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DIA DOS POVOS ORIGINÁRIOS

Piauí tem 7.400 indígenas que ainda lutam pela posse da terra e direitos humanos

Das 21 comunidades com processo junto ao Interpi, apenas três já receberam suas terras

Cintia Lucas

Quarta - 19/04/2023 às 07:00



Foto: Divulgação Reunião para discussão sobre direitos indígenas
Reunião para discussão sobre direitos indígenas

O Censo de 2022 apontou a existência de 7.400 indígenas no Piauí autodeclarados. Segundo o assessor da SEGOV-SURPI, junto a Superintendência da Igualdade Racial e Povos Originários em Brasília, Roberto John, a principal reivindicação dos indígenas que vivem no estado é a pose de suas terras tituladas em nome das comunidades para uso coletivo.

Das 21 comunidades com processo junto ao Instituto de Terras do Piauí (Interpi), apenas três já receberam suas terras: Serra Grande, em Queimada Nova, as comunidades indígenas de Piripiri e a comunidade Nazaré, em Lagoa do Piauí.

Outras reivindicações reiteradas são a implantação de um Distrito Sanitário indígena no Estado; a instalação de um escritório da Funai e a implantação da Escola de Educação Indígena Bilíngue.

A grande maioria dos indígenas que concluem o ensino fundamental no Piauí tem dificuldade de continuar no ensino médio e superior, pois os pais não possuem recursos financeiros para sustentá-los nas sedes municipais devido às longas distância de suas comunidades e a falta de transporte escolar.  Além disso, não podem pagar hospedagem e alimentação dos filhos nos municípios. Mesmo assim, já existem indígenas com curso superior.

“Por outro lado, com a vitória de Lula e a criação do Ministério dos Povos Originários e com a refundação da FUNAI, praticamente destruída no Governo Bolsonaro, a luta dos indígenas ganha força no Brasil e no Piaui. Devido a essa nova conjuntura, os agentes operadores dos direitos e das políticas públicas para o segmento estão se antecipando com viagens aos Estados para adiantarem processos que foram paralisados na administração federal passada”, disse Roberto John.

Os indígenas no Piauí, hoje, vivem agregados em comunidade com uma certa organização urbana no interior dos municípios vivendo de agricultura familiar e criação de pequenos animais. Em algumas comunidades existe a OCA para a prática de seus rituais. Eventualmente, recebem cestas básicas da Defesa Civil nacional.

Reunião Funai e ICM BIO na Comunidade Indígena Tabajaras de Nazaré, município de Lagoa de São Francisco

EM BRASÍLIA

Segundo o cacique Henrique, na semana passada, nos dias 11 e 12 e abril, os indígenas realizaram, no Museu do Piauí, uma Feira de Artesanato. Também está programada a participação deles no Acampamento Terra Livre, que irá acontecer de 24 a de abril, em Brasília, quando terão audiência no Ministério dos Povos Originários para tratarem de saúde, educação, direitos humanos e Funai.

“Representantes dos povos indígenas do Piauí estarão em Brasília, dia 23, para as comemorações referentes ao Dia dos Povos Indígenas, 19 de abril, data que marca a luta e resistência dos povos originários do país”, disse o cacique.

ETNIAS DO PIAUÍ

As principais etnias presentes no estado são: Kariri, na comunidade Serra Grande e Queimada Nova; Tabajaras, na comunidade de Nazaré em Lagoa do São Francisco e em várias outras comunidades como: Canto da Várzea, Oiticica, Tucuns, e Piripiri; Guegês, na comunidade do Sangue em Uruçuí; Gamelas, em Uruçuí, Baixa Grande do Ribeiro e Bom Jesus; Santa Filomena, Sebastião Leal; Akroâ, comunidade Gamela em Uruçui e Baixa Grande do Ribeiro.

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Cintia Lucas

Cintia Lucas

Cintia Lucas é jornalista formada pela Universidade Federal do Piauí e mestra em Comunicação pela mesma instituição. A coluna vai abordar os bastidores da notícia, com foco em temas de interesse público. Contato: cintialuc1@hotmail.com

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