Olhe Direito!

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COVID

Levanta-se e anda!

Não gostaria de alongar-me além do necessário no relato sobre como uma doença emergente alterou minha vida

Por Alvaro Mota (*)

Quinta - 05/08/2021 às 15:48



Foto: Divulgação Pela Vida
Pela Vida

Após mais de três meses sem ocupar espaço aqui neste Portal Piauihoje.com, vejo-me de volta, ainda ressabiado pelas consequências ou sequelas leves em mim deixadas pela amarga experiência de uma longa internação por acometimento da covid-19. De nada posso reclamar. São somente gratidão a todos os que me cuidaram, me protegeram, torceram e rezaram por mim pronta recuperação. Gratidão deve ser, neste sentido, uma palavra-padrão.

Não gostaria de alongar-me além do necessário no relato sobre como uma doença emergente alterou minha vida – posta em risco, para ser bem claro. Prefiro olhar sob o prisma do milagre da vida, de uma ressurreição coletiva promovida pela ciência, sem o embargo da fé. Sobre fé, aliás, lembro de duas passagens bíblicas que nos permitem contemplar a vida como milagre e dom de Deus.

A primeira dessas passagens, nos três Evangelhos (Mateus, Marcos e Lucas) e também no livro dos Atos dos Apóstolos: Jesus ordena a um homem paralítico que levante e ande. Faz um milagre de cura, porque tem o dom divino da vida. A segunda das passagens, no livro de João, narra a ressurreição por Cristo de Lázaro, morto quatro dias antes de que o milagre da vida fosse operado.

A fé sobre a vida nos permite ler os textos citados por uma série de vieses. Podemos simplesmente ser dogmáticos e crer que o Cristo operou milagres de devolver a mobilidade a um homem prostrado e de fazer com que Lázaro voltasse à vida. Podemos, com nosso olhar de contemporaneidade, olhas para esses milagres como possíveis também pela ciência.

Esse é um ponto fundamental: nem a ciência pode ser embargo à fé, tampouco a fé pode ser embargo à ciência. Graças à ação de médicos e cientistas, movidos também por fé e confiança, por convicções e busca de saber, está-se vencendo uma doença que emergiu de modo tão violento e virulento que alterou regras de vivência em todo o mundo. A evolução científica anterior e posterior ao surgimento dessa doença produziu milagres aos milhões. Puderam-se dizer, ainda que não com as mesmas palavras de Cristo: levanta-se e anda! Muitos que se fizeram moribundos por semanas a fio puderam sair de quase morte, como Lázaro, a quem Cristo ordenou que deixasse a cripta.

O milagre da vida nos relatos bíblicos construiu-se por meio da ciência, sem embargo da fé, ressalte-se. A fé de cada um de nós ajudou-nos a suportar o medo da morte, experimentado até pelo Cristo no Calvário (“Pai, porque me abandonastes?”), foi lenitivo para as nossas famílias, reforçou a confiança em salvação quando nem vacinas contra  essa doença existia.

Quem leu esse texto até aqui haverá de, legitimamente, lembrar-se que muitos foram os que não se conseguiram salvar – ainda que tenham estado cheios de fé. Neste caso, contudo, mais uma vez será preciso guiar-se pela fé. Um versículo bíblico no livro de João sugere que os crentes em Cristo, ainda que mortos viverão e o que seguem vivos nunca morrerão – não no sentido físico. Esse viver representa nossa confiança em que a vida segue vitoriosa, movida por fé e ciência.

(*) Álvaro Fernando da Rocha Mota é advogado, procurador do Estado e ex-Presidente da OAB-PI. É Mestre em Direito pela UFPE e presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

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Álvaro Mota

Álvaro Mota

É advogado, procurador do Estado e mestre em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco - UFPE. Álvaro também é presidente do Instituto dos Advogados Piauienses.

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