depois tocou lá mesmo, pegando... Ele tava sozinho, sem nenhuma enfermeira. Depois que acabou o exame ele ficou me fazendo perguntas absurdas: quando eu tinha perdido a virgindade, se eu era menor, se foi bom, se sangrou... Eu respondi que aquelas coisas não tinham nada a ver com o exame que eu fui fazer e aí ele parou. Eu saí do consultório com vontade de chorar e nunca tive coragem de contar sobre isso para alguém”, relatou uma das vítimas de abuso do mesmo médico, denunciado ontem (19) na Delegacia da Mulher. 

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Sigilo da imagem

Apesar da várias denúncias de mulheres que teria sido abusadas sexualmente  por um ginecologista em Teresina, a delegada Vilma Alves, da Delegacia de Proteção dos Direitos da Mulher, no Centro de Teresina, não quis divulgar o nome do médico que está sendo investigando. Vilma Alves argumenta que as denúncias precisam ser  averiguadas e o acusado ouvido.

A delegada afirma que é preciso saber se os “toques” fazem parte dos procedimentos médicos ou se são abuso do profissional praticados contras as clientes no momento do exame ginecológico.

Segundo ela, foram várias denúncias, “mas temos que checar”. Não podemos citar nome, não por medo, porque não tenho medo. Também não tenho dúvidas em relação as denúncias das mulheres de que houve abuso sexual, apenas temos que ter a cautela para que a polícia não possa ser processada de forma desnecessária. Por isso, temos que saber mais sobre alguns procedimentos médicos que são feitos durante exames ginecológicos, porque uma coisa é o toque, a outra é apalpar. Temos que ver os critérios, as posições, pois as mulheres que denunciaram falaram em abuso”, argumentou Vilma Alves.

Na denuncia contra ginecologista, as mulheres falam em abuso, não em toque. “Como mulher, sei que uma coisa é um toque profissional, outra coisa é apalpar sexualmente”, acrescentou.

O portal piauihoje.com recomenda: se foi vítima de um desses pervertidos, que se veste de branco para satisfazer suas taras, anote os endereços da Delegacia da Mulher e faça a denúncia. Ao denunciar, você vai evitar que outra mulher seja molestada por esse tarado:

Delegacia de Proteção dos Diretos da Mulher:

Centro
Delegada titular: Maria Vilma Alves da Silva
Rua 24 de Janeiro, 500, Centro-Norte, Teresina.
Telefone: (86) 3222-2323.
Email: deamcentro.te@pc.pi.gov.br

Sudeste
Delegada titular: Alexsandra de Sousa Alves da Silva
Conj. Dirceu Arcoverde (por trás 8º DP), Teresina.
Telefone (86) 3216-1572 DELEGADA: Alexsandra de Sousa Alves da Silva Email: deamsudeste.te@pc.pi.gov.br

Norte
Delegada titular: Cláudia Elisa Ribeiro Pinheiro
Rua Bom Jesus, s/n, Buenos Aires, Teresina
Telefone: (86) 3225-4597
Email: deamnorte.te@pc.pi.gov.br

Fonte: Redação

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